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Gostava de trazer à reflexão uma questão [..]. Fala-se no totalitarismo do binarismo sexual que alguns pretendem ver abolido. Ou seja, deixaria de haver dois sexos (sim dois sexos, o feminino e o masculino e não dois géneros) os que existem biologicamente, na natureza sexuada.
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Pensando alto:
1. Não é possível alterar a biologia sexuada: há 2 sexos, 2, nunca 3 e obviamente nunca apenas 1.
2. Os transsexuais terão os 2 sexos em simultâneo.
3. Esse facto não provoca a existência de um 3º sexo.
4. O que me parece existirem é pessoas que têm identidades transgénero. E têm esse direito, quer tenham dois sexos nos seus corpos, quer não tenham, quer sejam "operados" quer não sejam.
5. Ao abolir a categoria sexo, ficaria automaticamente resolvida a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
6. Assim, seríamos todos iguais :-( .
7. A reivindicação que anda por aí pede a despatologização do que é transgender. Isto parece-me errado pois:
7.1. é reivindicado simultâneamente o direito a ser-se operado/a; ora um cirurgião opera o que é patológico, sejam cancros, simples sinais de acne ou um nariz grande demais;
7.2. creio que grassa pelos media uma enorme confusão entre sexo e género; repito: só há biologicamente 2 sexos, feminino e masculino; quanto ao género, esse sim, é construído socialmente, historicamente e com relativa autonomia face à reconstrução biológica (que pode ter sido praticada ou não).
8. A reivindicação da abolição do sexo - a triunfar - faria com que este deixasse de fazer parte da nossa identificação.
Ao mesmo tempo que acontece este fenómeno de desejo de anulação de uma categoria biológica diferenciadora - o sexo - acontecem fenómenos de categorizações identitárias outras que não a biológica. Pense-se nas identidades comunitárias (por pertença religiosa ou étnica, por práticas de consumo, modos de vida, como por exemplo "muslim", freak, Tutis e Hutzus ... fumadores de marijuana, frequentadores do restaurante eleven, "malta da praia da Consolação", "orgulhosos da sua negritude" . . . ).
Faz pensar um bocado, não é? Eu deixaria de ser mulher e passaria a ser um ser humano biologicamente não diferenciado :-( . As lojas de roupas deixariam de ser para mulheres ou para homens, passariam a ser diferenciadas apenas de acordo com as múltiplas tribos em constante mutação. As pessoas continuarão sempre a procurar uma diferença que é, também, uma forma de pertença. É uma característica do ser humano em sociedade construir uma persona identificadora do indivíduo perante o(s) seu(s) grupo(s) de pertença e perante os outros grupos. O orgulho negro, por exemplo, não se traduz apenas pela cor da pele mas também - e sobretudo - pelo uso de vestes e acessórios específicos, pelo amor às ideias de Leopold Senghor, pelo apreço às músicas de África, etc.
Bem sei que a reprodução biológica já não é o que era: a queca heterossexual passou a ser dispensada, para fins de procriação, pois há laboratórios, há técnicas in vitro, barrigas de aluguer e bancos de esperma. Parece-me assustadora esta indústria de produção de seres humanos quando há tantos seres humanos produzidos e abandonados.
Fico pelo apontar de tópicos.
Bora pensar em conjunto sobre o assunto?
SEJAM FELIZES NESTE F.D.S!
Mais um tópico "afim" para reflectir: há quem defenda a desnecessidade da identificação do estado civil. A acontecer, também se tornaria desnecessária a reivindicação do direito ao casamento, por parte da comunidade LGBT. Só que o contrato de casamento é mais do que a união entre duas pessoas, pois trata-se de um contrato, de uma aliança entre duas famílias. Voltarei ao tema.
publiquei um curto comment equivalente a este post num outro blog
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