segunda-feira, março 10, 2008

Zapatero, Rajoy y España


Em Espanha Zapatero - e o PSOE - renovaram a legitimidade eleitoral e terão mais 4 anos de Governo. Foram umas eleições marcadas pela crescente polarização política entre o PSOE e o PP, que juntos obtiveram quase 85% dos votos (e 92% dos deputados); penalizando os pequenos partidos.
Para o PSOE foi uma importante vitória, não só porque ganha com uma distância de cerca de 900 mil votos, mas porque o faz num cenário de crescimento do PP (mais 400 mil votos que em 2004). No entanto, Zapatero não alcança a desejada maioria absoluta, não podendo assim cantar vitória de pulmão cheio (especialmente se analisarmos os resultados por províncias). Rajoy obtém um interessante resultado para o PP, também canta vitória… mas não irá formar governo. Resta saber como analizará o Partido Popular este resultado para saber se Rajoy será, ou não, o futuro líder da oposição. É que, apesar do crescimento eleitoral, é a segunda derrota perante Zapa. Duvido que terá a terceira oportunidade (mais a mais quando a direita espanhola tem sabido produzir novos protagonistas, nunca nos esquecendo de um possível retorno de Aznar…).
No país, o PSOE ganha a Andaluzia (apesar ter perdido votos e deputados para o PP quando comparado com 2004), Barcelona e a zona circundante (Zaragoza, Huesca, Teruel, Lleida, Terragona, e Girona). No Norte ganha no Pais Basco (Vizcais, Alava, Guipúzcoa) e as astúrias e Leao. Ganha também as ilhas.
O PP ganha todo o centro (Castilha la Mancha), a Galiza e a costa Valenciana (Valência, Múrcia, Almeria, Castelón). Ganha ainda Madrid e (quase) todo o Norte (La Rioja, Navarra, Burgos, Valladolid, etc).
Uma análise mais cuidada verifica que o PSOE apenas sobe o seu número de eleitos na Catalunha e nos círculos que em 2008 elegem mais deputados (ver os exemplos de Zaragoza e Terragona) e que os 16 deputados que consegue de vantagem em relação ao PP são quase exclusivamente conquistados na Cataunha. O número total de províncias (e círculos eleitorais) dá ao PP uma vantagem de 28-24.
O PP tem, na verdade, um excelente resultado. Mantém e aumenta o seu peso eleitoral em Madrid e na Espanha central (a Meseta), na zona de valência e na Galiza; e penetra no bastião socialista da Andaluzia (onde elege mais deputados que em 2004). Faltou-lhe a Catalunha (e o Pais Basco, mas este sem peso eleitoral).
Em Madrid e Barcelona a correlação de forças mantém-se. Em Barcelona o PSOE elege mesmo mais 2 deputados que em 2004, mantendo o PP os seus 5 eleitos. Em Madrid o PSOE perde cerca de 177 mil votos, e um deputado para o PP (o score altera-se de 17-16 em 2004 para 18-15 em 2008).
É necessário ter ainda em consideração que o sistema eleitoral espanhol tem algumas características que ajudam a explicar os resultados. Ele é constituído por 52 circulos eleitorais, a maioria plurinominais, que variam de 1 deputado (Ceuta e Melila), aos 35 de Madrid e 31 de Barcelona. Acima dos 10 deputados encontramos apenas Alicante, Múrcia, Málaga, Sevilha e Valência. A grande maioria dos círculos tem, entre 3 e 7 eleitos. Isto explica, em parte, a bipartidarização, uma vez que na maioria dos círculos eleitorais apenas o PSOE e o PP conseguem eleger.
A má notícia destas eleições é a bipartidarização que produziu. O sistema e a realidade política e social espanhola necessitam que a sua pluralidade politica esteja bem representada no Congresso dos Deputados, o que não irá acontecer nesta legislatura.
A vida política espanhola não irá tranquilizar-se com este resultado, pelo contrário. Esperam-nos quatro anos muito intensos (mais a mais quando o PP mantém o controlo do Senado, apesar de alguns ganhos do PSOE).
Para nós, Portugal e Europa, resta-nos continuar a aprender com o exemplo reformista espanhol e procurar transportar para os nossos discursos internos algumas das propostas sociais que nuestros hermanos têm conseguido implementar.

[ver os resultados totais aqui e aqui]

1 comentário:

Pedro Cardoso disse...

"Líder do PP vai preparar equipa para ganhar em 2012

Rajoy vai continuar à frente do PP apesar da derrota de domingo

11.03.2008 - 17h43 PÚBLICO

Acabou a incerteza quanto ao futuro de Mariano Rajoy. O líder da direita espanhola, que perdeu as legislativas de domingo, será outra vez candidato à presidência do Partido Popular (PP), decisão que será assumida oficialmente num congresso do partido que terá lugar em Junho, de acordo com a edição online do jornal espanhol “El Mundo”.

O anúncio foi muito bem recebido pelo Comité Executivo Nacional do partido, que sabe ter pela frente quatro difíceis anos de oposição. A maioria dos membros, à saída de uma reunião do Comité, disse mesmo que Rajoy tinha tomado “a decisão mais acertada”."

Uma realidade política bem diferente da portuguesa.

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