O fenómeno da crise alimentar gerou o nome, duvidoso q.b., que identifica uma situação, para que alguns já tinham chamado à atenção, para as discrepâncias entre as necessidades de bens alimentares essenciais, no fluxo export-import, gerando os aumentos exponenciais dos mesmos ao ritmo elevado a que temos assistido. A escassez do arroz é apenas a face mais reconhecida actualmente nesta crise, com suspensões da exportação do bem pelos EUA, Brasil, e uma larga franja de países asiáticos produtores em larga escala. Também nos mercados financeiros se espelha esta situação, com os contratos de futuros sobre mercadorias agrícolas a registarem recordes de crescimento desde 2007 (pelas expectativas de aumento do preço das mesmas).
Portugal, como "player" universal deste mundo global, não está imune, naturalmente. Temos um défice de bens alimentares na balança agro-alimentar dos mais elevados em nível percentual dentro da UE, factor a que não pode ser alheio o detrimento do sector primário e do secundário (indústria) relativamente ao terciário (serviços) nas últimas décadas.
E se no passado, David Ricardo (século XVIII) com a sua Teoria do Comércio Internacional, formulou o Princípio da Vantagem Comparativa, em que cada país apenas se devia especializar nos produtos em que detêm vantagem comparativa, exportando aqueles com menores custos de produção e importando outros com menores encargos quando produzidos no exterior, a situação actual, apesar de necessariamente diferente, demonstra as valências da UE, que está a "tomar medidas para uma maior disponibilidade de cereais, ao proibir subsídios á exportação, ao liberalizar as importações, e ao permitir semear em terrenos de pousio".
Palavras do Ministro da Agricultura, Jaime Silva, que está a enfrentar o momento mais delicado do seu mandato, e que vai exigir mais de si. Nesta fase, impõe-se clarividência e esclarecimento, transmitir palavras de acalmia, antes que haja aproveitamento político por parte da oposição e/ou empolamento de uma situação (pelos media), que em Portugal, pelo menos para já, não justifica preocupações desmesuradas.
Por enquanto, teve uma intervenção de alto nível ao relembrar a importância da agricultura na economia, deixando a crítica para os arautos da desgraça que a relegaram para uma suposta irrelevância nos contributos para a economia. Gostaria de lhe deixar o meu apoio nas batalhas que se avizinham.
Posted by Ricardo Fresco in PS Belem
1 comentário:
o link para o PS Belem está mal
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