Caro Carlos,
Desafio aceite. Como imaginas, uma intensa vida académica não se coaduna com uma regular leitura de «material» que não seja científico. Como imaginas, não sou muito romanceiro ou sorvedor de literatura de cordel.
Apenas algumas referências de obras que me marcaram, de uma forma ou de outra.
1. A Arte e a Revolução, de Richard Wagner, onde o génio Alemão expõe a sua teoria, totalitária, de como a Arte pode ser o catalizador da revolução, da mudança social, da consciencialização política. Depois de o escrever procurará por as suas ideias em prática, e são estas ideias que estão por detrás da grande Ópera do «Anel dos Nibelungos».
2. Portugal século XX (1890-1976). Pensamento e acção política, do Fernando Rosas. É um livro diferente. Apesar de ser escrito por um historiador engajado, e nota-se, é um estilo de ensaio histórico poucas vezes tentado e com poucos bons exemplos. Não é apenas um livro de história. É muito mais. É a visão da contemporaneidade portuguesa pelos olhos de um dos seus mais atentos observadores. Muito bom. Recorro a ele amiúde. Gostava que mais «observadores» produzissem ensaios destes.
3. As Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino é um pequeno livro de sonhos, de pequenas utopias, de desejos e sensações. Gosto de o reler frequentemente. Viajo muito nele.
4. Da República, Fernando Pessoa, é um conjunto de escritos de Fernando Pessoa, compilados por Joel Serrão, que expõe uma vertente mais política e interventiva do grande poeta lisboeta
1984, George Orwell, dispensa apresentações. É a anti-utopia. O lado negro da força da política. É o que podemos ser.
5. O Príncipe, Nicolau Maquiavel, autêntico manual de ciência política, peça essencial para quem quer, hoje, olhar o mundo. Moderníssimo.
6. Utopia, Thomas More, para completar o ramalhete da construção imaginada. Quem, como eu, estuda e vive a política é facilmente atraído pelo desejo de construção do resultado final perfeito, pela utopia. Só isso faz sentido para quem tem um sentido de dever público, um sentido de estar na política na lógica do Outro e não do Próprio. É isso que são as utopias. Mundos perfeitos onde a política não existe. Não precisa.
Agora, passo a bola ao Pedro Delgado Alves, o Pedro Nuno Santos, o Sérgio Vitorino, o Daniel Oliveira, a Palmira Silva, à Marta Rebelo e ao Medeiros Ferreira. Imagino que as suas recomendações sejam bem mais interessantes...
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