O Partido Socialista já produziu grandes ministros que, quando a situação assim o exigia, tiveram a atitude digna de saírem para que um determinado evento, ou conjunto de eventos, não manchasse o cargo, o Governo, ou a República.
António Vitorino abandonou o Governo por causa de uma alegação falsa sobre o não pagamento de parte dos impostos de uma propriedade que tinha adquirido no Alentejo.
Jorge Coelho, no seguimento dos trágicos acontecimentos que resultaram da queda da ponte de Entre-os-Rios, apresentou a demissão para que a “culpa não morresse solteira”, apesar de ser por mais evidente para todos que nenhuma responsabilidade possuía, para alem de ser o ministro da pasta.
António Vitorino e Jorge Coelho eram estadistas. E ainda hoje são bem recordados no partido.
Rui Pereira não é um estadista.
Rui Pereira parece agarrar-se ao cargo de Ministro como uma lapa. Incapaz de compreender que já há muito que a sua situação se tornou insustentável, tendo sido o inaceitável escândalo de um número indeterminado de cidadãos serem privados do seu direito de voto nas presidenciais de Domingo, o mais elevado direito que uma democracia possui, a coroa de miséria de um mandato tenebroso à frente do Ministério da Administração Interna, pautado ainda pela compra inútil de blindados para as forças de segurança, que ainda hoje não estão explicados.
Com os pedidos de demissão de hoje, segurar Rui Pereira começa a ser um risco demasiado elevado para o Governo e para o PS.
Rui Pereira podia sair pelo seu próprio pé. Escolheu não o fazer. Em vez da atitude nobre, escondeu-se, à boa maneira portuguesa, atrás de um inquérito.
Alguém terá que lhe apontar a porta de saída. Talvez José Sócrates. Talvez o Presidente da República. Será “empurrado” para sair.
E a culpa não morrerá solteira.
A culpa será sua.
1 comentário:
Concordo com a tua analise Diogo... E subscrevo...
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