Depois do começo da crise financeira de 2008, e após a intervenção estatal nos vários países para que o impacto da mesma fosse minimizado, passámos a sofrer o ataque especulador ao €uro.
Por muitas voltas que se dêem, os políticos dos principais países não têm líderes à altura dos acontecimentos. Os actuais líderes europeus têm uma visão muito curta, principalmente quando comparados com alguns dos seus históricos antecessores (como Helmut Kohl ou Jacques Chirac - para não falar de François Mitterrand).
Mais preocupados com os ganhos ou perdas eleitorais nos seus países, e movidos por cada círculo eleitoral, deixaram de olhar para o médio/longo prazo. Numa situação destas, tornou-se óbvio que o projecto europeu perdeu espaço e significado nas políticas de cada país. Os líderes destes começaram, basicamente, a reagir de forma a responder ao crescente mediatismo de partidos representativos de franjas do seu eleitorado, mas cuja exposição mediática ganhava relevância através de uns média cada vez mais acossados pelas perdas de lucro que as novas ferramentas de informação estavam a procurar. Sempre na busca da nova "caixa" jornalística, as propostas radicais ganhavam força nos canais de média tradicionais, numa óptica de "Controversy creates cash"!
Começou-se, assim, a propor políticas típicas de partidos extremistas, dando assim razão aos mesmos e aumentando a caixa-de-ressonância das propostas dos mesmos e permitindo o seu crescimento eleitoral, entrando-se assim num esquema de pescadinha de rabo na boca (quanto mais radicais são as propostas, e alimentadas pelo sucesso das propostas anteriores, mais destaque é dado na comunicação social, mais pressão é exercida nos partidos tradicionais de poder, mais estes soçobram perante as novas propostas).
Esta situação provocou que a resposta ao ataque especulativo ao €uro não pudesse ser, por força das pressões políticas, feito de uma maneira concertada e única, actuando os líderes actuais de uma forma reactiva e minimizando os estragos, em vez de atacar o cerne da questão.
Agora vê-se chegar ao fim daquilo que representava, do ponto de vista social, a maior medida tomada para os cidadãos deste espaço único. O acordo de ontem, entre Sarkozy e Berlusconi, com o apoio hoje dado pela Alemanha, pela voz do Ministro do Interior alemão, Hans-Peter Friedrich, à alteração ao acordo Schengen por forma a "incluir novas cláusulas que permitam adaptá-lo a novas exigências", significa o fim da livre circulação de bens e pessoas. Abrindo-se esta porta, daqui para a frente poder-se-á sempre incluir mais e mais cláusulas para adaptar a novas exigências.
Pobre Europa esta que não se mostrou digna da sua herança.
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