And the dreamers? Ah, the dreamers! They were and they are the true realists, we owe them the best ideas and the foundations of modern Europe(...). The first President of that Commission, Walter Hallstein, a German, said: "The abolition of the nation is the European idea!" - a phrase that dare today's President of the Commission, nor the current German Chancellor would speak out. And yet: this is the truth. Ulrike Guérot & Robert Menasse
domingo, agosto 02, 2009
IGUALDADE DE GÉNERO. Os discursos da testosterona?
Cito o programa do XVII Governo Constitucional para 2005 – 2009:
Reforço da participação política das mulheres em todas as esferas de decisão, cumprindo o artigo 109º da Constituição e estendendo o seu entendimento à economia e à inovação.
E chamo a atenção para a forma como as mulheres políticas continuam a ser tratadas nos discursos mediáticos, nos discursos quotidianos e, last but not least, nos discursos de reflexão e análise política. [...] São disso exemplo os ataques a Joana Amaral Dias (em quem eu nunca votei) e a Manuela Ferreira Leite (em quem eu nunca votei) que deixam passar, ora subrepticiamente ora explicitamente, apreciações extra-políticas, localizadas num factor, a idade. Relativamente à primeira por ser uma jovem, à segunda por não ser uma jovem.
Parece que o “reforço da participação política das mulheres em todas as esferas de decisão" tem causado muitos engulhos aos “homens em todas as esferas de decisão”. Não podendo impedir a entrada nas arenas políticas e de poder, a reacção a estas protagonistas situa-se, ao nível do discurso, em qualificativos referidos ao corpo e ao suposto sex-appeal (ou à sua suposta ausência) das mulheres-na-política - sexy e velha – a partir dos quais são simbolicamente anuladas as competências que deveriam ser objecto de análise, as competências políticas.
Dir-se-ia que o factor tempo incide fortemente nos corpos femininos das mulheres políticas, incapacitando-as para o exercício do poder político quer por serem jovens (demais?) quer por terem idade (a mais?). No entanto, o tempo parece não se constituir como um factor que, incidindo nos corpos masculinos, os incapacita para o exercício do poder político. Muito pelo contrário, um jovem político “tem garra”, um político menos jovem tem “sabedoria e experiência”. O tempo de duração na vida política é outro factor a pesar na longevidade da permanência no campo político, se de uma mulher se tratar. De Helena Roseta disse-se - aquando do pacto com António Costa - estar gasta (na política? na vida? ou na política porque na vida?).
Falo de discursos e de rastos e restos de violência simbólica neles contida. Das práticas direi de minha justiça num futuro post. Como não acredito na imutabilidade dos comportamentos humanos - imutabilidade baseada em correntes de pensamento vindas da sociobiologia - quero crer que estes "discursos da testosterona" o não são. Serão, sim, produtos de "habitus" (Bourdieu) incorporados por processos de socialização que se reproduzem de geração em geração.
Nota
Post (da minha autoria) publicado no dia 1 de Agosto de 2009 no blog SIMpleX
Etiquetas:
discurso da testosterona,
Igualdade,
igualdade de género,
Vera Santana
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário