Este é o tema da crónica de Wolfgang Proissl no FT Deutschland de ontem (via Eurointelligence). A razão é simples: ao não terem um candidato que concorresse contra Durão Barroso para Presidente da Comissão, os partidos socialistas impediram a realização duma verdadeira campanha sobre assuntos europeus. Para quê discutir as diferentes visões que os vários partidos europeus possam a vir a ter sobre a Europa, se os principais partidos estão unidos no apoio às actuais políticas liderados por Barroso?
Até se pode perguntar se não será um embuste dizer que o Partido Socialista Europeu defende ideias diferentes dos Populares. Isto seria a mesma coisa que o PSD e o PS dizerem que tem ideias opostas para a governação do país, e depois Manuela Ferreira Leite vir dizer que apoia a continuação de Sócrates como Primeiro-Ministro!
Foi este o grande contributo que Zapateiro, Brown, e Sócrates, juntamente com as "mentes brilhantes" do SPD alemão, deram para o debate europeu. Ou melhor, para a inexistência dum debate europeu. Isso era uma coisa muito complicada. Obrigava os socialistas europeus a terem ideias, a discuti-las e a defende-las. E isso é uma maçada. E podia interferir com os pratos de lentilhas que a malta vai ter (vide exemplo dos rumores sobre Martin Schulz e o cargo de comissário que ele ambiciona).
E nós aqui, à beira-mar plantados, sempre podemos dizer que continuamos a ter um português num dos cargos mais importantes do mundo. E isso será propagandeado como uma grande vitória do governo.
Porreiro pá!
2 comentários:
É verdade que a apresentação de um candidato próprio antecipadamente podia clarificar as escolhas e o debate, no entanto parece-me incorrecto dizer que "os partidos socialistas impediram a realização duma verdadeira campanha sobre assuntos europeus".
Estas eleições europeias acabam por ser uma desilusão porque se centraram mais nas questões nacionais do que propriamente em questões europeias, apesar do bom começo (não esquecer o manifesto comum do PSE)...
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