And the dreamers? Ah, the dreamers! They were and they are the true realists, we owe them the best ideas and the foundations of modern Europe(...). The first President of that Commission, Walter Hallstein, a German, said: "The abolition of the nation is the European idea!" - a phrase that dare today's President of the Commission, nor the current German Chancellor would speak out. And yet: this is the truth. Ulrike Guérot & Robert Menasse
quarta-feira, agosto 18, 2010
Wassyla Tamzali, "Une femme en colère"
Dada a actualidade do tema (tantas mulheres, e alguns homens, estão a ser castigados, no mundo islâmico, simplesmente por amarem; uma delas é Sakineh) publiquei a entrevista ontem, no FB. Alguém me perguntou:
- O que é ser de esquerda, hoje?
A minha resposta:
- É isso mesmo que nos construíu - a modernidade - e que Wassyla aborda: é ter um pensamento crítico, nomeadamente sobre a fé e as religiões, é ser indivíduo autónomo e que (se) escolhe e constrói, que não abdica da defesa dos direitos humanos universais, que recusa ser etiquetado ou etiquetar apenas a partir de pertenças comunitárias, que não atira para debaixo do tapete os atentados a qualquer direito universal, justificando-os sob o manto da tolerância (palavra detestável) entre culturas, que se indigna com as injustiças sociais.
A pergunta é pertinente, pois as bandeiras, as etiquetas e os particularismos são perigosos pois abafam o universal. E ser de esquerda é um "label", of course.
No que à entrevista de Wassyla diz respeito, é relevante o facto de ela ser de esquerda e de criticar a atitude de uma certa esquerda para com as mulheres do Islão. Trata-se de uma mulher de esquerda e argelina que ataca simutaneamente os poderes argelinos islâmicos e a "esquerda com uma praxis universal" que, na Europa, enxota o universal e o substitui pelo "discurso da tolerância" que permite o cumprimento de graves injustiças sociais, tais como a condenação à morte de mulheres muçulmanas "adúlteras".
Porque sou de uma esquerda que não troca os Direitos Humanos Universais por um passo supostamente táctico ou estratégico a encurtar o caminho para um socialismo de tipo soviético, porque sou de uma esquerda que tem defendido à outrance os direitos dos indivíduos, aqui fica esta grande entrevista de Wassyla Tamzali. Há outras no youtube.
Etiquetas:
absolutismos,
carta europeia dos direitos das mulheres,
Direitos Humanos,
Feminismo,
islão,
Sakineh,
ser de esquerda,
Wassyla Tamzali
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
Não esquecer que a Carta dos Direitos Humanos é uma criação Ocidental, fruto da cultura, história e valores do Ocidente.
Apesar de ser um sério defensor das conquistas que, através de muita luta e sofrimento, obtivemos nas democracias ocidentais, tenho consciência que os "nossos valores" podem não ser universais.
Não existe uma "verdade universal" nem sequer valores do bem supremo, existe sim culturas, valores diferentes e também diferentes modos de viver em liberdade - provavelmente é o meu ateísmo que me faz pensar assim. Pena é que nem todos os que vivem em sociedades que não se regem pelos nossos valores tenham a liberdade de os poder seguir, mas também temos de pensar que muitos os seguem por opção e não obrigação.
Claro que é uma criação ocidental. E a resistência iraniana parece ter adoptado essa criação. Por que será? Os direitos de Liberdade, de livre escolha religiosa, de direito à vida são percepcionados, pelos iranianos não radicais, como direitos universalizantes.
O Irão já foi mais "ocidental", é bom não esquecer...
Exacto, Rui, o Irão já foi mais ocidental, nos direitos humanos, nos hábitos, nos costumes, na separação de poderes, nas instituições. Os poderes políticos e religiosos des-ocidentalizaram-se e uma grande parte da sociedade - as instituições políticas, religiosas, educativas, familiares e simbólicas - adoptou os ensinamentos dos chefes religiosos; a consequência foi a edificação de um Estado absolutista e teocrático.
No entanto, há uma Resistência Iraniana que, professando ou não a religião islâmica, defende com unhas e dentes o direito à vida, o direito à liberdade de escolha religiosa, o direito a uma justiça separada da instituição de poder religioso, o direito a uma educação livremente escolhida, o direito de cidadania de homens e mulheres, o direito à livre escolha no casamento. Este conjunto de direitos inspira-se nos valores democráticos e de liberdade longa e duramente (quantas guerras! quantos mortos!) conquistados pela Europa e pelos Estados Unidos.
Os e as Iranianos Resistentes precisam de nós, europeus e outros. No mínimo, sinto a obrigação de lhes dizer "sono qua!".
Enviar um comentário