segunda-feira, junho 04, 2007

Limites


Quando pensava que os reality shows já tinham saído do imaginário popular e que se olhava para a experiência como uma novidade da mudança do milénio, eis que a Endemol os recoloca no centro da agenda noticiosa mundial.
Quando pensávamos que tudo já estava feito e todas as formulas tentadas, quando as últimas versões de realitiy shows tinham sido muito más (ver a Bela e o Mestre), lá descobriram uma nova forma de intrusão e exposição da vida privada.
A última versão expõe a própria vida. Uma mulher (penso que é uma mulher), com uma doença terminal, «tem um rim para dar». Há 3 concorrentes, que imagino sejam compatíveis, para o «prémio final». A ideia é, no mínimo, atroz, e eleva a discussão sobre a liberdade de expressão a patamares dificilmente previsíveis há um par de anos atrás. Qual é o próximo passo? Uma execução em directo? Um programa feito na death row, com 3 condenados à morte, e é dado ao publico a decisão da morte final? Se ele é enforcado, se é a cadeira eléctrica, agulha ou gás? (todos processos utilizados hoje pelos EUA).
Devemos ficar à espera que sejam apenas as audiências a determinar os limites da decência e da ética? Não devemos, como sociedade organizada, regular a apresentação de alguns comportamentos? Não é isso que fazemos com o sexo? Porque não faze-lo com a vida? Ou o mundo demo-liberal a isso implica? A que tudo seja possível e aceite na capa da liberdade individual - conceito da filosofia política clássica– e da mudança de canal – conceito da filosofia política contemporânea.
Deverá ser tudo possível? Onde devemos traçar a linha? Onde devemos, sociedade contemporânea, intervir?

1 comentário:

Shyznogud disse...

isto é capaz de o interessar
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=37370

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