domingo, novembro 29, 2009

Cimeira Ibero-Americana

Realizou-se hoje a abertura da Cimeira Ibero-americana acolhida em Portugal, sob a éfige do tema conhecimento e inovação. Uma éfige cara, ampla, abrangente, ambiciosa da qual se pretendem grandes definições para o mundo actual e para o futuro. Uma cimeira que tem a ambição de lançar os próximos anos de construção dos países participantes, de uma cooperação mais global e focalizada entre estes países, entre a Península Ibérica e a América-Latina.
Nos primeiros discursos notou-se a preocupação no combate à pobreza, como se num apelo ao travar das consequências da crise económica mundial. Uma crise estrutural que marca todos os encontros de Estados desde Setembro de 2008 a esta parte e que portanto tem de e deve ser discutida por todos, que exige conclusões profundas e rápidas, uma urgência de conhecimento, de tomadas de decisões racionais e estruturadas tecnicamente, uma urgência de novas ideias e dar azo à criatividade e às boas ideias.
Marca-se também aqui a entrada em vigor do Tratado de Lisboa.
Faço votos para que as conclusões aqui tiradas e os compromissos aqui assumidos sejam tão ambiciosos quanto a éfige do tema.

quinta-feira, novembro 26, 2009

PES WOMEN


A propósito do texto do José Reis, aqui deixo um outro texto, da Zita Gurmai, sobre a Europa e as Mulheres, a Europa com poucas Mulheres em cargos de liderança, a construção de uma Europa por e para Homens e Mulheres.




PES is calling for fair representation of women in the EU


On the eve of the EU summit, PES Women are calling on Mr Barroso and all EU heads of state to ensure that the new college of Commissioners will be gender balanced and will represent women in Europe.

Zita Gurmai MEP, President of PES Women, expressed serious concerns about the current nomination process of the new college of Commissioners, in which, in the foreseeable scenario, there will only be two or three women among the 27 Commissioners.

Zita Gurmai said: “This tiny proportion does not, first and foremost, represent women in Europe, where around 53%, a clear majority, are women.

I wonder how one expect women to respect and identify with such an EU Commission? Or even, what image the European Commission wants to portray? If we do not take into account all the talent that society has to offer, it should come as no surprise that women are Eurosceptic and reluctant to vote in European Elections.”

“The PES campaigned for a gender-equal European Commission and gender-equal European Parliament and we also called for the creation of a European Commissioner for Gender Equality. Now is the time for Mr Barroso to deliver on the Commission.”
PES Women members therefore urge

• the Commission President José Manuel Barroso to make another round of consultation with Member States' governments, making clear that anything less than was already achieved by the former Commission is not acceptable (i.e. at least 27% of women Commissioners);
• the EU Commission to adhere to international commitments made by all EU governments for gender-balanced representation in all EU decision-making positions;
• all MEPs to reject a Commission which is in such stark contrast with the principles and values of the EU.

quarta-feira, novembro 25, 2009

Nova Lisboa

Como hábito, deixo aqui o meu último artigo do Diário Económico. É sobre o Tratado de Lisboa. O artigo é da edição impressa de ontem (24 Novembro) (versão online aqui).


Na última semana a União Europeia preencheu os dois novos cargos institucionais criados com o Tratado de Lisboa.

Herman Van Rompuy, até à altura primeiro-ministro belga, foi eleito para exercer a função de presidente do Conselho Europeu; e Catherine Ashton, na altura comissária Europeia e ex- ministra britânica, para Alta Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.

Este foi então o primeiro efeito prático e público do novo tratado. Um Tratado que dotará a Europa de uma rede institucional mais eficaz e democrática. Eficaz no sentido em que se simplificaram e aligeiraram os processos de decisão no seio do Conselho Europeu, alargando-se as áreas onde são necessárias apenas maiorias qualificadas para se tomarem decisões; e democrática porque o Parlamento Europeu - órgão directamente eleito pelos cidadãos - verá os seus poderes reforçados, intervirá com mais frequência e em mais áreas, e terá um papel decisivo no orçamento da União.

O tratado traz ainda outras novidades, e, de entre elas, a mais significativa é a criação do cargo de Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, que poderá ser a voz da Europa no mundo. A Europa terá, pela primeira vez, personalidade jurídica própria (o que lhe permitirá assinar tratados internacionais, por exemplo) e um corpo diplomático autónomo com recursos à disposição. Kissinger já terá o seu número de telefone europeu. Resta saber se é com lady Catherine Ashton que quererá falar, ou se a baronesa servirá apenas como telefonista.

No entanto, se o recente passo institucional não for acompanhado por uma alteração da atitude política perante os assuntos europeus, a Europa continuará distante, burocrática e aristocrática. O recente exemplo da eleição de Van Rompuy e de lady Ashton (eleitos por um corpo eleitoral de 27, recordo), negociada longe das câmeras e em bastidores pouco frequentados, recorda que na vida política europeia os principais actores políticos continuam a ser os Estados, e não os partidos políticos ou os cidadãos-eleitores.

Falta à Europa uma vida política interna energética e vibrante, e não novos ordenamentos das suas instituições. E para que a política exista ao nível europeu é necessário romper com a tradição do consenso e do "bloco central", e introduzir dinâmicas partidárias e ideológicas consistentes e vinculativas. É verdade que o novo tratado de Lisboa introduz alterações potencialmente importantes e significativas, mas nada terá efeito se a atitude dos principais actores políticos não se adequar a estas intenções. Mais democracia, eficácia e transparência anuncia-se com a nova Lisboa. Mais democracia, eficácia e transparência pede-se. Cumpra-se então.

Faire et défaire le genre 2

in Multitudes n°37-38, par Judith Butler

Il existe, bien sûr des avantages à demeurer en deça de toute intelligibilité, si celle-ci est comprise comme le produit d’une reconnaissance dépendant des normes sociales dominantes. Il faut bien dire que si les options qui me sont offertes me semblent détestables, si je n’éprouve pas le désir d’être reconnu/e au sein d’un certain système de normes, le sentiment de ma survie dépendra de la possibilité d’échapper à l’emprise des normes par lesquelles cette reconnaissance est conférée. Il se peut que, de ce fait, mon sentiment d’appartenance sociale soit affaibli par la distance que je prends, mais pour autant, cette distanciation reste préférable à un sentiment d’intelligibilité conféré par des normes qui par ailleurs ne feraient que m’effacer. En fait, pouvoir développer une relation critique vis-à-vis de ces normes présuppose de s’en écarter, de pouvoir en suspendre ou en différer la nécessité quand bien resteraient-elles l’objet d’un désir qui permette de vivre. L’établissement de cette relation critique dépend également d’une capacité, toujours collective, d’articuler une version alternative et minoritaire de normes ou d’idéaux consistants me permettant d’agir. Si je suis quelqu’un qui ne peut être sans faire, alors les conditions pour que je fasse recouvrent en partie les conditions mêmes de mon existence. Si ce que je fais dépend de ce qui m’est fait, ou plutôt, des façons dont je suis "fait/e" par les normes, alors la possibilité de ma persistance en tant que "je" dépend de ma capacité à faire quelque chose de ce qui est fait de moi. Ce qui ne signifie aucunement que je puisse refaire le monde pour en devenir le créateur. Ce fantasme de pouvoir quasi-divin n’est que le refus des façons dont nous sommes constitués, toujours et dès l’origine, par ce qui nous est antérieur et extérieur. Ma capacité d’agir ne consiste pas à refuser cette condition de ma constitution. Si j’ai une quelconque capacité d’agir, elle s’élargit du fait même que je suis constitué/e par un monde social qui ne relève en aucune façon de mon choix. Que ma capacité d’agir soit clivée par un paradoxe ne signifie pas qu’elle soit impossible. Cela signifie seulement que le paradoxe est la condition de sa possibilité.


De ce fait, le "je" que je suis se trouve simultanément constitué par des normes et assujetti à ces normes. Mais il s’efforce également de vivre en maintenant une relation critique et transformatrice avec elles. Ce qui n’a rien de facile, car ce "je" devient jusqu’à un certain point "indéchiffrable". Il est menacé de non-viabilité et de déconstruction totale s’il n’incorpore plus ces normes de manière à rendre ce "je" pleinement reconnaissable. Il faut une certaine rupture avec l’humain pour initier le processus de re-création de l’humain et je risque d’avoir le sentiment de ne pas pouvoir vivre sans une certaine forme de reconnaissance. Mais il est également possible que les termes mêmes qui permettent cette reconnaissance me rendent la vie invivable. C’est de ce point de jonction que la critique émerge, c’est là qu’elle devient une mise en question des termes qui contraignent la vie pour élargir la possibilité de modes de vie différents. Et ceci, non pour célébrer la différence en tant que telle, mais pour établir des conditions plus diversifiées et favorables à la protection et au maintien de la vie tout en résistant aux modèles d’assimilation.

Faire et défaire le genre 1

in Multitudes n°37-38, par Judith Butler


Dire que le genre procède du "faire", qu’il est une sorte de"pratique", [a doing], c’est seulement dire qu’il n’est ni immobilisé dans le temps, ni donné d’avance ; c’est indiquer également qu’il s’accomplit sans cesse, même si la forme qu’il revêt lui donne une apparence de naturel pré-ordonné et déterminé par une loi structurelle. Si le genre est "fait", "construit", en fonction de certaines normes, ces normes mêmes sont celles qu’il incarne et qui le rendent socialement intelligible. Si, en revanche, les normes de genre sont également celles qui bornent l’humain, c’est-à-dire qu’elles déterminent la manière dont le genre doit être construit afin de conférer à un individu la qualité d’humain, alors les normes de genre et celles qui constituent la personne sont intimement liées. Se conformer à une certaine conception du genre équivaudrait alors précisément à garantir sa propre lisibilité en tant qu’humain. À l’inverse, ne pas s’y conformer risquerait de compromettre cette lisibilité, de la mettre en danger.



Je voudrais ici poser une question normative relativement simple que je
formulerai ainsi : que se passe-t-il si l’on "défait" les conceptions normatives et restrictives de la vie sexuelle et genrée ? Il peut arriver qu’une conception normative du genre "défasse", "déconstruise", la "personne" [personhood] et l’empêche, à long terme, de persévérer dans sa quête d’une vie vivable. Il peut aussi arriver qu’en déconstruisant une norme restrictive, on déconstruise du même coup une conception identitaire préalable, pour tout simplement inaugurer une nouvelle identité dont le but sera de s’assurer une meilleure viabilité.



Si le genre est une sorte de pratique, une activité qui s’accomplit sans cesse et en partie sans qu’on le veuille et qu’on le sache, il n’a pour autant rien d’automatique ni de mécanique. Bien au contraire. Il s’agit d’une sorte d’improvisation pratiquée dans un contexte contraignant. De plus, on ne "construit" pas son genre tout seul. On le "construit" toujours avec ou pour autrui, même si cet autrui n’est qu’imaginaire. Il peut arriver que ce que j’appelle mon genre "propre" apparaisse comme le produit de ma création et comme une de mes possessions. Mais le genre est constitué par des termes qui sont, dès le départ, extérieurs au soi et qui le dépassent, ils se trouvent dans une socialité qui n’a pas d’auteur unique (et qui met d’ailleurs radicalement en cause la notion même d’auteur).



Si l’appartenance à un certain genre n’implique pas nécessairement que le désir
prenne une direction définie, il existe néanmoins un désir qui est constitutif du genre lui-même. C’est pourquoi opérer un clivage entre vie de genre et vie de désir n’est ni facile ni rapide. Que veut le genre ? Si la question peut paraître étrange, ce sentiment s’atténue lorsqu’on réalise que les normes sociales qui constituent notre existence sont porteuses de désirs qui ne sont pas fondateurs de notre individualité. Le problème se complique encore du fait que la viabilité de notre individualité dépend essentiellement de ces normes sociales.



Dans la tradition Hégélienne, le désir est lié à la reconnaissance. Le désir est toujours un désir de reconnaissance et ce n’est que par le biais de cette expérience de reconnaissance que chacun se constitue en tant qu’être socialement viable. Cette conception a, certes, son charme et sa vérité mais deux éléments importants lui échappent. Les termes qui permettent notre reconnaissance en tant qu’humains sont socialement organisés et modifiables. Il arrive parfois que les termes mêmes qui confèrent la qualité d’humain [humanness] à certains individus sont ceux-là mêmes qui privent d’autres d’acquérir ce statut, en introduisant un différentiel entre l’humain et le "moins-qu’humain". Ces normes ont des effets considérables sur notre compréhension du modèle de l’humain habilité à bénéficier de droits ou ayant sa place dans la sphère participative du débat politique. L’humain est appréhendé différemment en fonction de sa race, de la lisibilité de cette race, de sa morphologie, de la possibilité de reconnaître cette morphologie, de son sexe, de la possibilité de vérifier visuellement ce sexe, de son ethnicité, du discernement conceptuel de cette ethnicité. Certains humains sont reconnus comme étant moins qu’humains et cette forme de reconnaissance amoindrie ne permet pas de mener une vie viable. Certains humains n’étant pas reconnus en tant qu’humains, cette non-reconnaissance les engage à mener un autre type de vie invivable. Si ce que le désir veut en partie, c’est d’être reconnu, alors le genre, dans la mesure où il est animé par le désir, voudra également être reconnu. Mais si les schèmes de reconnaissance dont nous disposons sont ceux qui "défont" la personne en conférant de la reconnaissance, ou encore qui "défont" la personne en lui refusant cette reconnaissance, alors celle-ci devient un lieu de pouvoir par lequel l’humain est produit de manière différentielle. Ce qui signifie que, dans la mesure où le désir est impliqué dans les normes sociales, il est intimement lié à la question du pouvoir et à celle de savoir qui a la qualité d’humain reconnu comme tel et qui ne l’a pas.



Autre question : si j’appartiens à un certain genre suis-je quand même considéré/e comme faisant partie des humains ? Est-ce que l"humain" s’étendra jusqu’à m’inclure dans son champ ? Si mon désir va dans un certain sens, aurai-je la possibilité de vivre ? Y aura-t-il un lieu pour ma vie et sera-t-il reconnaissable pour ceux dont dépend mon existence sociale ?

Música

(Recebido por email)

Esta incrível máquina foi construída como um esforço colaborativo entre o Robert M. Trammell Music Conservatory e Sharon Wick School of Engenharia da Universidade de Iowa.

Surpreendentemente, 97% dos componentes de máquinas vieram da John Deere Industries and Irrigation Equipamentos de Bancroft, Iowa.

Sim equipamentos agrícolas! A equipa gastou 13.029 horas entre set-up, alinhamento, calibragem e ajustes antes de filmar este vídeo, mas como você pode vê-lo valeu a pena o esforço. Ele agora está em exibição no Matthew Gerhard Alumni Hall, na Universidade e já está programado para ser doado ao Smithsonian

segunda-feira, novembro 23, 2009

Jorge Ferreira




A blogosfera lusa está de luto, por estes dias. Morreu Jorge Ferreira, do Tomar Partido e participante no Blogue Eleições 2009 (entre outros), do Público, espaço partilhado também por alguns lojistas desta loja (entre eles, eu).
Antigo dirigente do CDS-PP e fundador do PND, faleceu este fim-de-semana, vítima de doença prolongada..

Os meus pêsames.

domingo, novembro 22, 2009

Défice de 8 % e Dívida Pública

A notícia de previsão de um défice de 8% para o próximo ano no Orçamento de Estado é difícil de aceitar.
É verdade que estamos em tempos da maior crise económica desde a de 1929 e que o pacto de estabilidade económica por esta altura aceita excepções, maiores margens de incumprimento, medidas de excepção a serem postas em prática todos os dias.
Dado este cenário, não é fácil perceber que com estas medidas o futuro estará mais comprometido para as gerações de pagadores uma vez que o agravamento da dívida pública provoca o encarecimento do dinheiro e por isso o aumento das taxas de juros, onde acresce uma maior dificuldade de acesso ao crédito, excluíndo muitos que com menor poder económico mas com capacidade de cumprimento. Significa que a tesouraria das empresas tem de ser gerida não contando com dinheiro barato, que o dinheiro para as famílias vai ser caro, que o grau de rating da República Portuguesa continuará a aumentar, por acrescem maiores riscos para a nossa Economia.
Um aumento dos impostos não é a meu ver uma medida adequada, embora reconheça a premente necessidade de prática de mais políticas sociais e de estímulo à Economia real, nomeadamente num maior suporte direccionado às empresas e à criação de emprego.
Uma tributação às transacções especulativas seria uma medida corajosa e adequada, até populista, mas de um populismo proveitoso porque benéfico para o interesse colectivo.

I shot JFK



Uma entrevista com um homem que alega que foi ele a dar o tiro fatídico naquele final de manhã em 1963.

P.S. - Se não conseguirem ver o vídeo (se der, por exemplo, "Video Not Found") experimentem este link (o link está lá).

sexta-feira, novembro 20, 2009

WOMEN and PES WOMEN






Dear Mr Barroso
Prime Ministers
All chairs of the Group in the EU
MEPs


On 14 November 2009, PES Women gathered in Stockholm, expressing serious concern about the current nomination process of the new college of Commissioners, where, in the foreseeable scenario, there will only be two or three women among the 27 Commissioners.

This tiny proportion does not, first and foremost, represent women in Europe, where around 53%, a clear majority, are women.

Secondly, we wonder how one expect women to respect and identify with such an EU Commission? Or even, what image the European Commission wants to portray? If we do not take into account all the talent that society has to offer, it should come as no surprise that women are Eurosceptic and reluctant to vote during European Elections.
PES Women members therefore urge

- the Commission President José Manuel Barroso to undertake another round of consultation with Member States' governments, making clear that anything less than was already achieved by the former Commission is not acceptable (i.e. at least 27% of women representation);
- the EU Commission to adhere to international commitments made by all EU governments for gender-balanced representation in all EU decision-making positions;
- all MEPs to reject a Commission which is in such stark contrast with the general principles and values of the EU.

We are not ready to accept a picture of the EU which resembles a government of the dark ages.

Yours sincerely,
Zita Gurmai
President
PES Women

quinta-feira, novembro 19, 2009

ARQUEOLOGIAS 1

... QUANDO REVISTAS DE EXEGESE CONTEMPORÂNEA FALAVAM TRÊS LÍNGUAS NA PROCURA DE MESTIÇAGENS, DE NOMADISMOS E DE ERRÂNCIAS.



ATALAIA n.5 / 1999


Publicação do Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa e da Associação Atalaia
Revista internacional de exegese contemporânea / Revue internationale d' exegèse contemporaine - Lisbonne-Lisboa
Publicada com o apoio do : / Publié avec le concours du: Centre National du Livre (France) / e do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (Portugal)
DIRECTORES/DIRECTEURS: Pedro de Andrade, Avner Camus Perez, Maria Estela Guedes, José Augusto Mourão


CONSELHO DE REDACÇÃO / CONSEIL DE REDACTION: António de Moncada Sousa Mendes, Armel Gaultier, Avner Camus Perez, Dimíter Ánguelov, Graça Delgado, Maria Melo Giraldes, Paula Mascarenhas, Paulo Rocha Trindade, Sara Fressard, Vera Santana.
CONSELHO CONSULTIVO / CONSEIL CONSULTATIF: Alain Touraine, Alexandre Manuel, Ana Luísa Janeira, Andrès Galera, Dominique Lecourt, Ernesto de Melo e Castro, Fernando Bragança Gil, Galopim de Carvalho, Howard Becker, João Ferreira de Almeida, José Augusto França, José Bragança de Miranda, José Machado Pais, José Manuel Paquete de Oliveira, Justino Mendes de Almeida, Lídia Jorge, Manuela Margarido, Marc Ferro, Michel Maffesoli, Moisés Martins.
PROPRIETÁRIO DO TÍTULO / PROPRIETAIRE DU TITRE: Todos os direitos desta edição são reservados por: Associação - "Observatório Internacional de Exegese Contemporânea- ATALAIA" e Centro Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Univesidade de Lisboa.
Montage-Images-Création / Montagem – Imagens – Criação / Capa-Couverture / e/et Conceptions graphique et électronique / Concepções gráfica e electrónica : Didier Chezeau
Impression / Impressão : Gráfica 2000 – Lisboa


DOSSIER
‘ÉCRITURES SINGULIÉRES - ERRER EN POÉSIE ET EN PROSE / ESCRITAS SINGULARES - ERRAR EM POESIA E PROSA’

Florence PATTE, "Azulejos-Palácio da fronteira-"Le sourire du chat"...17
Israel ELIRAZ, «En Route"...23
Nuno JÚDICE (tradução inédita de «Jerusalem» de I. Elizar)...29
Maria Estela GUEDES, "O naturalista como criador: o enigma da mensagem na garrafa".31
José Augusto MOURÃO, "Do Deus artista ao homem criador"...43
Nuno PEIRIÇO, "O fim da Ciência e a criatividade do discurso"...55
Sara COSTA FRESSARD, "Ailleurs les mots - Chronique d'un exil argentin"...61
Albert d'ESPINOSA, "Fables d' epoque - Lamento 1"...67
Avner Camus PEREZ, "La Table de conscience" (fiction)...75
Pedro de ANDRADE, "Da referenciação como referência em acção: Para uma Sociologia (Proética) da Citação"...83
Nelly Novaes COELHO,"Adolfo Casais Monteiro: a palavra essencial e impossível"...103
Vera SANTANA, "Réflexions sur l'incompletude individuelle et l'indistinction sociale: à la recherche du nomadisme perdu » ...109
Paulo OLIVEIRA, (Aforismos-Aphorismes) "Sopa de pedra"...113
Michel BONNEFOY "La virgen en la roca"...117
Pablo GARCIA, "L'élexir de l'exil:xx"...125


RECENSIONS, LECTURES, CRITIQUES / RECENSÕES, LEITURAS, CRÍTICAS


Páginas elaboradas por: Paulo Rocha TRINDADE e Avner PEREZ
Manuel CARVALHEIRO, "Compreendendo a História e as Ciências do Mar no Ano Internacional do Oceano"... 129

Sobre o processo Face Oculta

Não sei se têm reparado, mas todo este processo da Face Oculta, na sua base, já não interessa nada para a discussão que grassa pela blogosfera e imprensa lusa. Desde que se soube que o Primeiro-Ministro tinha sido escutado, ao falar com Armando Vara, que toda a discussão em torno do caso passou a ser o que disse ou ouviu o Primeiro-Ministro.

Depois de um tempo a dissertar sobre o que disse ou não disse, o que ouviu ou não ouviu, passou-se a atacar, mais uma vez, José Sócrates (servindo de ponto de partida as declarações em plena Assembleia quer de Pacheco Pereira, quer de Manuela Ferreira Leite), mesmo que nada de concreto tenha saído para as escutas. Quando as instâncias respectivas vêm dizer que nada de relevante se ouviu vindo do nosso Primeiro, é motivo para dizer que a justiça está subjugada ao poder político e avança-se para a exigência de demissão do Primeiro-Ministro e respectiva queda do Governo. Há mesmo quem pergunte por onde anda o Presidente (não me apeteceu procurar, mas na imprensa Manuela Moura Guedes disse o mesmo).

Na realidade, todo o caso em volta do Primeiro-Ministro não passa de fumo (vá, digam lá que não há fumo sem fogo) mas na realidade não existe nada fundamentado. É caso para dizer que, neste particular, o Presidente da República manteve a posição correcta, percebendo que, até à data, nada há que fragilize o Primeiro-Ministro, nada que justifique a demissão do mesmo.
Mas todo este ruído já fez alguma vítima. O próprio processo Face Oculta. Alguém pode dizer, com segurança, que as investigações já terminaram? Alguém pode dizer, com segurança, que os implicados são somente estes?

O processo está agora em fase de inquérito, e eu gostava de saber se ainda decorrem investigações ou se foram “somente” estes os implicados. Que, mais uma vez, estão considerados culpados no tribunal da opinião pública.

Eu gostava que a justiça funcionasse e que a deixássemos funcionar. Mas parece que tal não é possível. E assim poderemos sempre continuar a dizer que a justiça funciona bem.

Santa Ignorância

Alguém informe o autor deste post que o Francisco Assis é deputado à Assembleia da República e líder do grupo parlamentar, por favor.

Obrigado por pores Portugal no Mundial

Bruxo Pepe

terça-feira, novembro 17, 2009

A Ler

Merda para o leitor, por Daniel Oliveira, no Arrastão

A Europa dos Estados, por Henrique Burnay, no 31 da Armada

Casamento Gay

Estive vendo o programa da RTP 1 pros e contras, uns defendiam o sim, outros o não, ou melhor, defendem um referendo ao casamento entre pessoas do mesmo sexo...

Os que defendem o sim, apresentam argumentos sustentados na igual oportunidade, a não descriminação, os mesmos direitos, entrepondo com algo que me parece perfeitamente justo, o devido reconhecimento pela sociedade, da qual fazem parte integrante, na qual participam e na qual produzem, igual a qualquer outro cidadão dito "normal"...

Os que defendem o não, ou melhor defendem um referendo à sociedade, disseram das maiores barbaridades que tenho ouvido nos ultimos tempos... Ora se perdiam com questões juridicas, avocando que o casamento enquanto instituição celebrado entre duas pessoas, vai ser alterado, sendo por isso um risco para a instituição no seu aspecto de acordo mutuo entre duas pessoas, no caso Homem e mulher, que a instituição Familia iria ser afectada e a sua definição enquanto tal ficaria alterada, e por ultimo que poderia haver esse grande perigo de, imagine-se um casal Homossexual, sim eu escrevi Homossexual, duas pessoas do mesmo genero poderem vir a adoptar uma criança...

Bom, não defendo esta causa por ser Homossexual, Não defendo esta causa por questões de teimosia partidaria, ou por estar na moda. Defendo-a por ter percebido, que daquele tal outro lado, o lado dos incessantes e sagazes que corajosamente se assumiram, existem pessoas iguais a mim... Com pais, irmãos, tios, primos, Avós... Pessoas na sua mais humilde ascendência... Que Têm sentimentos e como eu necessito desses sentimentos, estas pessoas iguais a mim também necessitam, mas sobretudo têm direito a te-los...

Têm direito a escolherem com quem e como querem estar, amar, viver...
Sobre o casamento entre pessoas do mesmo genero estamos conversados...

Sobre essas pessoas terem o direito de proporcionar a uma criança abandonada, jogada fora, um lar, amor, atenção, carinho, um sentido para uma vida... Voltaremos depois...

Para já só me ficou a hipocrisia dos que sem perceberem muito bem porquê, defendem doutrinas e ideologias dogmaticas, como se ESTAS PESSOAS, fossem um pano branco sem manchas... Um pano sem nodoas... Como se ESTAS PESSOAS, não cometessem erros e não lhes possa apontar nada de errado....
Pessoas sem macula... Puras, como um certo DEUS as criou...

Haja paciência para Demagogia, para Hipocrisia, para Falsos Moralismos...

Estas pessoas só defendem um referendo por estarem no desespero, por perceberem que tudo aquilo em que construiram a sua personalidade vai começar a cair por terra...

Não critico ESTAS PESSOAS por pensarem diferente de mim, nem critico as pessoas que viveram num paradigma anterior, com um contexto de sociedade diferente, critico as pessoas, que tendo um papel importante na sociedade actual e actuando nesta, se fazem acompanhar de argumentos arbitrários...

A ESTAS PESSOAS olho-as como algum desdém, por querem estar tão acima numa piramide, que nem percepcionam a realidade que os envolve...

Cobardes e egoistas... É o que concluo...

segunda-feira, novembro 16, 2009

World Digital Library


A BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL DA UNESCO
LANÇAMENTO NA INTERNET DA WDL.....
A BIBLIOTECA DIGITAL MUNDIAL.
Está disponível na Internet, através do sítio www.wdl.org

sexta-feira, novembro 13, 2009

12 de Novembro de 1991

#64 Antonio Guterres (The World's Most Powerful People by Forbes)


É da vida!

Portugal é o segundo país que mais cresce no terceiro trimestre

A economia nacional cresceu 0,9% no terceiro trimestre contra os três meses anteriores. Esta é a taxa de crescimento mais alta entre os membros da Zona Euro, em "ex-aequo" com a Áustria, segundo os dados do Eurostat. Espanha continua a demonstrar dificuldades em sair da crise, mantendo a tendência de contracção económica.


É por notícias destas que Manuela Ferreira Leite e o PSD fazem muito barulho com telefonemas pessoais. É a Face Oculta da Política de Verdade!

quinta-feira, novembro 12, 2009

O Assalto à CGD

Pelas reacções de certas (blogo) esferas mais à direita sobre este texto, pode-se presumir que começou o Assalto à CGD.

A tentativa será que um cada vez maior número de pessoas se habitue à ideia. Se um dia conseguirem os seus intentos, está-se mesmo a ver que uma das primeiras medidas que a banca (genericamente) tomará é taxar as operações de multibanco.

Haverá uma previsivelmente contestação nessa altura. "Eles" puxarão da cassete e dirão que o multibanco tem custos e que é da mais elementar justiça que os mesmos sejam imputados aos clientes.

Sim, porque penso que ninguém duvida que "o último bastião" contra essa medida da banca é a CGD não estar disposta a fazê-lo, pois não?

Se um dia a CGD for privatizada, esse último bastião cairá, e depois veremos a concorrência na banca seguir os exemplos das gasolineiras ou das empresas de comunicações e todos os bancos criarem a dita taxa (arrisco mesmo dizer que ao mesmo preço em todos os bancos).

É o chamado mercado auto-regulado!

terça-feira, novembro 10, 2009

Generalidades?



Vivi num tempo em que começou a deixar de ser tabu falar de sexo. Por isso, aconteceram tantos eventos sobre sexualidade(s): programas de rádio (com o iniciador Júlio Machado Vaz), livros, artigos de divulgação, nomeadamente em revistas femininas (Elle, Máxima e outras); numa fase posterior, a sexualidade democratizou-se e não havia nenhum número da revista "Maria" e equivalentes que não tivesse uma receitazinha sobre sexo e felicidade.

Mais tarde - e estou a falar de/sobre Portugal - começou a falar-se de género (tradução de gender, na língua inglesa). Primeiro na Academia, depois na Administração Central, posteriormente um pouco por todo o lado. Creio haver, neste momento, falta de democratização do conceito de género, pois fala-se em "casamento de pessoas do mesmo género". Ora, o género não faz parte da nossa identificação - pelo que cada um terá o seu género mas não o tem inscrito no Bilhete de Identidade - é mais plural que o sexo, é construído socialmente, ao longo da vida. Há dois sexos - feminino e masculino - e vários são os géneros possíveis - feminino e masculino, transsexual, transgender, etc, os que se quiserem construir e que se constituem num conjunto categorial aberto (podia acrescentar, desde já, o género andrógeno como género "assumido" por alguém que, tendo os 2 sexos - feminino e masculino - quer continuar a ter os 2 sexos porque se auto-identifica como tal, i.e, tem práticas e representações da sua pessoa enquanto ser andrógeno).

Assim, a questão actual relativa ao casamento nada tem a ver com o género. Nenhuma lei proibe o casamento entre um/a transsexual e um/a transgender a não ser que, no que respeita ao sexo - biológico e identificador - ambos/as coincidam no mesmo sexo, ie., ambos sejam do sexo masculino ou ambas sejam do sexo feminino.

O que as propostas de legislação pretendem é a anulação da condição de pertença identificatória a sexos diferentes para o acesso ao casamento civil. Trata-se, por conseguinte, de legislar sobre o "casamento entre duas pessoas do mesmo sexo".

Brincando com as palavras no tempo: se outrora o sexo foi democratizado através de programas sobre sexualidade(s), é tempo de democratizar o género, com programas de . . . generalidades.

Ilustrando: lá em cima, estão os dois símbolos relativos a sexo: são dois, o feminino e o masculino, apenas dois. Aqui em baixo está uma bandeira do arco-íris (a bandeira L.G.B.T.) que mostra ser o género possível numa puralidade de cores, todas as que existem no arco-íris e, se calhar, as que se inventarem entre cada duas cores, tons e meio-tons.

Ao fim de tanto tempo...

domingo, novembro 08, 2009

Londres que taxa sobre as transacções financeiras globais

O Governo Britânico propôs uma taxa sobre as transacções financeiras mundais para financiar o resgate de bancos. Contudo a medida não foi consensual entre o G20. esta ideia partiu de um economista dos anos 70 - James tobin e foi agora resgatada pela grã-bretanha, mas o FMI e os EUA rejeitaram a proposta, de acordo com o semanário económico.
Entre nós é o BE que já vem falando nesta taxa há algum tempo. É uma medida arrojada, que incita à coragem mas manifestamente de justiça social, porque é a economia monetária que mais devemos taxar e não exactamente a real e não exactamente as pme´s, criadoras de 70% do emprego.
Sublinhemos a justiça social e os incentivos à economia.

sábado, novembro 07, 2009

Private

UB!UB!

DA DESNECESSIDADE DA QUECA HETEROSSEXUAL PARA A PROCRIAÇÃO OU TERÁ A QUECA HETEROSSEXUAL OS DIAS CONTADOS?


Gostava de trazer à reflexão uma questão [..]. Fala-se no totalitarismo do binarismo sexual que alguns pretendem ver abolido. Ou seja, deixaria de haver dois sexos (sim dois sexos, o feminino e o masculino e não dois géneros) os que existem biologicamente, na natureza sexuada.




Pensando alto:

1. Não é possível alterar a biologia sexuada: há 2 sexos, 2, nunca 3 e obviamente nunca apenas 1.

2. Os transsexuais terão os 2 sexos em simultâneo.

3. Esse facto não provoca a existência de um 3º sexo.

4. O que me parece existirem é pessoas que têm identidades transgénero. E têm esse direito, quer tenham dois sexos nos seus corpos, quer não tenham, quer sejam "operados" quer não sejam.

5. Ao abolir a categoria sexo, ficaria automaticamente resolvida a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

6. Assim, seríamos todos iguais :-( .

7. A reivindicação que anda por aí pede a despatologização do que é transgender. Isto parece-me errado pois:

7.1. é reivindicado simultâneamente o direito a ser-se operado/a; ora um cirurgião opera o que é patológico, sejam cancros, simples sinais de acne ou um nariz grande demais;
7.2. creio que grassa pelos media uma enorme confusão entre sexo e género; repito: só há biologicamente 2 sexos, feminino e masculino; quanto ao género, esse sim, é construído socialmente, historicamente e com relativa autonomia face à reconstrução biológica (que pode ter sido praticada ou não).

8. A reivindicação da abolição do sexo - a triunfar - faria com que este deixasse de fazer parte da nossa identificação.

Ao mesmo tempo que acontece este fenómeno de desejo de anulação de uma categoria biológica diferenciadora - o sexo - acontecem fenómenos de categorizações identitárias outras que não a biológica. Pense-se nas identidades comunitárias (por pertença religiosa ou étnica, por práticas de consumo, modos de vida, como por exemplo "muslim", freak, Tutis e Hutzus ... fumadores de marijuana, frequentadores do restaurante eleven, "malta da praia da Consolação", "orgulhosos da sua negritude" . . . ).

Faz pensar um bocado, não é? Eu deixaria de ser mulher e passaria a ser um ser humano biologicamente não diferenciado :-( . As lojas de roupas deixariam de ser para mulheres ou para homens, passariam a ser diferenciadas apenas de acordo com as múltiplas tribos em constante mutação. As pessoas continuarão sempre a procurar uma diferença que é, também, uma forma de pertença. É uma característica do ser humano em sociedade construir uma persona identificadora do indivíduo perante o(s) seu(s) grupo(s) de pertença e perante os outros grupos. O orgulho negro, por exemplo, não se traduz apenas pela cor da pele mas também - e sobretudo - pelo uso de vestes e acessórios específicos, pelo amor às ideias de Leopold Senghor, pelo apreço às músicas de África, etc.

Bem sei que a reprodução biológica já não é o que era: a queca heterossexual passou a ser dispensada, para fins de procriação, pois há laboratórios, há técnicas in vitro, barrigas de aluguer e bancos de esperma. Parece-me assustadora esta indústria de produção de seres humanos quando há tantos seres humanos produzidos e abandonados.

Fico pelo apontar de tópicos.

Bora pensar em conjunto sobre o assunto?

SEJAM FELIZES NESTE F.D.S!

Mais um tópico "afim" para reflectir: há quem defenda a desnecessidade da identificação do estado civil. A acontecer, também se tornaria desnecessária a reivindicação do direito ao casamento, por parte da comunidade LGBT. Só que o contrato de casamento é mais do que a união entre duas pessoas, pois trata-se de um contrato, de uma aliança entre duas famílias. Voltarei ao tema.


publiquei um curto comment equivalente a este post num outro blog

sexta-feira, novembro 06, 2009

A taxa de desemprego atingiu os 10% nos EUA, apesar de todos os esforços que foram feitos para que a economia crescesse. O emprego é e continuará a ser o desafio dos velhos modelos económicos dos vanguardistas. O emprego é até agora visto como o motor da economia. Qualquer retoma económica nunca poderá deixar de ser vista sem uma recuperação no mercado de trabalho. Consequentemente os mercados accionistas reagiram mal encapotada retoma da economia real, da qual faz parte o mercado de trabalho.
Temos de assumir o emprego como o grande desafio como a economia do sec. XXI.

Inacreditável

Estamos no século XXI. Por estarmos num século, digamos, avançado, isto é algo que eu esperava ler somente nos livros de História. Mas não. Passou-se no Texas, esta madrugada.

Um homem de 32 anos foi executado esta madrugada (horas locais em Lisboa) após um julgamento controverso no qual o júri recorreu ao Antigo Testamento para decidir a pena de morte.


A luta contra o fanatismo religioso ainda tem grandes combates.

TIRO NO PÉ ou LISBOA SEM SENTIDO




. . . dado por "Lisboa com Sentido" na Freguesia de São Mamede. Após o acto de posse dos 8 + 5 eleitos pela população (8 de Lisboa com Sentido + 5 de Unir Lisboa) a recém empossada Presidente da Junta, pela coligação ganhadora PSD+CDS+PPM+MPT, apresentou a SUA LISTA para o Executivo, claramente chumbada pelos eleitos da SUA coligação.

Ou seja, somos 13 autarcas sem Executivo. Lisboa sem sentido!

O 2º episódio segue dentro de momentos . . .

segunda-feira, novembro 02, 2009

CASAS


Começamos por uma casa, pelo sentimento uma força em exercício, um poder que vem de há muito tempo, quando essa casa era igual mas era uma herdade, um latifúndio, quando nada faltava a família, as empregadas na cozinha, o feitor, os campos, a vila ao fundo, e a voz do avô a comandar o mundo.
Agora há fotografias no Alentejo em vez de pessoas, e há objectos, cientes que também acabarão sem ninguém, há memórias de quem dorme, ou morreu, mortos que não sabem se a vida foi vida, há os irmãos, um é autista, e a imagem da mãe muito nítida, sempre de costas
(alguma vez a vi sem ser de costas para mim?).
Nessa altura já não se sabia a que cheira o vento, como não se sabe para onde foi a Maria Adelaide, morta também, foi para Lisboa?

A herdade foi tirada ao autista, e a doença (de quem?) é um arquipélago branco nas radiografias dos outros, um arquipélago normal, inocente. Estão todos mortos ou estão todos a sonhar e trocaram de sonhos, como se pudessemos trocar de sonhos.
De qualquer forma, sabemos que daqui a nada será manhã mas aquilo que se disse ainda se ouve lá dentro
(- Não precisa de se casar comigo menino o seu pai nunca casou comigo)
E então vamos sabendo que não será manhã nunca.

António Lobo Antunes - 2008





Ao rememorar os fatos acontecidos sob o seu teto, a Casa conta histórias que viu, ouviu, opina e faz juízo sobre as atitudes de seus moradores, mostrando o universo místico que perpassou o tempo e se manteve através das gerações que se sucederam: são provérbios e crenças cujo teor é transmitido como uma verdade que deve ser seguida. A invocação dos santos e as orações reiteram a atmosfera mítica que envolve as pessoas, inclusive a Casa, que tem o nome de Trindades, o Vento e a Morte, três personagens que atuam sob o efeito da antropomorfização.

A narrativa tem início com a Casa já se apresentando como narradora e dando detalhes ao leitor sobre a sua construção, o capricho do português (Francisco José Gonçalves Campos) que a executou com esmero, com matéria prima de primeira, dando-lhe a solidez que a fez resistir durante séculos. Fala sobre as reformas que sofreu na mão de outros donos, da falta de projeto e da péssima qualidade do material utilizado.

Em seguida, ela apresenta ao leitor Tia Alma, uma mulher devota das almas, que nunca se casou por conta do ar atoleimado que adquiriu ainda bebê quando tomou um vento. Ela criou sobrinhos e afilhados e morreu centenária. Quando, após anos, desenterram seu féretro, seu corpo estava intacto, mas imediatamente virou pó e foi levado pelo vento. Ficam as suas tranças, cujos cabelos permanecem vivos e foram guardados, durante muito tempo, como uma relíquia. (Só foram enterrados séculos depois, por Beatriz)

Sobre: Natércia Campos - 1999

domingo, novembro 01, 2009

A CASA DE JOSÉ BECHARA.: a anti-casa?




Escultura de José Bechara(2004), artista plástico brasileiro . A Fundação Calouste Gulbenkian trouxe- a Portugal.



É uma casa, de madeira, que cospe o seu interior, que vomita o mobiliário doméstico, que se desfaz do seu património material e, com ele, das suas memórias, dos tempos passados, dos lugares. Guarda intacto o espaço vazio e as paredes que separam o mundo interior do exterior. Tantas leituras possíveis, políticas, psicanalíticas, da não-memória colectiva . . .

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