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Os jogos da XXIX Olimpíada começaram com uma cerimónia de abertura espectacular. Já se antevia que os chineses, com a sua leitura própria da contemporaneidade e da tradição, aliada à experiencia na organização de grandes eventos de (e para) massas, elevassem o conceito das cerimonias a um outro patamar, entrando estes espectáculos verdadeiramente no século XXI.
Tenho para mim que a melhor cerimónia de abertura foi a de Barcelona 92 (a dos Fura del Baus), pois soube aliar a criatividade à espectacularidade do evento catapultando, definitivamente, a Espanha para o palco mundial. Neste sentido, a cerimónia de 2008 não foi tão criativa (no sentido teatral), preocupada que estava, em minha opinião, em demonstrar que a síntese entre o passado e o futuro, entre a tecnologia e a tradição, entre o desenvolvimento sustentável e a persecução da Paz no mundo é liderada pelo Império Chinês, e não por qualquer potência ocidental.
Esse objectivo foi conseguido, com um conjunto de quadros muito bem conseguidos do ponto de vista cénico (o dos tambores iniciais ou o dos caracteres, por exemplo); do ponto de vista criativo (o da papiro pintado pelos bailarinos) e do ponto de vista tecnológico (os quadro que mostra os anéis olímpicos no centro, ou o do rolo de papiro, etc). O exemplo mais conseguido é o do percurso final da chama olímpica, que culmina com uma espectacular volta ao estádio não ao nível do solo, mas percorrendo a lateral da cobertura, confirmando que os heróis de Shaolin sempre existiram. O quadro final mostrava que a modernidade chinesa se desenrola bem fora dos conceitos tradicionais ocidentais, como o afirma o simbólico triunfo sobre a gravidade, demonstrando que a China quer ser, definitivamente, a potência hegemónica do século XXI (e já não o é?).
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Esse objectivo foi conseguido, com um conjunto de quadros muito bem conseguidos do ponto de vista cénico (o dos tambores iniciais ou o dos caracteres, por exemplo); do ponto de vista criativo (o da papiro pintado pelos bailarinos) e do ponto de vista tecnológico (os quadro que mostra os anéis olímpicos no centro, ou o do rolo de papiro, etc). O exemplo mais conseguido é o do percurso final da chama olímpica, que culmina com uma espectacular volta ao estádio não ao nível do solo, mas percorrendo a lateral da cobertura, confirmando que os heróis de Shaolin sempre existiram. O quadro final mostrava que a modernidade chinesa se desenrola bem fora dos conceitos tradicionais ocidentais, como o afirma o simbólico triunfo sobre a gravidade, demonstrando que a China quer ser, definitivamente, a potência hegemónica do século XXI (e já não o é?).
Muito se tem referido em relação aos aspectos políticos dos jogos, as questões do Tibete, dos Direitos Humanos e das liberdades políticas. Bom, em primeiro lugar, não me lembro de assistir a uns jogos olímpicos onde a política estivesse ausente (como bem assinala a Joana Lopes no excelente caminhos da memória).
Em segundo lugar o movimento olímpico nunca impôs condições de democraticidade nem aos seus membros nem aos participantes dos jogos. Fazê-lo seria assumir um espaço que não é seu, nunca foi, e apresentar o Comité Olímpico Internacional como uma instituição que assumisse as verdadeiras consequências políticas do desporto, o que também nunca fez.
Por fim, basta recordar os frequentes escândalos que envolvem o COI para perceber que não há nenhum interesse em reclamar democracia ou respeito por direitos humanos. Não são os seus dirigentes (internacionais e nacionais) regularmente acusados de corrupção, de falta de legitimidade democrática e de transparência? Quem «elege» os representantes do COI? Quem decide onde se realizam os jogos? Que gere os milhares de milhões de euros que envolvem os jogos? Quem controla o COI? Ou o COP?). Talvez não fosse má ideia se antes de se pedir legitimidades externas houvesse a preocupação de exigir um melhor escrutínio interno.
Em segundo lugar o movimento olímpico nunca impôs condições de democraticidade nem aos seus membros nem aos participantes dos jogos. Fazê-lo seria assumir um espaço que não é seu, nunca foi, e apresentar o Comité Olímpico Internacional como uma instituição que assumisse as verdadeiras consequências políticas do desporto, o que também nunca fez.
Por fim, basta recordar os frequentes escândalos que envolvem o COI para perceber que não há nenhum interesse em reclamar democracia ou respeito por direitos humanos. Não são os seus dirigentes (internacionais e nacionais) regularmente acusados de corrupção, de falta de legitimidade democrática e de transparência? Quem «elege» os representantes do COI? Quem decide onde se realizam os jogos? Que gere os milhares de milhões de euros que envolvem os jogos? Quem controla o COI? Ou o COP?). Talvez não fosse má ideia se antes de se pedir legitimidades externas houvesse a preocupação de exigir um melhor escrutínio interno.
(A continuar)
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