Os accionistas podem agradecer a Sócrates por ter conseguido tudo o que eles falharam: mais preço e Brasil.
"Vivó Sócrates", Pedro Santos Guerreiro, Jornal de Negócios
O extracto do editorial do Jornal de Negócios de hoje, acima citado, resume em poucas palavras o que se pode dizer sobre as acções do governo nesta novela PT/Telefónica/Vivo. A venda foi feita por mais 350 milhões de euros do que o preço que tinha ido à Assembleia-geral, e o Governo garante o interesse nacional da manutenção de uma presença estratégica no Brasil, através da compra de 22% da operadora Oi.
Os críticos dizem que a PT trocou uma participação de controlo na Vivo (e não os 50% directos tão badalados, mas sim 50% de uma empresa que detinha 60% da Vivo, ou seja na realidade 30% directos), operadora número 1 do Brasil, por uma participação estratégica numa operadora menor.
Esquecem-se é claro que o problema nunca foi abdicar do controlo por parte da PT, mas sim abdicar de um controlo partilhado (a 50%) com a Telefónica. Sendo impossível partir a empresa, o que destruiria o valor da sua aquisição, uma das duas (PT ou Telefónica) teria sempre que comprar a participação da outra. E sejamos claros, nunca seria a PT. O status quo também era impossível de manter, ante o interesse declarado de comprar por parte da Telefónica. Qualquer outro cenário destruiria a própria Vivo.
A mestria da jogada da Golden Share por parte do Governo, foi conseguir transmitir à população que estava a defender o interesse nacional contra a “ofensiva espanhola”, quando na realidade o interesse nacional estava ameaçado pelos próprios accionistas da PT.
Falamos do BES, da Ongoing e de outros que se intitulavam a si próprios “núcleo de accionistas nacionais”, que na ânsia de lucros a todo o custo, queriam converter a venda da Vivo em dinheiro vivo para si, através de dividendos extraordinários. Sem dúvida um interesse legítimo, mas que não era compatível com o interesse nacional.
A PT traz para o país grandes benefícios da sua participação no Brasil, que muito vão para além do mero lucro financeiro. O centro de inovação da PT existe para sustentar uma empresa de cariz global, não uma mera operadora nacional. A qualidade da sua gestão, da sua I&D e do seu pessoal existem porque a PT é um player mundial. Uma mera operadora nacional não precisa de tais características, nem as consegue sustentar financeiramente.
E foi isso que o Governo salvou. Ao exigir que houvesse uma compra prévia de nova participação estratégica no Brasil, Sócrates impediu que fosse o lucro fácil a matar a galinha de ovos de ouro. E os próprios contornos do negócio são interessantes: a Oi parece ser peça essencial da estratégia do Brasil em expandir a banda larga a toda a população.
A PT entra nesse projecto de interesse público apadrinhada pelo próprio Lula da Silva e. como penso que a própria experiência da PT demonstra, ter o beneplácito de um governo é sempre positivo.
E isso, também podemos agradecer a Sócrates.
And the dreamers? Ah, the dreamers! They were and they are the true realists, we owe them the best ideas and the foundations of modern Europe(...). The first President of that Commission, Walter Hallstein, a German, said: "The abolition of the nation is the European idea!" - a phrase that dare today's President of the Commission, nor the current German Chancellor would speak out. And yet: this is the truth. Ulrike Guérot & Robert Menasse
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