quarta-feira, junho 13, 2007

Sociedade - Para Reflectirmos

Recebi este texto através da internet. Mais um daqueles que nos preenchem o vago do imaginário e da paciência. Textos esses que na maior parte nem se leiem.

Não por maldade ou consciência, mas porque preferimos ignorar a realidade que nos envolve, que nos rodeia e nos impõe pré-conceitos de vida... De absentismo humanitário... Parte responsavel o capitalismo, o consumismo, o materialismo. Não critico os que defendem esses critérios de vida, mas serve este "post" para vos ir recordando que ser solidário e bem mais que as esmolas dadas num qualquer lugar... Perdido na existência de quem o habita... De quem o vive...

Temos, eu inclusivé, de transformar a sociedade naquele tal mundo melhor... Talvez com pequenos textos como este, se vá conseguindo....


... Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa bemafastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos quedispunha naquele dia, para comer e acertar alguns bugs de programação numsistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagem de férias,coisa que há tempos que não sei o que são. Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e um sumode laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime não é? Abri o meu portátil e apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás demim: - Senhor, não tem umas moedinhas?
- Não tenho, menino. - Só uma moedinha para comprar um pão. - Está bem, eu compro um. Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de e-mail. Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, rindo com as piadasmalucas. Ah! Essa música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos áureos.
- Senhor, peça para colocar margarina e queijo. Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali.- Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado, estábem?Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar. Faço o pedido do menino,e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora. O peso na consciência, impedem-me de o dizer. Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e, mais umarefeição decente para ele. Então sentou-se à minha frente e perguntou: - Senhor o que está fazer?
- Estou a ler uns e-mail. - O que são e-mail?
- São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet (sabia queele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de questionários desses): - É como se fosse uma carta, só que via Internet. - Senhor tem Internet?
- Tenho sim, essencial no mundo de hoje.
- O que é Internet ? - É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas,notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar,aprender. Tem de tudo no mundo virtual.


- E o que é virtual?

Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele poucovai entender e deixar-me-ia almoçar, sem culpas. - Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos tocar, apanhar,pegar... é lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamosque fosse. – Que bom isso. Gostei! – Menino, entendeste o significado da palavra virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual. - Tens computador?! - Exclamo eu!!!


- Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira...Virtual.

A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo,enquanto eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar de fome eeu dou-lhe água para ele pensar que é sopa, a minha irmã mais velha sai tododia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela voltasempre com o corpo, o meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imaginosempre a nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedosde natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia.


Isto é virtual não é senhor???

Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas caíssemsobre o teclado. Esperei que o menino acabasse de literalmente "devorar" o prato dele,paguei, e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um "Brigado senhor, você é muito simpático!". Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!...

Autor desconhecido

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