domingo, maio 04, 2008

Legelizit

Hoje estava a ir ter com um amigo meu, ali para os lados de São Mamede (entre o Príncipe Real e o Rato) quando foi alertado por um agente da autoridade que o trânsito estava cortado devido «à manifestação». Outra, pensei eu! que raio. Quem é desta vez. (e puz-me a pensar... o 1º de Maio tinha sido há dois dias, e os tipos já querem outra manif... não fazem mesmo mais nada...).

Rapidamente verifiquei que o meu raciocínio estava errado. Era a Marcha Global da Marijuana (que sempre pensei que se escrevesse Mariajoana).

Sou, desde há muito, acérrimo defensor da legalização total das drogas. E refiro-me a todas as drogas - leves e duras - e ao consumo e tráfico. Não entendo, de todo, porque é que os Estados dispendem recursos neste tema. Só vejo vantagens na total legalização.

Do ponto de vista filosófico, o que estamos a dizer é que confiamos na capacidade das pessoas poderem escolher o seu estilo de vida. São livres para o fazerem, desde que essa decisão incorra sobre si mesmo. Nesse sentido, não me incomoda nada que sujeito A consuma Marijuana, sujeito B Heroína ou sujeito C Cocaína. Desde que não me incomode...

São quantas as pessoas ditas normais que recorrem ao uso diário de drogas, receitadas e não? Quantos são os cidadãos ditos normais que só funcionam com uma dose diária de Fluoxetina, de Xanax, de Benzodiazepinas ou de Anti-depressivos, quer necessitem ou não?


O argumento da escalada das drogas (fulano A consome Marijuana no dia 1, e no dia 100 já está agarrado à Heroína) está longe de ser provado. Aliás, o que está comprovado é que o tráfico das drogas leves e duras anda lado a lado, o que leva o consumidor geral ao contacto entre ambas as variedades de drogas. Ou seja, é mais provável que traficante A, que vende Marijuana e Heroína (por exemplo), a certa altura retire a droga leve do mercado e inunde o mesmo da droga dura. Perante tal situação, é provável que o consumidor geral seja tentado a trocar de droga de escolha, caindo assim na dupla dependência da droga dura em cauda e da relação com o traficante.

Por este motivo, não antevejo que haja um aumento do número de consumidores; pelo contrário, a legalidade afastará muitos daqueles que procuram no consumo de droga o risco.



Por fim, se o Estado legalizar o tráfico das drogas pode, por um lado, aferir sobre a qualidade das mesmas (um problema na droga da rua); e, por outro, taxar este género de comércio. Assim não só encontrará nova fonte de receita (que poderá ser colocada em campanhas de sensibilização, em política desportiva, salas de chuto, por exemplo)

[a imagem reporta a marcha no Brasil, mas não importa, a ideia é a mesma]

[Shyz, não te vi por lá... também não te procurei nem fiquei muito tempo...]

3 comentários:

Light my fire disse...

Inteiramente de acordo. Não sou consumidor, mas como quase toda a gente da minha geração e não só (incluindo vários ministros deste de de outros governos, pois é...) fumei marijuana e haxixe quando era mais novo. E ainda hoje, já quarentão e pai de família, sou capaz de dar ocasionalmente uma "passa", se o ambiente for propício. A verdade é que, quando decidi que não me apetecia mais ser um fumador regular, não me custou nada deixar de sê-lo. Limitei-me a deixar e pronto, não houve nenhum sindrome de privação nem nada. Já quanto ao tabaquinho dito normal (e legalizadíssimo, apesar da lei anti-tabaco) a coisa não é tão fácil, como sabe qualquer fumador...
A questão da legalização das drogas passa, a meu ver, tanto por aspectos de ordem política como económica. Embora pessoalmente eu tenha horror a coisas como a coca ou a heroína, que nunca experimentei nem quero, também defendo a legalização total, que entendo como a única maneira eficaz de combater o tráfico. O problema é quem ganha com a actual situação. Uma vez mais, é tudo uma questão de seguir o rasto do dinheiro...

Iza disse...

Bom post está em sitonia com muitos blogs aqui do Brasil
Uma abraço

Shyznogud disse...

:-( não viste porque, infelizmente, não estava lá.

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