Não sei se têm reparado, mas todo este processo da Face Oculta, na sua base, já não interessa nada para a discussão que grassa pela blogosfera e imprensa lusa. Desde que se soube que o Primeiro-Ministro tinha sido escutado, ao falar com Armando Vara, que toda a discussão em torno do caso passou a ser o que disse ou ouviu o Primeiro-Ministro.
Depois de um tempo a dissertar sobre o que disse ou não disse, o que ouviu ou não ouviu, passou-se a atacar, mais uma vez, José Sócrates (servindo de ponto de partida as declarações em plena Assembleia quer de Pacheco Pereira, quer de Manuela Ferreira Leite), mesmo que nada de concreto tenha saído para as escutas. Quando as instâncias respectivas vêm dizer que nada de relevante se ouviu vindo do nosso Primeiro, é motivo para dizer que a justiça está subjugada ao poder político e avança-se para a exigência de demissão do Primeiro-Ministro e respectiva queda do Governo. Há mesmo quem pergunte por onde anda o Presidente (não me apeteceu procurar, mas na imprensa Manuela Moura Guedes disse o mesmo).
Na realidade, todo o caso em volta do Primeiro-Ministro não passa de fumo (vá, digam lá que não há fumo sem fogo) mas na realidade não existe nada fundamentado. É caso para dizer que, neste particular, o Presidente da República manteve a posição correcta, percebendo que, até à data, nada há que fragilize o Primeiro-Ministro, nada que justifique a demissão do mesmo.
Mas todo este ruído já fez alguma vítima. O próprio processo Face Oculta. Alguém pode dizer, com segurança, que as investigações já terminaram? Alguém pode dizer, com segurança, que os implicados são somente estes?
O processo está agora em fase de inquérito, e eu gostava de saber se ainda decorrem investigações ou se foram “somente” estes os implicados. Que, mais uma vez, estão considerados culpados no tribunal da opinião pública.
Eu gostava que a justiça funcionasse e que a deixássemos funcionar. Mas parece que tal não é possível. E assim poderemos sempre continuar a dizer que a justiça funciona bem.
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