[texto deste fim de semana no Semanário Económico]
O recente ciclo eleitoral terminou domingo passado. Em três meses votámos para eleger os eurodeputados portugueses, um governo (ou melhor, um conjunto de deputados à Assembleia da República) e os nossos governantes locais.
Foi um ciclo de uma intensidade política fora do normal, e que exigiu bastante a políticos e a eleitores. Foram toneladas de propaganda eleitoral, centenas de horas de tempos de antena, debates, comentários e ‘spin', milhares de metros quadrados de cartazes, ‘posters' ou ‘mupis'. A política estava no trabalho, no carro, em casa, nos cafés, nos jantares ou nos transportes públicos. Estava em todo o lado; e consequentemente desenvolvemos opiniões sobre o que se estava a passar, da política de educação ao código do trabalho ou o casamento entre pessoas do mesmo género.
Acabado o ciclo eleitoral regressamos então à normalidade. Já podemos ir ao cinema sem sermos atacados por uma qualquer juventude partidária à entrada do centro comercial, irmos ao supermercado sem termos de conhecer um par de candidatos da nossa freguesia ou conseguirmos navegar pelas ruas da cidade sem nos depararmos com a polícia a cortar a via pública devido a uma arruada.
No entanto, desenganem-se os que julgam que terminámos o ciclo político ou que teremos quatro anos de estabilidade governamental. Acabaram, de facto, as campanhas eleitorais e as eleições, mas a dimensão política do nosso quotidiano veio para ficar. E em circunstâncias muito interessantes. O facto de termos um Governo minoritário, e encaixado entre a esquerda e a direita, irá possibilitar que se discutam as opções governamentais de forma mais eficaz. O Governo, que antes pouco precisava de consensos (apesar de os procurar obter) é agora obrigado ao diálogo e à negociação. E José Sócrates já deu sinais disso e de não escolher parceiros preferenciais. E as oposições, que procuravam apenas ser anti-governo, terão agora de ser mais específicas e concretas para procurarem influenciar o governo.
Esta legislatura terá assim custos de governabilidade, mas ganhos de cidadania; isto porque os cidadãos estão hoje - depois de todas estas campanhas - mais informados e mais competentes para apreciarem criticamente as actividades do governo e das oposições. E se conseguirmos transportar esses novos conhecimentos - essas novas ferramentas - para o nosso quotidiano, podemos transformar a sociedade civil portuguesa num actor mais activo e dinâmico. Já sabíamos que os partidos políticos já não têm o monopólio da política, falta desenvolver uma sociedade civil mais interventiva e capacitada. E esse pode ser um traço muito interessante da nova normalidade.
O recente ciclo eleitoral terminou domingo passado. Em três meses votámos para eleger os eurodeputados portugueses, um governo (ou melhor, um conjunto de deputados à Assembleia da República) e os nossos governantes locais.
Foi um ciclo de uma intensidade política fora do normal, e que exigiu bastante a políticos e a eleitores. Foram toneladas de propaganda eleitoral, centenas de horas de tempos de antena, debates, comentários e ‘spin', milhares de metros quadrados de cartazes, ‘posters' ou ‘mupis'. A política estava no trabalho, no carro, em casa, nos cafés, nos jantares ou nos transportes públicos. Estava em todo o lado; e consequentemente desenvolvemos opiniões sobre o que se estava a passar, da política de educação ao código do trabalho ou o casamento entre pessoas do mesmo género.
Acabado o ciclo eleitoral regressamos então à normalidade. Já podemos ir ao cinema sem sermos atacados por uma qualquer juventude partidária à entrada do centro comercial, irmos ao supermercado sem termos de conhecer um par de candidatos da nossa freguesia ou conseguirmos navegar pelas ruas da cidade sem nos depararmos com a polícia a cortar a via pública devido a uma arruada.
No entanto, desenganem-se os que julgam que terminámos o ciclo político ou que teremos quatro anos de estabilidade governamental. Acabaram, de facto, as campanhas eleitorais e as eleições, mas a dimensão política do nosso quotidiano veio para ficar. E em circunstâncias muito interessantes. O facto de termos um Governo minoritário, e encaixado entre a esquerda e a direita, irá possibilitar que se discutam as opções governamentais de forma mais eficaz. O Governo, que antes pouco precisava de consensos (apesar de os procurar obter) é agora obrigado ao diálogo e à negociação. E José Sócrates já deu sinais disso e de não escolher parceiros preferenciais. E as oposições, que procuravam apenas ser anti-governo, terão agora de ser mais específicas e concretas para procurarem influenciar o governo.
Esta legislatura terá assim custos de governabilidade, mas ganhos de cidadania; isto porque os cidadãos estão hoje - depois de todas estas campanhas - mais informados e mais competentes para apreciarem criticamente as actividades do governo e das oposições. E se conseguirmos transportar esses novos conhecimentos - essas novas ferramentas - para o nosso quotidiano, podemos transformar a sociedade civil portuguesa num actor mais activo e dinâmico. Já sabíamos que os partidos políticos já não têm o monopólio da política, falta desenvolver uma sociedade civil mais interventiva e capacitada. E esse pode ser um traço muito interessante da nova normalidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário