sábado, setembro 27, 2008

America Update - Debate. Reacções

Duas ideias rápidas sobre o debate:

Primeira ideia: Pessoalmente acho que foi um debate interessante, sem vencedor claro. A CNN dá Obama triunfante, mas, a sê-lo, foi com uma curta margem. Foi visível que a estratégia de McCain foi de jogar ao ataque, sempre num estilo clássico / institucional (nunca tratou Obama por «Barack», por exemplo, ao contrário do senador do Illinois, que regularmente lhe chamava «John»). Não julgo que Obama se tenha defendido bem dos ataques a que foi sujeito, deixando passar por vezes a ideia de que estaria mal preparado para aquele debate (talvez não esperasse que John McCain fosse tão directo).

Segunda ideia: Não me parece que McCain tenha ganho o debate. Acho que teve bons momentos, especialmente quando atacava Obama, mas penso que perdeu uma boa oportunidade de (1) se distanciar da política externa de Bush, (2) apresentar uma forte ideia sobre o rumo que a economia norte-americana deve seguir e (3) de demonstrar que está bem melhor preparado que Obama para liderar internacionalmente o país. Obama, pelo contrário, procurou (e bem) centrar parte do seu discurso na economia, procurando a conexão com a Main Street (sempre em, contraponto com Wall Street). Do ponto de vista internacional não apresentou grandes novidades ou linhas de ruptura com o geral da política externa americana, mas também não comprometeu.

Veremos o que números dirão nos próximos dias, sendo certo que será muito importante qualquer vantagem retirada da noite de ontem. Esperemos. Entretanto, deixo mais algumas reacções (algumas retiradas do Nuno Gouveia):


Daniel Oliveira, O debate:
1 - O pior momento para tratar assuntos com a complexidade da política externa, onde quem ouve sabe tão pouco e quem fala tem de ter isso em conta, são campanhas eleitorais. Nada passa do básico.
2 - Apesar de discordar de metade do que Obama disse sobre política externa, esta deve ser a campanha em que há diferenças mais profundas entre os candidatos republicano e democrata.
3 - McCain representa uma continuidade quase absoluta da administração de George W. Bush em política internacional (ainda mais do que se poderia prever), Obama está longe de representar uma revolução, mas representa o regresso ao período pré-Bush.

Carlos Santos, A tie? Hardly, se quem ia atrás jogava em casa e não marcou:
É factual, para quem o tiver visto que de facto o tema do debate deve estar entre aspas. Sensivelmente metade do tempo, a primeira metade, foi passada a falar de economia. Na segunda metade falou-se de facto do assunto que levou os candidatos ali. Isto em si mesmo reflecte o que é a prioridade actual dos americanos, e em si mesmo proporcionou uma oportunidade para Obama fazer uma das coisas que fez melhor no debate: mesmo durante a segunda metade, aproveitou todos os pretextos para voltar à economia. Again, it's the economy.

Ricardo Lourenço, A vitória do Maverick:
O senador John McCain tinha uma bigorna presa a cada perna. De um lado a maior crise financeira desde o crash de 1929 (ambos candidatos concordam com a classificação). Do outro, oito anos de política externa republicana (tema do debate), coroados com duas guerras - Afeganistão e Iraque - sem um fim à vista. As expectativas quanto à sua prestação eram, portanto, muito baixas. Mas ao estilo diplomático de Obama, McCain respondeu à boa maneira de um Maverick: figura independente, alternativa, assertiva, arrogante (em dose q.b, claro está!). Agressiva.

Nuno Gouveia, Reacções:
Os candidatos reforçaram as suas anteriores posições, e não acrescentaram nada de novo. E também por isso, as suas bases de apoiantes ficaram satisfeitas. O problema de Mccain é que a sua mensagem parece não convencer os americanos indecisos, como defende Ezra Klein. Outro aspecto relevante é que Obama esteve muito melhor que nas primárias, onde quase sempre foi derrotado por Hillary Clinton. Elevou o nível da sua interpretação, prometendo muito mais para os próximos debates.

Ben Smith:
“The mild consensus in the press file was that McCain won, if not in particularly dramatic fashion. The two insta-polls out — from CBS and CNN — found the opposite: That Obama won by a wide margin. CBS had it 39% to 25% for Obama, CNN 51% to 38%.”

Chuck Todd:
“While there is now a mad scramble to spin who won or who lost, folks ought to step back and realize we saw one of the better “first” presidential debates in this modern era in quite some time.”

Ezra Klein:
“Give McCain this: He did an extremely good stylistic job in an extremely hard situation. I doubt he could have offered a better performance. But the polls suggest that undecideds broke hard for Obama anyway. Which suggests that McCain’s problem is what he’s saying, not how he’s saying it.”

James Fallows:
“This is distinctly strange — if anyone else notices. Obama is acting as if this is a conversation; McCain, as if he cannot acknowledge the other party in the discussion.”

Marc Ambinder:
“No memorable moments. Fascinating body language. No major gaffes by either candidates. No major surprises.

Kevin Drum:
“Am I off base, or was this one of the most soporific presidential debates in a while? Frankly, I didn’t think either one of them did very well. There was way too much rambling, and way too few sharp points. Overall, McCain was more lively than Obama, but if the point of the debate was for Obama to show that he could hold his own on national security, then count it a win for Obama. I wouldn’t call him a big winner, but he certainly did at least as well as McCain, and that might have been all he needed.”

Craig Crawford:
“In reality, McCain narrowly won this debate. In the more important contest for expectations-based perceptions, Obama eked ahead.”

Markos Moulitsas:
“I’ve been pondering those snap polls, both of which showed Obama winning tonight’s debate handily. I just never would’ve predicted that. In fact, I’ve given up trying to predict how the public will react to certain things. Remember McCain’s acceptance speech at the RNC convention? I thought it was dreadful, but polling suggested people loved it.”

O debate pode ser (re)visto na integra aqui

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