quinta-feira, agosto 14, 2008

AME E DÊ VEXAME

Adoro esta frase. Cumpri-a com fervor, devoção, aplicação e repetição, ao longo da vida. É de Roberto Freire, escritor e terapeuta brasileiro recentemente falecido. Só este ano conheci a frase, ao contrário dos seus significados. Por esta Lisboa fora, co-protagonizei teatros de amor e paixão, desde as Escadinhas da Bica até às Avenidas Novas. Vergonha? De quê? Nem de chorar se deve ter vergonha, tal como de rir alto e bom som, a bandeiras despregadas. Desde que se mantenha, claro está, um sentido estético que deve acompanhar-nos quotidianamente, para fazermos, no dia-a-dia, de cada dia, uma obra de arte. Ou, pelo menos, uma peça artesanal ...

Sou europeia e europeísta convicta. Aprecio o civismo que observo e vivo por essa Europa fora. Desejo que a Nova Europa seja capaz de integrar, ao lado das racionalidades do Norte europeu, descendentes do protestantismo - e que fazem andar o Mundo e funcionar as Sociedades - algumas irracionalidades quentes do Sul - eficazes reprodutoras de saberes comunitários. A prática de irracionalidades é libertadora. Previne contra o suicídio, porque deixa abrir a tampa do verbo e dos gestos corporais veículos de emoções profundas e intensas . Antes uma bela cena de faca na liga, um berreiro e um esbracejar italiano de uma mamma descabelada, que vai buscar o "seu" (?!) homem à taberna, do que o ar aparentemente sereno e distante, e os corpos em guarda, visíveis, por exemplo, nos exemplares filmes do finlandês Aki Kaurismaki.

2 comentários:

Boavida disse...

Concordo perfeitamente com "Vergonha? De quê?".
Obrigado pelo comentário, da proxima vez que estiver a fazer cocktails num bar, deixarei o mapa ("and now for something completely different", acho que sou o unico a usar o futuro condicional dos verbos, mesmo que não use acentos...)
POdes ter a certeza que, mesmo que não tenha na lista, te faço um cocktail de whisky quando nos encontrarmos.

Vera Santana disse...

O futuro condicional é o futuro de todos nós. Já não há futuro incondicional. Brinco, claro. Fico a aguardar o coquetel ...

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