Sendo eu sportinguista, admito que me tem dado um certo gozo contemplar a possibilidade que um dos melhores campeonatos do Benfica de sempre possa ser perdido na última jornada.
Mas tal evento acarreta um considerável perigo, sobretudo para sportinguistas e portistas. Porque caso esse evento venha a acontecer poderá enfraquecer gravosamente a pedra basilar do futebol português, algo que define até socialmente a nossa sociedade. Refiro-me ao conceito dos “três grandes”.
Portugal destaca-se no universo futebolístico europeu e mundial por uma idiossincrasia: o facto de historicamente apenas três clubes terem ganho todos (exceptuando dois) os campeonatos profissionais de futebol. Com excepção do Belenenses, em idos muito remotos, e do Boavista mais recentemente, Sporting, Benfica e Porto são os únicos campeões de futebol que Portugal jamais conheceu. É assim evidente a raiz do conceito dos “três grandes”.
E ser um dos três grandes é essencial para toda a imagem desses três clubes. Tanto Sporting e Benfica passaram quase duas décadas arredados de serem campeões, tendo o Porto passado muito mais. Eu próprio apenas assisti ao Sporting ser campeão quando já era adulto, e apesar disso na minha juventude nunca deixei de ver o meu clube como um dos três grandes.
É com base neste historial exclusivo que gerações inteiras foram educadas a serem adeptos destes clubes. Este conceito, perpetuado extensivamente pelos media, gerou uma dinâmica de auto-reforço que impediu que períodos francamente negativos da vida destes clubes se reflectissem em perda da sua influência e da sua atracção. Apenas existem três grandes clubes em Portugal.
Para bem destes clubes, apenas podem existir três grandes clubes em Portugal.
Se for campeão um clube que não seja um dos três grandes, este conceito fica bastante enfraquecido. A vitória do Belenenses não representa um perigo. É apenas uma história para almofadar a sua descida de divisão. A do Boavista poderia ter representado um problema, mas facilmente a inépcia dos dirigentes levou a que nem sequer se aguentassem na divisão maior do futebol português.
Resta o perigo que vem de Braga.
A bem dos três grandes, o Braga não pode ser campeão!
Tal como um fedelho, que na sua arrogância juvenil pensa que sabe mais da sua vida do que os adultos que realmente a viveram. Tal como um insecto que pensa que é mais forte que os três eternos gigantes que sempre o rodearam, é preciso que o Braga desça à terra, cabendo ao Benfica essa gloriosa tarefa.
Não só em nome de todos os benfiquistas, que legitimamente aguardam a consagração do melhor campeonato da sua equipe nos últimos vinte anos, mas também por todos os sportinguistas e portistas, cujos clubes sempre foram considerados parte dos três grandes, é preciso que o Benfica seja campeão!
Por isso, por esta vez, e esperemos nós que só por esta vez, cantemos todos:
SLB!
SLB, SLB, SLB!
GLORIOSO!
SLB!
GLORIOSO SLB!
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