Estou absolutamente espantado que o meu camarada José Lello considere partidos de regimes ditatoriais (como o regime totalitário chinês ou a ditadura de José Eduardo dos Santos) ou partidos cujas acções estão claramente a pôr em causa a democracia no seu país (como é o caso do partido de Hugo Chavez), como sociais-democratas. A social-democracia, corrente ideológica do PS, nasceu para combater todas as formas de autoritarismo, e sempre teve a democracia como o único mecanismo para resolver questões políticas. Os sociais-democratas não são revolucionários e não impomos os nossos ideais pela força!
O PC chinês, o MPLA de Angola e Hugo Chavez não são sociais-democratas. Nem sequer são democratas.
Por isso, não consigo compreender como é que o congresso dum partido democrático como o PS aceita ter como convidados de honra, representantes de regimes autoritários que oprimem as suas respectivas populações. A sua presença no órgão máximo do PS, perante delegados eleitos em processo democrático por todos os seus camaradas, é um insulto a todos aqueles que no PS lutaram pela implantação da democracia em Portugal.
Sabemos por Nuno Gouveia que os representantes do partido de Hugo Chavez não vieram a Portugal, e que os representantes do regime totalitário chinês foram aplaudidos pelo congresso (!!!). Mesmo que tenham sido apenas aplausos de circunstância, na minha opinião é um acto vergonhoso. O PS defende a democracia. Não aplaude ditadores ou os seus representantes.
Tendo ouvido várias vozes a dizer que era necessário convidar estes indivíduos ao congresso do PS de forma a continuar a assegurar boas relações de Portugal com os respectivos países. A meu ver, argumentos como este representam uma concepção distorcida do que é um partido em democracia, mesmo quando está no poder.
Nos regimes autoritários, é normal que o partido dominante (ou único) seja confundido com o próprio Estado. Serão uma e a mesma coisa.
Em democracia, os partidos que estão no poder, que é sempre transitório, nunca se podem confundir com o Estado!
Portugal pode sentir a necessidade de ter boas relações diplomáticas com ditaduras. Isso é uma questão de política externa, definida pelos órgãos de soberania da República. Em nenhuma circunstância podem as acções do Estado português ser confundidas ou influenciarem acções partidárias. Da mesma forma que é inadmissível que interesses meramente partidárias possam influenciar as acções do próprio Estado.
O PS é uma coisa. O governo de Portugal é outra.
Quem não consegue compreender isto, não percebe o que é o PS ou a democracia.
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