Mário Crespo denunciou ontem uma alegada conversa entre o Primeiro-Ministro José Sócrates, o Ministro Pedro Silva Pereira, o Ministro Jorge Lacão e um Executivo de televisão passada ao almoço no passado dia 26 em que os governantes terão tecido comentários pouco ou nada abonatórios sobre a sua pessoa, e onde teriam chegado a falar de como seria possível afastá-lo do ar. A ser verdade, e não estou com isto a dizer que é ou que não é, a situação é de uma gravidade extrema: temos um governo a discutir como silenciar uma voz incómoda. Uma situação que não se deseja nem para a Venezuela ou China, muito menos se deseja para Portugal.
Mário Crespo é um jornalista de causas, uma espécie que não tem grande escola em Portugal. Como qualquer jornalista de causas, pode ser extraordinariamente incómodo para o poder instituído, ou extremamente benéfico para o mesmo, conforme esteja contra ou a favor desse mesmo poder. Mário Crespo nunca escondeu a sua opinião em relação a este governo, ou ao anterior. Não deixou, contudo, de ser dos jornalistas mais isentos aquando da divulgação de notícias ou mesmo quando fazia entrevistas. Mas mantinha, como era sabido, uma coluna de opinião no JN, onde criticava o governo livremente. Mas essa é a essência de uma coluna de opinião. Por isso, não estranho, até porque acompanhava com alguma regularidade essa coluna, que o artigo de opinião agora censurado tenha aparecido no Instituto Sá Carneiro.
Nesta história toda, quem quer acreditar em Mário Crespo, acredita. Quem não quer, não acredita. O que eu não percebo é que o homem que é tão frontal e corajoso na denúncia deste caso, nomeando os governantes envolvidos, não consiga nomear o executivo da televisão.
Mas quero acreditar que só não o fez porque a sua fonte não lhe soube dizer quem era!
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