segunda-feira, junho 23, 2008

Participei, em Portugal, no Grupo "Iniciador" e gostei. Muitíssimo. É um caminho. Libertariamente digo: cada um/a que procure o seu . . .

COMENTÁRIOS . . . NO LOS HAY?
TUDO É POLÍTICO. O CORPO É TERRITÓRIO POLITIZADO
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A SOMATERAPIA

Autoria: João da Mata (texto retirado da net)

Desenvolver uma nova prática psicológica que auxiliasse os homens na busca de sua liberdade. Foi assim que Roberto Freire rompeu com a psicanálise e criou a SOMATERAPIA ou apenas SOMA, durante o regime militar no Brasil.

Baseada nas idéias iniciais de Wilhelm Reich, discípulo dissidente de Freud, a SOMA considera a neurose fruto das organizações sociais autoritárias. Numa sociedade onde a liberdade de ser é impedida através de mecanismos repressores presentes na família tradicional burguesa, na pedagogia escolar autoritária e nas religiões castradoras, a neurose surge como um processo de ajustamento dos indivíduos.

Além de ser um fenômeno social, que se forma de fora para dentro, a neurose se instala em todo o corpo das pessoas, impedindo sobretudo a expressão livre da espontaneidade, da afetividade e da sexualidade. Assim, a SOMA é uma terapia corporal, utilizando-se de exercícios próprios que, além de agirem sobre a couraça neuromuscular do caráter (tensões crônicas da musculatura voluntária, que retém a neurose no corpo das pessoas), também informam como a repressão atua no cotidiano.

A SOMA funciona em grupos (em torno de 20 pessoas) e com duração de 1 ano a 1 ano e meio, evitando assim a formação de dependência terapeuta- cliente. Nesse período os grupos fazem 3 viagens para vivências em campo, onde há um crescimento nas dinâmicas dos grupos, por uma maior percepção individual, seja no contato com outros grupos, seja no contato direto com a natureza, com exercícios em locais que ainda preservam ecossistemas com pouca interferência humana tecnológica, como Visconde de Mauá-RJ (grupos Sul/Sudeste) e Lençois-BA (grupos Nordeste).

A SOMA utiliza-se também de técnicas da Gestalterapia, sobretudo no desenvolvimento da autonomia e criatividade individuais para solucionar situações de vida, e conseqüentemente não desperdiçar energia. Como terapia libertária, buscou na Antipsiquiatria o entendimento de como a neurose é produzida por defeitos na comunicação humana, que geram dependência e culpa.

A mais recente pesquisa da SOMA é a introdução da Capoeira Angola para efeitos terapêuticos. Numa mistura de dança, luta e arte, a Capoeira Angola surgiu no Brasil para auxiliar no processo de libertação do negro à escravidão imposta pelos brancos. Hoje, na SOMA, ela está sendo utilizada tanto como terapia corporal quanto para auxiliar o homem escravo da neurose que o impede de ser livre e criativo.

Adotando a ideologia anarquista, a SOMA se propõe a facilitar a busca da liberdade a nível pessoal e social. O Socialismo Libertário proposto pelo Anarquismo torna objetiva a luta contra qualquer forma de autoritarismo, permitindo o surgimento da originalidade única das pessoas. O Anarquismo é hoje a única ideologia que se opõe ao capitalismo burguês, uma das principais fontes de manutenção da dominação, do autoritarismo e das injustiças sociais. Na SOMA esses mecanismos de poder são discutidos e combatidos gerando uma dinâmica autogestiva, onde o que se busca são relações sinceras e solidárias.

Há quase 30 anos a SOMA vem pesquisando alternativas novas no combate a qualquer forma de poder coercitivo que atue sobre o ser humano.

Atuando em vários estados, a SOMA possui três sedes: em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, onde realizam-se palestras, maratonas, grupos e cursos. Há cinco anos, o Coletivo Anarquista Brancaleone vem realizando o Curso de Pedagogia Libertária, um espaço aberto para discussão das possibilidades de uma vida libertária. Sem dominador ou dominado, uma sociedade nova onde uma nova ética, a ética libertária, possa existir e impedir as mazelas que o capitalismo e outras formas de autoritarismo vem produzindo na humanidade.


Foto de Verônica Volpato no decurso do percurso do Grupo "Iniciador" da Soma, em Portugal, 2007/2008


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Informações complementares:

João da Mata realizou Palestras e Workshops, em Lisboa, no ISPA - Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em 2007/2008, bem como em várias cidades europeias. É doutorando, em Sociologia, no ISEG- Instituto Superior de Economia e Gestão, de Lisboa, sendo o tema da tese uma abordagem sociológica da Somaterapia. Tema interessante do ponto de vista da introdução de mudanças micro-sociais nos grupos e nas organizações e das possíveis implicações políticas.

Mais informações: http://www.somaterapia.com.br/

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A minha peculiar visão da minha experiência vivida na SOMA, em duas imagens


A Flauta Mágica
Wofgang Amadeus
Papageno e Papagena "A Flauta Mágica";
Marionetas de Viena









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Em conversa com João da Mata.

Dizia Emma Goldmann:

"Só me interessa a Revolução se puder dançar"

" A grande, enorme diferença entre marxistas e anarquistas é que aos primeiros interessam os fins a atingir e, aos segundos, sobretudo os meios"

Absolutamente de acordo! Sempre considerei mais importante o como do que o quê; os caminhos do que a meta; o que se mostra, vive e diz do que o "alcançado" ou a alcançar... Que é, também, uma postura aristocrática.


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1 comentário:

Vera Santana disse...

Pergunto se "o que é pessoal é político", bandeira de libertação do século XX, foi tão plenamente atingido, e todos/as estamos tão conscientes e libertos/as, com uma tal pujança vivencial que nos não detemos para questionar a pertinência de uma somaterapia?

Estamos? Estaremos? Nós, quem?

Quer dizer que os efeitos do poder do patriarcado já se não fazem sentir? Seja a nível da família, da empresa, das esferas política e económica?

As assimetrias de poder estão mortas? ...

Quer dizer que os efeitos de outros poderes instituídos estão suficientemente desconstruídos'

Mas há um discurso social que invoca o inverso quando denuncia o "medo" que se vive nas organizações laborais.

Paradoxo ou não?

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