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Mas é muito, muito perto! É em cima da boca do pipe-line que alimenta a Europa. Pipe-line que foi construído num pobre país, maioritariamente cristão ortodoxo (e enclaves muçulmanos) e rural, a Geórgia. Quem conhece a filmografia de Otar Iosseliani sabe, por alto, das condições e características desse país. Iosseliani esteve na Cinemateca Nacional, em Lisboa, há dois anos (Verão de 2006) a convite de Bénard da Costa, e, a propósito de um seu filme-documentário, disse-se entristecido com a sua terra natal, de onde se exilou há anos para Paris; e sem qualquer esperança sobre o futuro da Geórgia...
O pipe-line não foi construído com dinheiros russos. A Europa não pode viver sem o gás natural que nos chega da Geórgia. Por que estamos nós, povos europeus em férias, a assobiar para o lado, como se nada fora connosco? Esta Guerra é, também, nossa. Atinge-nos nos nossos valores democráticos e humanos e no nosso sistema de produção, baseado, até mais ver, no petróleo.
Quem nos garante que tenhamos para o ano mais uma silly-season à beira-mar, de papo para o ar?
Duas coisas são certas:
1. Há 200 anos que os povos do Cáucaso e as suas diversidades étnicas e religiosas são espinhas cravadas na funda garganta russa, czarista ou soviética. Mais, ou menos, anexados, foram sempre lugares de resistência contra a hegemonia russa, verdadeiras "aldeias de Astérix" dentro do Império.
2. A força russa foi, no decurso desta semana de Guerra, desproporcional, pela supremacia, às forças da Geórgia e cometeu ferozes atrocidades contra "civis", utilizando bombas desumanas.
Hélàs!, as férias continuam.
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