O recente episódio da TVI -Manuela Moura Guedes tem contornos muito estranhos. Já toda a gente bem informada sabia em Julho de que a senhora pivot do Jornal de Sexta ia lançar algo sobre o Freeport justamente em Setembro, para cumprir com o calendário eleitoral. Já toda a gente sabia que a dita senhora (e companhia) ia lançar toda a lenha na fogueira para queimar José Sócrates, porque lhe apetecia (a ela e ao marido). E já toda a gente sabia que o PSD ia cavalgar atrás da agenda noticiosa criada pela jornalista da TVI. Coisas da Política de Verdade (lá diz o ditado popular que «quem não tem cão… »).
Claro que para a oposição dita «governamental» pouco interessava a validade e o teor dessa verdadeira campanha difamatória da ex-cantora / groupie dos anos 80; assim como pouco interessa qualquer ideia de proporcionar um debate eleitoral informado e civilizado em torno do que se pretende para o país. Para o PSD o que importa é dominar a agenda mediática, não com propostas ou ideias para Portugal, mas spinando insinuações, comentando boatos e fabricando fait divers. Disto já todos nos tínhamos apercebido.
A novidade da season não é, portanto, o conteúdo do discurso do PSD (que nunca houve), mas a forma do mesmo. Vale tudo para denegrir a imagem do Primeiro-ministro, mesmo recorrer à imbecilidade e ao ridículo e, quando todos os partidos políticos – sem excepção – pedem explicações à Prisa pelo sucedido, o PSD decide enveredar por uma estratégia de ataque pessoal infundado e insinuador, com contornos ridículos de falta de lucidez e percepção. Afinal, parece que foi hoje lançado o programa do PSD. E até é curtinho, como alguns pediam e resume-se a uma ideia: cavalgar a onda de fumaça que diariamente criam ou potenciam.
Reparem: num dia como o de hoje, com tanta insinuação, quando todos os partidos políticos exigem um esclarecimento cabal da entidade «promotora» do escândalo o que faz o PSD? Assume uma postura de Estado? Não? Assume e respeita a separação entre a esfera pública e a económica? Não. Prefere comparar o estado da nossa democracia actual – e da nossa liberdade de expressão – com o do PREC. Ninguém reparou que o que este senhor disse é uma barbaridade. Quase apetece lhe perguntar «onde é que estava no 25 de Abril?». É verdade que muito se opina sobre as férias que muitos senhores de outro regime tiraram entre 1974 e os anos 80 (tem havido muitas reportagens recentes sobre o assunto) e, sem querer acusar o senhor porta-voz do PSD de alguma adesivagem, estranho a falta de memória histórica de tão prestigiado e destacado elemento da corte laranja. Então não deve o país a liberdade conquistada após o 25 de Abril ao PS? Não é este Partido o principal responsável para que haja hoje liberdade de expressão em Portugal? Tem alguma ideia esse senhor do que é viver num regime sem liberdade de expressão? Decerto que não terá televisão, ou então não acompanha nenhum dos programas de debates que correm por essa TV fora… Adiante. Vive de fumaça este PSD.
Não fossem estas declarações suficientemente infames, logo veio o eurodeputado-emigrado-mas-que-afinal-não-sai-de-cá apelar ao um levantamento popular. Bem, se ao senhor do Porto lhe falta história, o novo delfim excede-se nas invocações colectivas e decide-se, vejam lá, apelar a uma nova Maria da Fonte… Vá lá, podia ter pedido a alguns amigos que se mudassem as bandeiras em todos os estádios de futebol… Claro que depois de gastas estas pérolas os senhores da laranja terão poucas munições para comentarem (em directo) a esperada e já quasi-anunciada e, dizem, acordada saída de José Manuel Fernandes do Público. Talvez uma intervenção da NATO em Portugal, deixo a sugestão. Mais fumaça não dá.
Agora novamente num tom mais sério. São, naturalmente inaceitáveis as declarações de destacados dirigentes do PSD. Espera-se muito mais de quem quer ser governo. E ainda mais preocupante é que comentam – com pouquíssima informação - assuntos do foro íntimo de uma empresa privada (não deviam esses senhores, como liberais novecentistas que apregoam ser, defender uma clara separação entre o foro político e o foro económico?). Afinal, para quem pretende defender o privado face ao público estranha-se o rápido comentário político sobre um assunto da competência exclusiva de uma empresa privada; mas enfim, com tanta fumaça decerto serão poucos os atentos a estas contradições contra-natura do discurso liberal do PSD - que deixam aliás bem claro quem é que se está a tentar aproveitar deste episódio, colocando inclusivamente no ar a ideia de uma concertação MMG-Freeport-PSD.
Claro que a questão fulcral em todo este affair – que nada tem a ver com a governação do país ou com as propostas para o governar no futuro - é então a de saber quais as razões que levaram a administração da TVI a tomar esta decisão a três semanas das eleições. Há ainda pouca informação disponível e, neste momento, todas as leituras são extemporâneas. Para o necessário esclarecimento deste caso, é exigível e urgente, que a administração da TVI esclareça publica e cabalmente quais os motivos que levaram a esta decisão. Entretanto, vão-se posicionando mais um par de bandarilheiros pelos lados da São Caetano à Lapa…
[também no Simplex]
Claro que para a oposição dita «governamental» pouco interessava a validade e o teor dessa verdadeira campanha difamatória da ex-cantora / groupie dos anos 80; assim como pouco interessa qualquer ideia de proporcionar um debate eleitoral informado e civilizado em torno do que se pretende para o país. Para o PSD o que importa é dominar a agenda mediática, não com propostas ou ideias para Portugal, mas spinando insinuações, comentando boatos e fabricando fait divers. Disto já todos nos tínhamos apercebido.
A novidade da season não é, portanto, o conteúdo do discurso do PSD (que nunca houve), mas a forma do mesmo. Vale tudo para denegrir a imagem do Primeiro-ministro, mesmo recorrer à imbecilidade e ao ridículo e, quando todos os partidos políticos – sem excepção – pedem explicações à Prisa pelo sucedido, o PSD decide enveredar por uma estratégia de ataque pessoal infundado e insinuador, com contornos ridículos de falta de lucidez e percepção. Afinal, parece que foi hoje lançado o programa do PSD. E até é curtinho, como alguns pediam e resume-se a uma ideia: cavalgar a onda de fumaça que diariamente criam ou potenciam.
Reparem: num dia como o de hoje, com tanta insinuação, quando todos os partidos políticos exigem um esclarecimento cabal da entidade «promotora» do escândalo o que faz o PSD? Assume uma postura de Estado? Não? Assume e respeita a separação entre a esfera pública e a económica? Não. Prefere comparar o estado da nossa democracia actual – e da nossa liberdade de expressão – com o do PREC. Ninguém reparou que o que este senhor disse é uma barbaridade. Quase apetece lhe perguntar «onde é que estava no 25 de Abril?». É verdade que muito se opina sobre as férias que muitos senhores de outro regime tiraram entre 1974 e os anos 80 (tem havido muitas reportagens recentes sobre o assunto) e, sem querer acusar o senhor porta-voz do PSD de alguma adesivagem, estranho a falta de memória histórica de tão prestigiado e destacado elemento da corte laranja. Então não deve o país a liberdade conquistada após o 25 de Abril ao PS? Não é este Partido o principal responsável para que haja hoje liberdade de expressão em Portugal? Tem alguma ideia esse senhor do que é viver num regime sem liberdade de expressão? Decerto que não terá televisão, ou então não acompanha nenhum dos programas de debates que correm por essa TV fora… Adiante. Vive de fumaça este PSD.
Não fossem estas declarações suficientemente infames, logo veio o eurodeputado-emigrado-mas-que-afinal-não-sai-de-cá apelar ao um levantamento popular. Bem, se ao senhor do Porto lhe falta história, o novo delfim excede-se nas invocações colectivas e decide-se, vejam lá, apelar a uma nova Maria da Fonte… Vá lá, podia ter pedido a alguns amigos que se mudassem as bandeiras em todos os estádios de futebol… Claro que depois de gastas estas pérolas os senhores da laranja terão poucas munições para comentarem (em directo) a esperada e já quasi-anunciada e, dizem, acordada saída de José Manuel Fernandes do Público. Talvez uma intervenção da NATO em Portugal, deixo a sugestão. Mais fumaça não dá.
Agora novamente num tom mais sério. São, naturalmente inaceitáveis as declarações de destacados dirigentes do PSD. Espera-se muito mais de quem quer ser governo. E ainda mais preocupante é que comentam – com pouquíssima informação - assuntos do foro íntimo de uma empresa privada (não deviam esses senhores, como liberais novecentistas que apregoam ser, defender uma clara separação entre o foro político e o foro económico?). Afinal, para quem pretende defender o privado face ao público estranha-se o rápido comentário político sobre um assunto da competência exclusiva de uma empresa privada; mas enfim, com tanta fumaça decerto serão poucos os atentos a estas contradições contra-natura do discurso liberal do PSD - que deixam aliás bem claro quem é que se está a tentar aproveitar deste episódio, colocando inclusivamente no ar a ideia de uma concertação MMG-Freeport-PSD.
Claro que a questão fulcral em todo este affair – que nada tem a ver com a governação do país ou com as propostas para o governar no futuro - é então a de saber quais as razões que levaram a administração da TVI a tomar esta decisão a três semanas das eleições. Há ainda pouca informação disponível e, neste momento, todas as leituras são extemporâneas. Para o necessário esclarecimento deste caso, é exigível e urgente, que a administração da TVI esclareça publica e cabalmente quais os motivos que levaram a esta decisão. Entretanto, vão-se posicionando mais um par de bandarilheiros pelos lados da São Caetano à Lapa…
[também no Simplex]
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