segunda-feira, abril 03, 2006

Do Cacique II

Do Cacique II

Democracia: substantivo feminino;
Sistema politico em que a autoridade emana do conjunto dos cidadãos, baseando-se nos princípios de igualdade e liberdade;
Nação democrata

in www.infopedia.pt

Para podermos fazer um juízo de valor sobre o cacique, é importante compreendermos a sua definição, o seu modo de funcionamento e as suas vantagens e defeitos. O cacique não é mais do que uma forma de angariação de votos, ou seja, tem a sua origem na democracia. Sem democracia não existe cacique.

Isto é um facto importante para a compreensão deste fenómeno. O ideal da democracia defende a ideia de que todos devem ser livres para decidir o seu próprio sentido de voto e que uma pessoa equivale a um voto. Em termos da liberdade de voto, o cacique não a limita, visto que actualmente, é uma actividade voluntária. Ou seja alguém deixa-se cacicar, por razões pessoais, profissionais, politica ou ideológicas, de livre vontade.

O que o cacique faz é alterar a ideia de uma pessoa, um voto, em que uma pessoa “controla” uma determinada quantidade de votos. Assim, para ganhar uma eleição só se precisa ter o apoio dos caciques, que eles tratam de angariar os votos necessários.

Em termos gerais, só nas eleições internas dum partido é que os caciques são determinantes, porque numa eleição geral o peso da media é muito mais determinante. O importante é a razão pela qual os caciques continuam a ser determinantes nas eleições internas dum partido, e em todas as actividades dum partido.

Dentro dos partidos, o número de votantes é muito mais reduzido, o que permite que o resultado duma eleição interna seja influenciável por um número reduzido de caciques, o que possibilita a sua existência e, embora ajude a explicar a sua origem, não explica porque é que se mantêm como a maior determinante de progressão politica interna.

Se olharmos para a evolução dos caciques, que se transformaram na força motora da mobilização dos militantes, podemos começar a vislumbrar uma razão para a sua preponderância. Grande parte da actividade dos partidos depende da capacidade de mobilização dos seus militantes, seja para jantares, comícios ou acções de rua.

Numa sociedade participativa e activa politicamente, em que as pessoas participam em todo o tipo de manifestações politicas, não existe tanto espaço para caciques. Mas na sociedade actual, em que existe um claro desinteresse da população e um crescente distanciamento das pessoas em relação aos partidos, os caciques florescem como única forma de mobilização dos militantes para actividades politicas, de impacto mediático.

O irónico é que os caciques são apontados como uma das razões para o distanciamento das pessoas em relação aos partidos.

Os partidos, ao empolarem a importância dos caciques, diminuem o espaço de intervenção de independentes, de pessoas que se interessam em discutir politica e em participar activamente na sociedade, mas que não têm interesse na vida interna dos partidos nem nas lutas por poder e lugares de destaque nos aparelhos partidários. Esta situação cria um vazio de debate interno e de capacidade de análise que é vital para a actividade politica se manter ligada à realidade social do dia-a-dia das pessoas.

Assim os caciques têm como vantagem a capacidade de mobilização dos militantes, e como desvantagem servirem de barreira à participação das restantes pessoas. Como ultrapassar estas desvantagens?

[continua]

João Boavida

1 comentário:

Marco Aurélio disse...

Enconrei o seu blog por acaso pocurando que estava falando de politica nas últimas horas.Parabéns, bons posts.

Um abraço

Marco Aurélio

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