quarta-feira, agosto 30, 2006

FCT


Simplex,

Com toda a pompa e circunstância são anunciados «Planos Tecnológicos», Autoestradas informativas, o fim da burocracia desnecessária e reprodutiva. Pois bem, eu compor o discurso. Pago e quero resultados.

Pois bem, depois de vários flopes (ou Santanas) eis que o últimos dias vividos no seio da maquina do Estado, em virtude de estar envolvido em candidaturas de projectos de investigação (a serem apresentados à FCT), vieram comprovar a falta de visão antecipatória das nossas principais instituições, a escassez de recursos efectivos e a incapacidade de resolução lesta e prática dos problemas não antecipados e decorrentes, em última análise, de má gestão.

A situação contextualiza-se num par de linhas.

A FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Ensino Superior) é quem em Portugal financia bolsas. De Mestrado, Doutoramento e Pós-Doutoramento. Toda a gente concorre. É também a FCT que, de tempos a tempos, abre concurso para projectos de investigação. A este todas as instituições concorrem. Decorre até dia 31 de Agosto o prazo para a submissão das candidaturas. Tudo online. No último dia 25 de Agosto, sexta-feira, foi o dia em que a aprovação das bolsas foram tornadas públicas, justo no último dia legal para a sua apresentação. Tudo online. Simplex. Tecnológico.

Desde segunda-feira que nada funciona no site da FCT. 5000 visitas em simultâneo, dizem, em tom justificativo. « - não esperávamos»… Claro que não, toda a comunidade cientifica deste país depende desses dinheiros. É a definição dos financiamentos para os próximos 3 anos, de toda a gente. Seria de esperar que fossem visitar o site para saberem da sua vida, não???

Resultado, às 2.30 da matina até que se faz alguma coisa. De resto, é para esquecer. Desesperar. Partir a cara a alguém. Cada vez que se pensa que consegue introduzir algo nos diversos formulários, expira a sessão, lá temos de introduzir todos os códigos, nos diversos níveis de acesso, esperar pelo carregamento – lento e incompleto – de páginas para, quando já estamos novamente quase a terminar o tempo, nos depararmos que tudo o que tínhamos conseguido fazer na última hora não gravou, não inscreveu [é aqui que a vontade de bater aparece…].
A reacção institucional, à boa maneira lusa, foi o seguinte comunicado

COMUNICADO
Dado o numero excepcionalmente elevado de acessos que se tem verificado nos últimos dias da submissão de projectos no âmbito do concurso aberto desde 15 de Junho, a FCT esta a envidar todos os esforços no sentido de resolver as dificuldades criadas por esta situação.
Para alem das medidas que a FCT esta a tomar, nomeadamente no que se refere ao reforço do equipamento informático, aconselha-se todos os proponentes a quem apenas falte validar e selar a candidatura que enviem um e-mail para
submissão.projectos@fct.mctes.pt com a chave publica do investigador responsável (IR) e a referencia da candidatura.
No caso de não serem detectados erros de preenchimento a candidatura será lacrada pelos FCT e enviada confirmação por e-mail.
No caso de serem identificadas falhas de preenchimento será enviada por e-mail a respectiva para que o IR proceda as correcções adequadas.
Solução? O problema, não sei se estão a entender, não é a parte de lacrar (se bem que esta também possa dar algumas chatices). Tudo se passa antes. Como vai ser possível carregar formulários complexos e densos? Conferir currículos, todos em inglês, equipes de investigação, contas, orçamentos, pessoas/mês, State of the Art, Abstract, resultados, impactos, etc? Como podemos trabalhar se a ferramenta apregoada e vendida não funciona? Sem falar nas dezenas de horas dispendidas, no stress acumulado, do sono perdido.

Até quinta-feira, deadline para lacrar as candidaturas, o pânico, já instalado e a disseminar-se, deve aumentar.

Hoje, depois de uma manhã de absoluto desespero onde, depois de uma noitada até às 6 a preencher formulários online, foi acordado às 9 por um colega de projecto, quando reparou que me tinham trocado de género. De José passei a Sandra. Eram 9 horas e pela hora de almoço o projecto seria lacrado (não aceitando mais mudanças à posteriori). Só tinha de mudar o meu nome, o número de telefone. Conseguimos fazê-lo às 13 horas.

Quero ver os próximos dias.

Simplex? Venha lá essa folha de papel, esse selo branco e a velha burocracia. Prefiro uma qualquer «Dona Teresa da Secretaria» ao «Senhor Manel da Informática».

4 comentários:

Unknown disse...

Sandra,

Já pensaste que pode ter sido uma Dona Teresa da Secretaria a escolher a solução apresentada pelo Senhor Manel da Informática mesmo após este ter dito, claramente, que esta é a pior solução, mas também é a mais barata. Dá para cerca de 2000 acessos! Ah! Chega perfeitamente! responde a Dona Teresa da Secretaria...

Isto para dizer o quê? Que estou farto de ouvir dizer que o problema é da informática. Em 90% dos casos não é. É do gajo que não gosta de investir a sério e fica-se pelo mal menor. Software do século XXII em máquinas da revolução industrial. Ou informação disponível para dez milhões e capacidade de acessos para dois mil. Porque será que no Google, no Yahoo!, no MSN, ou no nosso Sapo (embora este seja mas lento) estas coisas nunca sucedem?. Deves conseguir imaginar o que é não teres condições para por o teu sistema a fazer o que é necessário, à rapidez necessária, teres que te matar para por aquilo menos mal (e, às vezes, o menos mal é simplesmente funcionar), e no final ouvires Paguei por esta porcaria? Isto não me serve, é lento,etc....

Vejam sites de instituíções internacionais e comparem... Será que os senhores Maneis da Informática de lá (os John Doe's) serão melhores? Ou haverá outra diferença?

Geosapiens disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Geosapiens disse...
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Geosapiens disse...

...hehehe...olhas os Velhos do Restelo...é mesmo investigadores cheios de pó...;)...

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