quarta-feira, julho 04, 2007

"Mãos ao alto, a Chueca é um assalto!"



Parece que em Madrid foi bem mais concorrido, a «Europride».
Excelente texto do Sérgio Vitorino, numa reflexão bem conseguida entre uma visão pessoal, activista e política.
Excelentes reflexões e críticas de quem vive o movimento LGBT como poucos. De imperdível leitura.
Um excerto:
Eurocirco?
O Europride em si é o exemplo máximo deste estado de coisas: com quase nada de política ou reivindicação, parece uma ode ao dinheiro e ao consumo e à confusão instalada entre emancipação e capacidade de consumir, uma catedral de corpos masculinos (eles rendem sempre mais dinheiro do que elas), todos iguais, musculados pelos mesmos ginásios, como se talhados a plástico e produtos de beleza para parecerem qualquer coisa como "verdadeiros gays", com o comércio a definir identidades em vez das pessoas, como se o "gay" se definisse pelo que veste e consome. Enormes camiões TIR de todo o tipo de marcas e projectos comerciais, todo o tipo de multinacionais vestidas de arco-írios e transfiguradas em "amigas" dos gays, o camião do google a perguntar se já comprámos o nosso não-sei-o-quê, a Coca-cola a dizer-nos que os gays é aquilo que bebem (ou então não são gays?), numa espécie de mundo rosa em que supostamente já não há discriminação, mas tudo se compra e vende (até o direito a ser-se gay) e se conclui que quem não compra não ganhou ainda o direito à não-discriminação. Um circo? Foi a melhor palavra que nos ocorreu: um grande, grande circo.
[PS. Neste fim de semana, dia 7, é o Arraial do Porto]

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