Apareceu na passada semana na revista Visão uma reportagem/notícia, que também pode ser visto num blog da Bertrand (a editora do livro), sobre um livro intitulado Salazar, o Maçon. A tese defendida no livro, como o título do mesmo indica, é que Salazar era Maçon.
Estou curioso com o livro e tenho a intenção de o adquirir, já que estou extremamente curioso de saber como defende o livro esta tese num tempo e com um chefe de estado (supostamente Maçon) que permite isto:
"Lei n.º 1901, de 21 de Maio de 1935. Todos os funcionários públicos eram obrigados a assinar uma declaração rejeitando a Maçonaria e garantindo não serem membros dela, antes de poderem tomar posse nos seus cargos. A sede do Grande Oriente Lusitano (o Grémio Lusitano), foi confiscada e encerrada sendo entregue à Legião Portuguesa que nela instalou a sua sede." (in Wikipedia)
9 comentários:
Uma pergunta: quem é o autor da tese / do livro?
A questão importante parece ser esta: a tese -- Salazar era maçon -- é verdadeira ou é falsa? O autor dela tem menos interesse. Quando pergunto a alguém se está a chover interessa-me muito saber se a resposta «está a chover» ( ou «não está a chover») é verdadeira -- porque vou sair e quero saber se hei-de vestir a impermeável e levar o chapéu de chuva, ou tenho de recolher a roupa que tinha posto à janela a secar durante um período de sol. Pouco me importará a biografia da pessoa que me deu a resposta.
A questão da Lei n.º 1901, de 21 de Maio de 1935 talvez nem seja abordada pelo autor.
Pois sim...calculo que o autor quando escreveu o livro estivesse debaixo de um enorme temporal...e isso porque não acreditou em alguém que ao lado dizia "está a chover"...provavelmente informou-se mal e com as fontes erradas...ou então é um criativo, como há por aí muitos!
Afinal enganei-me. Diz quem conhece a pré-publicação do livro que o autor aborda expressamente a questão da Lei n.º 1901, de 21 de Maio de 1935, respondendo às questões que agora são levantadas.
Vera: Costa Pimenta (clica no link que eu deixei no post que vês o blog da Bertrand)
Paulo: Ainda bem que responde, ao menos a minha curiosidade fica satisfeita.
Será que responde à diferença existente entre as três traves mestras da Maçonaria (Liberdade, Igualdade e Fraternidade) e o regime que esse senhor implementou em Portugal?
Tive a oportunidade de ler o livro (que só sexta-feira, dia 3 de Abril, é posto à venda). A conclusão do livro é a seguinte:
«CONCLUSÃO
No final de cada um dos dez capítulos antecedentes, apresentámos dez pares ordenados de premissas: [...]. De cada um destes pares ordenados segue-se a conclusão: «Salazar é maçon».
Claro que ninguém é obrigado a aceitar esta conclusão. Todavia, só há uma maneira racional de não a aceitar que é disputar com êxito pelo menos um dos membros de cada um dos referidos pares ordenados de premissas. Concretamente, depois de rejeitado A1 ou B1, A2 ou B2, A3 ou B3, A4 ou B4, A5 ou B5, A6 ou B6, ao chegar à prova das Paixões, quem quiser afastar a conclusão C7 — Salazar é maçom — terá que rejeitar a premissa A7 ou a premissa B7 ou ambas, conseguindo, por exemplo, uma melhor explicação para os pensamentos, crenças e vocabulário de Salazar acerca das paixões. Terá ainda de prosseguir rejeitando A8 ou B8, A9 ou B9 e A10 ou B10.
Além disso, existem muitas outras provas semelhantes às dez que neste livro foram apresentadas, a saber, por ordem alfabética: a prova A Bem da Nação, a prova da Agremiação, prova da Alma Humana, a prova da Autoridade, prova do Elo da Cadeia, a prova da Câmara, a prova da Caridade, a prova do Comunismo, a prova do Despotismo, a prova dos Deveres, a prova de Estar de Pé e à Ordem, a prova das Estrelas do Céu, a prova da Fábrica, a prova do Facho, a prova da Família, a prova do Fanal, a prova da Felicidade Possível, a prova do Fogo Interior, a prova da Força Armada, a prova da Força e Vigor, a prova da Incenso, a prova dos Marcos Miliários, a prova da Morigeração dos Costumes, a prova do Neófito, a prova do Obreiro, a prova do Oriente Eterno, a prova do Quadrilátero, a prova dos Partidos, a prova da Pátria, a prova da Prevalência do Espírito sobre a Matéria, a prova da Razão, a prova da Regeneração, a prova da Revolução, a prova do Trabalho, a prova Tudo pela Nação, Nada contra a Nação e, a prova do Zelo dos Neófitos. Assim, quem pretender negar a conclusão — Salazar é maçon — terá de rebater igualmente, uma por uma, todas essas provas.
Acresce que existem muitas outras provas públicas de que Salazar era maçon e não escondia essa qualidade. Tal é o caso, por exemplo, dos gestos e sinais maçónicos por ele realizados à vista de toda a gente — há imagens e fotografias disso.
Por outro lado, se Salazar era maçon, então os seus escritos dizem muitos mais do que aparentam dizer. Na verdade, os maçons escrevem da seguinte maneira:
[C]om um «positivo» de leitura directa e acessível aos profanos e um «negativo», apenas decifrável por um restrito universo de iniciados.
Por conseguinte, os escritos de Salazar serão uma mina de informações, embora só ao alcance de um número restrito de pessoas. Realmente, usando o idioma maçónico, Salazar diz, por exemplo, de Portugal, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e do Cardeal Cerejeira coisas verdadeiramente surpreendentes.»
Eu não li o livro, é verdade mas aqui e ali interessei-me por organizações secretas nomeadamente as nossas duas grandes líderes -Maçonaria e opus dei.
Que absurdo. Salazar maçom? Todos sabem que em todas as ditaduras os maçons foram perseguidos.Salazar opus dei? Têm de haver factos mais credíveis,mas é uma hipótese a provar muito mais plausível.
só afirma tal coisa quem nunca leu um pouco dos ideais dessa organização. Ora perguntem a António Arnaut sobre este disparate. Se ele, maçom assumido disser que é possível então já passo a acreditar. Às vezes é tudo uma questão de fé. Ou então de grande confusão.
E há por aí muitos escritos que não passam de grandes confusões.
Salazar Maçom?
A seguir publicar-se-á Salazar era comunista. Todos os sabem. E também era o maior democrata da história. Há é por aí umas e outras ts más linguas que o apelidam de ditador, mas tudo o que fez, todos sabem era em prol da democracia. Estas e outras teses podem ser lançadas.A criatividade não tem limites, todos sabem. Mas o limite entre a criatividade e a realidade são so factos que suportam cada uma. Aos factos passados e presentes chamamos de realidade e aos que daí se seguirão ou aos que gostávamos que fossem sustentamos na criatividade.E tudo o que possa sustentar esta tese é certamente fundamentado numa bela criatividade. Basta ler um pouco da ideologia das organizações secretas nomeadamente da Maçonaria para desfazermos qualquer dúvida.
E não estou aqui a defender nada nem ninguém, mas acho que este tipo de obras só trás confusão a mentes poucos esclarecidas.
Pelos vistos, o livro em questão está a ser um êxito porque está na montra da Livraria Bertrand do Centro Comercial Colombo (ao lado do Dan Brown), já em 2.ª edição, o que significa que esgotou a 1.ª edição.
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