Sobre Direita e Esquerda
Eu entendo que tenhas de defender essa tua «dama», esse grande marechal da democracia. Mas não achas que escolhes uma figura, que como cunhal, requer esquecimento? Ou seja, não é alguém que seja valida como um todo; vangloria-la apenas é possível apagando, deliberadamente como o fazes, parte importante da sua história.
Em relação à necessidade da direita encontrar «heróis em Abril», partilho da tua opinião que o Ideal de Abril, sendo universalista e utópico, não cabe em nenhum cabaz político ou ideológico. Dito isto, é também é verdade que o país político da época (e mais acentuadamente no PREC) vira, assumidamente, à esquerda, criando aí os seus heróis, os seus mitos, as suas Histórias.
Isto quer dizer que coube à esquerda a «responsabilidade» de iniciar o processo de redacção enciclopédica, ou seja, é ela que se assume como portadora da verdade histórica, é ela que cria os manuais, é ela que retoca os retratos gastos dos protagonistas. Tal posição, assumida aliás, incorre no risco de algum sectarismo, de certo revisionismo e de cirúrgico favoritismo de personagens especialmente bem fadadas para a «boa memória». A direita tem em Churchill um excelente exemplo do que afirmo...
Assim, é normal que a direita portuguesa não se sinta representada na historiografia contemporânea portuguesa. Cabe-lhe a ela (à direita) procurar o seu espaço e accionar os seus mecanismos revisionistas próprios. É esse aliás o papel que muitos senhores andam a fazer (Rui Ramos, Vasco Rato, Nogueira Pinto, Adelino Maltez, etc.).
A questão põe-se é se a direita, no processo de revisão histórica que refiro, não incorre, ela mesma, nos mesmos erros metodológicos que critica.
A meu ver, a direita actual, que se preocupa em criar e defender a sua existência numa memória colectiva que não a representa (a tal memória escrita pela esquerda), não só assume os mesmos erros sectários que critica a certa esquerda, como procura assumir o controlo da História, num processo revisionista puro, regado com sectarismos autistas e discrepâncias cientificas e metodológicas aberrantes.
(como é possível criticar Cunhal por lhe ser erguida uma «estátua opinativa» e levantar a memória de Spínola como um grande democrata «indispensável na liderança militar no golpe de estado que acabou com a ditadura»).
Também não sou daqueles que diz que a democracia portuguesa existe devido ao Cunhal. A realidade é muito mais complexa que a ficção.
Termino por aqui, espero continuar esta polémica, Pedro, se quiseres.
Por agora sugiro alguns heróis da direita abrileira (alguns já o são…): Adelino Amaro da Costa, Francisco Lucas Pires, Magalhães Mota, Barbosa de Melo, Emídio Guerreiro, Jorge Miranda, Sá Carneiro (a custo…), etc
JRS
Em relação à necessidade da direita encontrar «heróis em Abril», partilho da tua opinião que o Ideal de Abril, sendo universalista e utópico, não cabe em nenhum cabaz político ou ideológico. Dito isto, é também é verdade que o país político da época (e mais acentuadamente no PREC) vira, assumidamente, à esquerda, criando aí os seus heróis, os seus mitos, as suas Histórias.
Isto quer dizer que coube à esquerda a «responsabilidade» de iniciar o processo de redacção enciclopédica, ou seja, é ela que se assume como portadora da verdade histórica, é ela que cria os manuais, é ela que retoca os retratos gastos dos protagonistas. Tal posição, assumida aliás, incorre no risco de algum sectarismo, de certo revisionismo e de cirúrgico favoritismo de personagens especialmente bem fadadas para a «boa memória». A direita tem em Churchill um excelente exemplo do que afirmo...
Assim, é normal que a direita portuguesa não se sinta representada na historiografia contemporânea portuguesa. Cabe-lhe a ela (à direita) procurar o seu espaço e accionar os seus mecanismos revisionistas próprios. É esse aliás o papel que muitos senhores andam a fazer (Rui Ramos, Vasco Rato, Nogueira Pinto, Adelino Maltez, etc.).
A questão põe-se é se a direita, no processo de revisão histórica que refiro, não incorre, ela mesma, nos mesmos erros metodológicos que critica.
A meu ver, a direita actual, que se preocupa em criar e defender a sua existência numa memória colectiva que não a representa (a tal memória escrita pela esquerda), não só assume os mesmos erros sectários que critica a certa esquerda, como procura assumir o controlo da História, num processo revisionista puro, regado com sectarismos autistas e discrepâncias cientificas e metodológicas aberrantes.
(como é possível criticar Cunhal por lhe ser erguida uma «estátua opinativa» e levantar a memória de Spínola como um grande democrata «indispensável na liderança militar no golpe de estado que acabou com a ditadura»).
Também não sou daqueles que diz que a democracia portuguesa existe devido ao Cunhal. A realidade é muito mais complexa que a ficção.
Termino por aqui, espero continuar esta polémica, Pedro, se quiseres.
Por agora sugiro alguns heróis da direita abrileira (alguns já o são…): Adelino Amaro da Costa, Francisco Lucas Pires, Magalhães Mota, Barbosa de Melo, Emídio Guerreiro, Jorge Miranda, Sá Carneiro (a custo…), etc
JRS
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