segunda-feira, julho 14, 2008

Ops!


Via Luis Novaes Tito, na A barbearia do senhor Luís, primeiro, e depois em toda a comunicação social, depois, soube da existência de (mais) um projecto editorial de esquerda. Este chama-se ops! – Revista de opinião socialista.
Nada tenho a opor à iniciativa, que destaco (quanto mais e melhor reflexão à esquerda mais soluções podem, eventualmente, ser encontradas) mas não posso deixar de manifestar a minha desconfiança em projectos que mais se assemelham a quimeras pessoais do que a projectos colectivos de intervenção estratégica. Falta, à esquerda, a capacidade de pensar colectivamente a política e, em conjunto, delinear o futuro. Pelo contrário, abusa-se de projectos demasiado coladas às personas das suas figuras de topo.
Espero, sinceramente, me enganar acerca deste novo projecto, e espero que ele consiga, rapidamente, sair da tutela de Manuel Alegre. Enquanto se entender esta revista como «a do Alegre» acho, sinceramente, que será um contributo de interesse (até porque as pessoas envolvidas são de qualidade) mas sem operacionalidade prática. Até porque se poria sempre em causa onde operacionalizar a política proposta (no PS? No BE? Em Movimentos de Cidadãos? Ou numa plataforma pré-presidencial?)
(Não entendam nestas palavras, por favor, que quero impedir o senhor Manuel Alegre de escrever ou opinar livremente onde quiser, muito pelo contrário, ele tem toda a liberdade de agir politica e intelectualmente como entender. Não me acusem de lhe querer limitar a liberdade).
Deixo a notícia do lançamento da revista, segundo o LNT:
Manuel Alegre e a Corrente de Opinião Socialista em Lisboa lançam dia 14, segunda-feira, no Hotel Altis, às 18H30, a ops! – Revista de opinião socialista –, com o primeiro número dedicado ao tema Trabalho e Sindicalismo.
A apresentação da revista inclui a realização de um debate sobre Trabalho e Sindicalismo, com Manuel Alegre, Manuel Carvalho da Silva, João Correia e José Leitão, com moderação de Elísio Estanque.
A
ops! é uma revista online de periodicidade bimensal. Cada número é dedicado a um tema diferente e com um responsável editorial convidado, com plenos poderes para endereçar convites a académicos e especialistas na matéria, incluindo pessoas que não sejam filiados no PS ou membros da Corrente de Opinião Socialista, bem como independentes ou filiados em outros partidos. A revista conta com Manuel Alegre no corpo editorial permanente.
Neste número, a actualidade da reforma do código do trabalho, a crescente conflitualidade social e o papel do sindicalismo pontificam o dossiê editado por Elísio Estanque, tendo como convidados André Freire, Ana Paula Marques, Patrícia Jerónimo, entre outros. A revista inclui ainda uma extensa entrevista com Manuel Carvalho da Silva, sobre o processo negocial do código do trabalho e as dificuldades do sindicalismo em Portugal.
Para Manuel Alegre, a esquerda em Portugal e na Europa atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história. A
ops! será um móbil de resistência e de divulgação, com vista ao debate de novas soluções para a esquerda e o socialismo em Portugal.
Escrevem neste número Manuel Alegre, Nuno David, Ana Paula Marques, André Freire, Elísio Estanque, Francisco Alegre Duarte, Hermes Augusto Costa, Hugo Dias, Jorge Bateira, Jorge Martins, Luís Novaes Tito, Manuela Neto, Maria José Gama, Patrícia Jerónimo, Pedro Tito Morais e Sérgio Pessoa.

3 comentários:

Vera Santana disse...

As esquerdas pensam o trabalho e o sindicalismo. Repensam-se. Acho muito bem. Tal como as sociologias. Porque o mundo mudou. O emprego "virou" trabalho e ausência dele, os sindicatos, tal como nas actividades económicas, feminizam-se a custo, contra muitas forças estabelecidas, as mulheres ganham, globalmente, menos do que os homens.

Vera Santana disse...

... interrompi sem querer.
As migrações têm novas formas e novos fluxos, outros postos de trabalho, as famílias adquirem novos formatos, práticas diversas, divisões do trabalho social - pago / não-pago, antes designado não-doméstico / doméstico - perspectivadas de ângulos múltiplos, a democracia quer(ia)-se mais participativa.
Bom seria reflectir conjuntamente sobre as esquerdas, as sociologias e os feminismos.

Luís Novaes Tito disse...

Caro Zé,
Tens razão quando dizes que são projectos pessoais. Faltou dizer que são pessoais de muitas pessoas, desconfio que, de cada vez mais pessoas.

Mas ainda não é o tempo dos balanços. Para já foi uma excelente sessão em que foi possível por de lado as fatiotas partidárias para discutir sem complexos o que muitas vezes os perconceitos não deixam discutir.

Estamos todos inteiros. Como sempre acontece com quem sabe o que quer mas não deixa de ouvir, não perdemos pedaço.

Depois de melhor reflexão virá melhor conversa.

Um abraço

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