terça-feira, maio 15, 2007

Lisboa, Cidade Cri@tiva.


Lisboa, Cidade Cri@tiva.

Tenho para mim, já há algum tempo, que é essencial que o PS em Lisboa apresente um bom candidato, uma boa equipa e um bom projecto. Candidato já temos. Falta a equipa e o projecto.

1. A equipa
António Costa, pelo estatuto e pela experiência política que acumulou, tem a possibilidade de poder construir uma equipa dele, pouco influenciada por pressões que possam vir deste ou daquele quadrante do PS. O pior que poderia acontecer em Lisboa, nestas eleições, era o PS apresentar um candidato completamente remendado, fruto de acordos dentro das suas estruturas internas. Lembro que não seria o primeiro, Manuel Maria Carrilho deixou que se apresentasse como equipa um conjunto de figuras pouco coesas e dificilmente sustentáveis num projecto que se quer solidário e a rumar para o mesmo lado.
A António Costa é vital que consiga a equipa que quer, onde todos saibam respeitar a hierarquia e o projecto a apresentar a Lisboa, e onde a determinante de pertença não seja exclusivamente política e partidária. Já o disse, e repito, o PS necessita de valências que, temo, não encontra com facilidade no seu seio. Há que ou ir à «sociedade civil» ou desenvolver um projecto suficientemente agregador para potenciar a relação PS - Sociedade Civil, no meu entender essencial para o futuro da cidade.
Há já algum tempo que tenho reflectido sobre que projecto, que Ideia deve sustentar o desenvolvimento de Lisboa para a próxima década e, no seguimento do que acima escrevi, penso que esse não pode, hoje, ser suportado exclusivamente por uma força partidária.
É aceite que os partidos políticos estão em off, não atraem massa crítica, não conseguem se libertar do estigma da má politica, do amiguismo, dos jobs for the boys. Por mais bons exemplos que existam, a verdade é que as condicionantes das suas vidas internas são demasiado visíveis nos organismos estatais, autárquicos ou afins. É assim quando o PSD e o PP estão no poder, é assim, infelizmente, e em alguns casos, com o PS.
É visto com naturalidade a colonização de Ministério X ou de Departamento camarário Y com elementos do sindicato de voto interno, concelhio, federativo ou mesmo de nível de secções (nomeadamente quando essa secção tem poder nas freguesias). É disto que Pacheco Pereira tem vindo a alertar e esta é uma realidade demasiado dispersa. Isto afasta o cidadão comum da política dos partidos, reduz o leque de recrutamento destes e atrai o político oportunista de segunda, que facilmente sobe na estrutura partidária se souber colocar bem as suas peças no xadrez da secção/concelhia/federação.
Lisboa não necessita desta gente. Basta ver o lastro que os mais de 1000 acessores deixaram na CML, no consulado PSD / PP.
Isto não quer dizer que os partidos políticos estejam, para mim, falidos, ou que necessitemos de alguma refundação democrática à italiana e tal; não. Quer dizer apenas que na vida política a definição da acção tem de passar do próprio para o outro. Cabe aos partidos saberem se apresentar com outros argumentos, com outras lógicas e com outras figuras. E eles têm-nas.
Neste sentido, o PS, ao escolher António Costa, apresenta um exemplo do melhor que há ao nível do serviço público altruísta de qualidade, responsabilidade e de projecto. Ao escolher António Costa, o PS procura desmentir a inevitabilidade da má escolha e demonstra que um partido que quer ser progressista e ter a responsabilidade de gerir o bem comum - como a CML - , pode gerar, de dentro dos seus militantes, candidatos e equipas de qualidade superior.

2. O projecto
Mas não basta candidato e equipa, penso que é decisivo o projecto. Claro que a condição financeira da CML condiciona, à partida, muito do que se possa avançar, remetendo mesmo tudo o que não seja a solvência financeira da câmara para plano secundário. Mas, apesar de entender ser absolutamente estruturante a apresentação de uma task force de exclusiva dedicação ao assunto financeiro, a Ideia para Lisboa não pode ficar refém de uma política e de uma visão exclusivamente monetarista. Lisboa é, e tem de ser, muito mais. Tem de ser modernidade, tolerância, criatividade. Tem de ser competitiva, contemporânea, capital. Lisboa tem de ser Cultura.
Defendo, assim, que haja uma Ideia agregadora para servir de catalizador de uma nova fase de desenvolvimento na vida de Lisboa, atirando-a para a contemporaneidade e para a dinâmica do século XXI. A Lisboa institucional ainda não entrou no novo século. A sua sociedade civil sim. Hoje Lisboa pulula de ideias, iniciativas e projectos. Todos feitos à margem do poder autárquico. E este divórcio necessita de ser anulado.
Do que tenho visto, lido e reflectido, parece-me que o conceito das «Cidades Cri@tivas», devidamente enquadrado na cultura lisboeta, pode e deve poder ser utilizado e desenvolvido. Sumariamente, este conceito consagra três «t’s»: Talento, Tecnologia e Tolerância, e assume que as políticas de desenvolvimento sustentáveis e integradas nas cidades contemporâneas se assentam na maximização do seu potencial de criação sustentada na sua massa humana envolvente e envolvida.
Esta Ideia sustenta que uma Cidade com capacidade de apoiar e promover criadores consegue ser atractiva e socialmente mais equilibrada; que uma cidade com capacidade de se apoiar nas suas redes sociais e humanas pode transformar o seu cosmopolitismo transversal numa existência solidária e competitiva.
Seria através do aproveitamento das diversas redes já existentes na sociedade civil, devidamente enquadradas com a experiência de gestão pública da equipa liderada por António Costa, que se desenvolveria a nova atitude para cidade. Uma vez retomada esta ligação (já existente, por exemplo, no tempo das grandes realizações culturais de Lisboa de Jorge Sampaio e João Soares), o potencial de construção multiplica-se.
A Ideia é envolver a cidade na cidade, construindo um discurso mais inclusivo e moderno. A Cidade Cri@tiva que defendo, albergando gentes de todas as raças, credos, tendências, géneros e formas de vida, é uma cidade que vive nela, de forma orgânica. É uma cidade que se solidariza e que cria. É uma cidade que atrai e compete. É uma cidade que projecta e cumpre.
E hoje, no panorama político actual, e com a anúncio de António Costa, estou certo que só o Partido Socialista pode liderar este novo ciclo de desenvolvimento da cidade capital de Portugal. Um ciclo que, em dez anos dará a Barcelona o exemplo… de Lisboa.

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