A VER A OPA A PASSAR?
Quem se lembra do filme «Wall Street» poderá ter uma ideia do que se passa no mundo da Bolsa e neste caso da OPA à PT em particular.
Uma jogada do Passado
Após a fusão da Telecom Portugal (TP) com os TLP, o governo do Cavaquistão iniciou o processo da privatização. A nova empresa (PT) tinha sido avaliada à nascença por um consórcio internacional por 1,2 mil milhões de contos em 1994.
Iniciado o processo de privatização, o governo nomeou uma comissão avaliadora onde se incluía o BES e que determinou o valor total da PT para ser lançado no mercado de 600 milhões de euros. 50% menos, é obra!
E isto foi um escândalo na época, relatado nos jornais, como é que uma entidade avaliadora podia ser depois compradora também. Com isto, o governo de então fez que o Povo Português subsidiasse a fundo perdido com centenas de milhões de contos todos os compradores, tanto na Bolsa de Lisboa como nas de Nova Iorque e Londres. O Estado foi roubado!
Foi também o tempo das ilusões para os pequenos accionistas que ganharam algum dinheiro e acreditaram no disco governamental de então de “capitalismo popular”. Esfumou-se rapidamente.
A Jogada de agora
Se recordámos o que se passou há cerca de 12 anos, é para reflectirmos sobre a actualidade, nomeadamente o caso da OPA presente.
O governo Sócrates «vai pensar» e aguarda a assembleia de accionistas, diz, porque «as regras do mercado estão a funcionar».
Poderia dizer outra coisa agora?
Só “engole” esta quem quer.
Podia lá ser, um negócio deste tipo e tamanho (14 mil milhões de euros) não estar estudado, programado e combinado com o Governo Português, que detém as 500 acções de ouro (“Golden Share”) que podem vetar o negócio da sua vida, ainda por cima vindo da parte de um empresário “apartidário” que sempre tanto tem ajudado os partidos dos governos e que confia agora ainda mais em Sócrates em particular?
Necessariamente, que o governo vai esperar para ver como reage a oposição (BES, Telefónica e outros) e ver “o clima político” para poder ou não aceitar o combinado e preparado há muitos meses atrás e para o que contou com a má gestão da actual Administração da PT.
A “festa” da comunicação social
Como se vê pela comunicação social, “a festa” que vai pelos “especialistas” e “espertos” bem pagos a “botar faladura” sobre os “méritos” da operação bolsista, são já às dezenas e todas convergem numa coisa, o Povo Português e os trabalhadores da PT, assim como as suas organizações representativas, CT e Sindicatos, os milhões de clientes parecem arredados de tudo, apenas reservados ao papel de espectadores para «Ver a Banda Passar».
Vai haver contra-OPA? Não vai? Gritam sorridentes os “especialistas” ou “voz do dono”, pagos pelos donos do “festim”. Veja-se a censura férrea que todos fazem a quem está dentro do assunto e não alinha com eles. Foi o que aconteceu no programa dos PRÓS da RTP. Dos 6 convidados, 5 pareciam a voz do sr.Azevedo.
O que é importante para eles?
Por exemplo, já sabemos pelos jornais, que o pai do sr.Azevedo era carpinteiro e a mãe modista, o homem trabalha 10 horas por dia, mesmo quando não está a fazer nada, contos de fada que fazem comover alguns corações, história igualzinha à de tantos milionários de negócios normalmente pouco claros.
Além disso, dizem os “especialistas”, trata-se de um grande grupo português, mesmo que para isso seja preciso “nacionalizar” o grupo francês ligado à Distribuição (Continente), a France Telecom e o dinheiro do financiador Banco Santander, o que é muito “patriótico”.
Afinal quem perde?
O emprego para milhares, o fundo de pensões, a PT-ACS (saúde), o AE, a estratégia nacional do sector, o desfazer do grupo PT e a sua venda a retalho para obter mais valias de muitos milhões, a concorrência, o ainda serviço social existente de telecomunicações, a I&D nacional (Centro de Estudos de Telecomunicações), etc, tudo isto está posto em causa nesta operação.
E claro, nesta altura em que tudo ainda se desenrola sem certezas, “as garras” ainda estão encolhidas até ao negócio se fechar, com OPA ou contra-OPA.
Porque que é que isto aparece?
A média europeia do PIB (produto interno bruto) entregue a quem o realiza, os trabalhadores, é 51%. Em Portugal é 40% (estatísticas da UE)
. Pois, 60% vai para os bolsos de pessoas como o sr.Azevedo.
O chamado neo-liberalismo ou capitalismo selvagem que os sucessivos governos, têm aplicado ao País há 30 anos e que em períodos eleitorais negam ou dizem combater, conseguiram levá-lo aos poucos, primeiro para o último dos 15 da UE e depois da entrada de mais 10 países, a curto prazo de ser o último dos 25 da UE.
Em que bolsos param os milhares de milhão de euros que a UE entregou a Portugal desde 1986?
Para isso, Portugal contou com homens como o sr.Azevedo, empresário bem cotado entre os 300 melhores milionários do mundo para o que precisa de operações como esta de desfazer a PT, para a venda ao retalho a quem der mais, como já disse. Nem um tostão o sr.Azevedo vai arriscar do bolso dele.
É por isso que esta operação relembra a acção do filme «Wall Street», onde homens virados para jogadas milionárias da Bolsa, podem comprar empresas, desfazê-las, revendê-las aos pedaços ou mesmo fechá-las para diminuir a concorrência de outras, completamente indiferentes, ao povo, aos trabalhadores, às famílias e a tudo o mais que não seja o seu lucro imediato.
E as 500 acções de ouro e a consequente blindagem dos estatutos da empresa, uma das defesas contra a destruição da PT, dependem neste momento de um governo escolhido por muitos portugueses pelas abundantes promessas que realizou.
Não te deixes ficar «A VER A BANDA PASSAR»!
Sem comentários:
Enviar um comentário