terça-feira, junho 09, 2009

People First?

A Europa está mais conservadora. Conserva modos de estar na vida, conserva modos de fazer política - dando espaço às forças económicas - e conserva a União Europeia. O PPE - Partido Popular Europeu – mantém a maioria, apoiado por maiorias conservadores na governação de 21 dos 27 países europeus.

As esquerdas tradicionais não marxistas - Partidos Socialistas, Trabalhistas e Sociais Democratas – perdem lugares no Parlamento Europeu. Mais do que constituirem-se como força reguladora das forças económicas, estes partidos de esquerda serão, hoje, sobretudo motores para institucionalizar novos modos de estar na vida, legitimando a plena existência destes ao lado de modos tradicionais de estar na vida?

O extremo direito do leque partidário – a direita da direita – estendeu-se para além das ideologias democráticas (os extremistas de direita) e foi premiado com um maior número de deputados eleitos para o Parlamento Europeu, nomeadamente pela mão de um povo educado, “tolerante”, rico e civilizado, os abertos holandeses. Chegada a um máximo de vivências plurais e de amplas liberdades, a sociedade holandesa privilegia agora outras vias? Como se houvera uma mão invisível - não económica mas social - a travar alguma tendência para situações sociais de anomia? Como se a sociedade fosse ela mesma pensante, au-delá dos pensamentos dos grupos e dos indivíduos? Esta perspectiva durkheimiana sobre o social interroga fortemente os construtivismos explicativos das transformações sociais.

Os Verdes mantêm um significativo número de deputados no Parlamento Europeu. Situados no espectro esquerdo do hemiciclo europeu, poderão ter um bom efeito doseador sobre uma economia liberal se, nesta grande orquestra que é o PE, tocarem em harmonia com o PSE e outros partidos.

Constituirá este quadro uma saída europeia para a crise internacional?

A sê-lo, será uma saída que, por um lado, se traduzirá num filme slow-motion ainda mais lento, a ter lugar no Parlamento Europeu - porque mais variado parece ser o leque e, dentro de naipes não-maioritários, maior o número de instrumentistas - e, por outro lado, continuará a trazer, nos próximos tempos, grandes dificuldades aos estratos sociais mais frágeis dos países europeus.

Deixo mais algumas interrogações: que factores levaram os europeus a preferirem o liberal (em termos económicos) Partido Popular Europeu - PPE, num momento de crise internacional que desvendou à outrance a urgência de regulação sobre o liberalismo económico (regulação que reside, tradicionalmente, nas mãos do PSE e não do PPE)? Como vai a Europa tratar do desemprego e dos desempregados, da saúde e dos doentes, da pobreza e dos pobres?

A Europa optou por "People after economic solutions"? People later...

Nos próximos 5 anos, as respostas a estas interrogações serão socialmente visíveis. Para já, fico a aguardar ansiosamente comentários, de cariz mais político do que este, por parte dos meus camaradas de blog e outros.

7 comentários:

Afonso disse...

O eleitor quando vota não gosta de ser enganado, votar à esquerda e depois efectuarem politicas de direita não dá, para isso votam logo na direita e já não se iludem.

Vera Santana disse...

Qual ELEITOR? O de esquerda, o de direita . . . ?!

Se o seu ELEITOR for o eleitor de esquerda é estranho que vote direita em 2009.

Se o seu ELEITOR for o eleitor de direita por que carga de água teria votado esquerda em 2004?

Unknown disse...

Afonso,

Alargue as suas vistas. A Vera falou da composição do Parlamento Europeu... à mais Europa para lá de Elvas!

Pedro Cardoso disse...

Foi a vitória do "capitalism first".

Razões são inúmeras e variam de país para país.

Aqui em Portugal governamentalizou-se demasiado o debate, o Sócrates apareceu demasiado, muita crítica nos discursos (na minha opinião leva a um afastamento dos eleitores), o Rangel "entrou" no eleitorado de centro... mas a esquerda no seu conjunto continua forte...

Temos combate para os próximos 5 anos. E é começar a trabalhar desde já para que o "capitalism first" não seja uma realidade.

Afonso disse...

Sr Rui

E eu a pensar que a Europa acabava em Elvas.

O que quero dizer é que, queiram ou não, o eleitor quer de esquerda quer de direita, em suma o eleitor, votou nas Europeias com o olho naquilo que aqui se passa, ou seja, votou para penalizar o PS pelas politicas de direita, basta ver o que se passou na campanha eleitoral, tirando raríssimas excepções não se falou de politica europeia, a maioria do eleitorado vota para penalizar ou premiar os partidos e ponto final, o eleitorado fiel votou PS, cerca de 950 mil eleitores os outros que poderiam ser capitalizados, ou que foram capitalizados em 2005 votaram à esquerda e à direita.

Unknown disse...

Sr. Afonso,

Continua sem ler o que foi escrito. A Vera falou dos resultados europeus por toda a Europa, e o sr. insiste em falar somente de Portugal. Tudo bem...

Vera Santana disse...

Rui,

É a nova/velha esquerda nacionalista-marxista a falar para o seu satisfeito umbigo. (o marxismo é internacionalista, dizes tu? olha vai lá dizer-lhes isso . . . ). Europa? Querem lá saber! Dialéctica? . . . pfffff. . .

Sabes a razão deste nombrilismo? É que o ódio ao PS mantém vivos os gajos, por estar no centrinho das suas emoções. Sempre que o PS vai para a oposição eles murcham. Quando o PS é poder, eles marcham.

Coligações com o PS não gostam lá muito (só aqui e ali) porque nem marcham nem murcham . . .

Mas don´t worry; nos próximos dias o Afonso A. não vai falar. Foi de fim-de-semana.

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