And the dreamers? Ah, the dreamers! They were and they are the true realists, we owe them the best ideas and the foundations of modern Europe(...). The first President of that Commission, Walter Hallstein, a German, said: "The abolition of the nation is the European idea!" - a phrase that dare today's President of the Commission, nor the current German Chancellor would speak out. And yet: this is the truth. Ulrike Guérot & Robert Menasse
terça-feira, novembro 10, 2009
Generalidades?
Vivi num tempo em que começou a deixar de ser tabu falar de sexo. Por isso, aconteceram tantos eventos sobre sexualidade(s): programas de rádio (com o iniciador Júlio Machado Vaz), livros, artigos de divulgação, nomeadamente em revistas femininas (Elle, Máxima e outras); numa fase posterior, a sexualidade democratizou-se e não havia nenhum número da revista "Maria" e equivalentes que não tivesse uma receitazinha sobre sexo e felicidade.
Mais tarde - e estou a falar de/sobre Portugal - começou a falar-se de género (tradução de gender, na língua inglesa). Primeiro na Academia, depois na Administração Central, posteriormente um pouco por todo o lado. Creio haver, neste momento, falta de democratização do conceito de género, pois fala-se em "casamento de pessoas do mesmo género". Ora, o género não faz parte da nossa identificação - pelo que cada um terá o seu género mas não o tem inscrito no Bilhete de Identidade - é mais plural que o sexo, é construído socialmente, ao longo da vida. Há dois sexos - feminino e masculino - e vários são os géneros possíveis - feminino e masculino, transsexual, transgender, etc, os que se quiserem construir e que se constituem num conjunto categorial aberto (podia acrescentar, desde já, o género andrógeno como género "assumido" por alguém que, tendo os 2 sexos - feminino e masculino - quer continuar a ter os 2 sexos porque se auto-identifica como tal, i.e, tem práticas e representações da sua pessoa enquanto ser andrógeno).
Assim, a questão actual relativa ao casamento nada tem a ver com o género. Nenhuma lei proibe o casamento entre um/a transsexual e um/a transgender a não ser que, no que respeita ao sexo - biológico e identificador - ambos/as coincidam no mesmo sexo, ie., ambos sejam do sexo masculino ou ambas sejam do sexo feminino.
O que as propostas de legislação pretendem é a anulação da condição de pertença identificatória a sexos diferentes para o acesso ao casamento civil. Trata-se, por conseguinte, de legislar sobre o "casamento entre duas pessoas do mesmo sexo".
Brincando com as palavras no tempo: se outrora o sexo foi democratizado através de programas sobre sexualidade(s), é tempo de democratizar o género, com programas de . . . generalidades.
Ilustrando: lá em cima, estão os dois símbolos relativos a sexo: são dois, o feminino e o masculino, apenas dois. Aqui em baixo está uma bandeira do arco-íris (a bandeira L.G.B.T.) que mostra ser o género possível numa puralidade de cores, todas as que existem no arco-íris e, se calhar, as que se inventarem entre cada duas cores, tons e meio-tons.
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Vera Santana
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