Os Professores tornaram-se no ícone da "má governação" do País. Ora, se bem me lembro, este Governo introduziu transformações em vários sectores tais como Justiça, Saúde, Educação e Administração Pública.
Estes quatro sectores reagiram de diferentes maneiras às políticas sectoriais de mudança. No que respeita aos três primeiros, e porque são três sectores que integram cada um a sua corporação - respectivamente Juízes, Médicos e Professores - as reacções tiveram força e visibilidade. O último sector - a Administração Pública - não integra qualquer corporação sócio-profissional mas sim um conjunto plural de perfis sócio-profissionais (desde o jardineiro ao assessor principal) teve pouca força de reacção, foi pouco escutada nas ruas e nos media.
Continuando o raciocínio, deveríamos então ter neste momento três ícones da "má governação" deste Governo, Juízes, Médicos e Professores. Mas tal não se verifica. Acontece que o mal-estar social foi coisificado num único grupo corporativo: os Professores. Pergunto que factores, que forças, que movimentos levaram a esta coisificação ?
Acontece ainda que um outro tipo de mal-estar social situado, também, nas relações de interface entre os cidadãos e o Estado se coisificou num "grupo social" - os funcionários públicos - mal considerados / desconsiderados pela população em geral.
Em que se assemelham e em que diferem as relações entre os cidadãos e o Estado nos quatro grupos sócio-profissionais referidos? Os três primeiros grupos sócio-profissionais são percepcionados como actores que dão algo aos cidadãos: dão Justiça, dão Saúde, dão Educação. O último grupo sócio-profissional é percepcionado como o actor social que retira algo aos cidadãos: retira dinheiro dos impostos, retira tempo passado nas "filas", retira paciência no preenchimento de formulários. Assim, à partida e por definição social, os funcionários públicos vão ser reificados como o Mal, como a face visível do Monstro-Estado. Por muito que tenham reivindicado, nas ruas, o Povo não lhes deu ouvidos. Dos restantes três "grupos sociais", a oposição - à esquerda e posteriormente à direita - reificou os Professores. Porque a luta entre esta corporação e o Governo foi mediada por Sindicatos muito experientes.
O Povo sabe que o desígnio dos Professores é serem avaliados. Ignora se os restantes grupos sociais são ou não avaliados.
Nota: este post resulta do roubo que fiz a mim mesma, pois antes de o trazer para aqui, já era comment no blog SIMpleX.
And the dreamers? Ah, the dreamers! They were and they are the true realists, we owe them the best ideas and the foundations of modern Europe(...). The first President of that Commission, Walter Hallstein, a German, said: "The abolition of the nation is the European idea!" - a phrase that dare today's President of the Commission, nor the current German Chancellor would speak out. And yet: this is the truth. Ulrike Guérot & Robert Menasse
sexta-feira, julho 24, 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário