sábado, setembro 10, 2005

Presidenciais 2006

Em entrevista ao Expresso de hoje, Francisco Louçã, entre verborreias vulgares e num discurso banal como muitos outros do Bloco de Esquerda, com o habitual "picanço" com o PCP (todos sabemos que o BE é um modelo de virtudes), refere uma verdade: o silêncio de Cavaco Silva é a sua força actual, que, obviamente, vai ter o seu desfecho. Os candidatos que já se perfilaram no terreno receberam as críticas habituais dos seus adversários em altura de pré-campanha: ora são muito velhos (Soares), ora são desistentes antecipados (Jerónimo) ora são miúdos birrentos em disputa com o PCP (o jovem acima mencionado).
Cavaco Silva tem que subir ao ringue, mais cedo ou mais tarde. E quando o fizer, as pessoas vão-se lembrar do seu legado, e o debate vai revelar a sua sede de poder, o seu desejo de alteração para um modelo Presidencialista com intervenções marcantes e predominantes na governação do país, utilizando o argumento das finanças públicas, como se tal estivesse preconizado nos poderes presidenciais.
Todas as recentes sondagens lhe dão uma vitória confortável na 1ª volta. Nada de mais conveniente, ou não fosse uma delas da Universidade Católica, entidade com a qual o Professor nunca teve qualquer tipo de relação profissional (aparte a ironia, já devem ter percebido que não acredito nas sondagens de um modo geral). A imprensa precisa dele para as suas manchetes e consequente aumento das tiragens, e esta consonância de resultados previstos aparecem como um chamariz, um isco demasiado óbvio.
Uma última observação para o possível apoio do CDS/PP a Cavaco. Para além da gritante falta de figuras no partido que é constatado, da pouca identificação dos seus militantes com o candidato (lembram-se do director do Independente no reinado cavaquista?), e da pouca ou nenhuma importância que ele terá para com o CDS caso surja vencedor da contenda, a direita fica reduzida a um combate desigual, pelo menos em termos numéricos, contra 3 adversários experientes e qualificados, o que lhe pode causar um desgaste, em última instância, fatal para as suas aspirações. Respeitando o seu timing, parece-me que esta será a razão primordial para o seu relativo "atraso" no anunciar da candidatura.

2 comentários:

Willespie disse...

1. Nestas eleições presidenciais temos 2 actuais líderes partidários, e um homém que esteve durante 23 anos na linha da frente das batalhas políticas travadas em Portugal. Ora como líder partidário, ora como Presidente da República, ora como Primeiro Ministro.
Teve o seu tempo, a sua era.

"Uma candidatura sería um erro brutal" - Mário Soares.

De facto é um erro brutal. O apoio do partido socialista a uma candidatura desta natureza é um erro ainda maior.

Os portuguêses estão cientes de que o Mário Soares não tráz nada de novo, ou de útil ao cenário político português.
Penso que as primeiras sondagens foram bastante generosas, com o candidato socialista. Eu pessoalmente acho que se houver uma segunda volta, o candidato da esquerda será, infelizmente, o Francisco Louçã, espelhando o que ocorreu nas eleições presidenciais em França, embora no sentido oposto, a extrema direita de Jean-Marie Le Pen. Oxalá que esteja enganado e que o extremismo (esquerda ou direita) não obtenha qualquer vitória, quer seja efectiva, ou moral.

2. Afirmar que o Cavaco Silva vai revelar um desejo de alteração do modelo presidencialista é uma precipitação política, um erro e a demonstração de preconceito. É um ataque descabido, desapropriado e um pouco ignorante, quando é dirigida a quem ainda não se pronunciou sobre o que quer que seja, e também tendo em conta que qualquer alteração ao modelo presidencialista requer uma alteração da constituição portuguêsa, que implica no mínimo passar pela assembleia da república e também pelo sufrágio de um referendo popular.

3. No meu ponto de vista e na minha opinião o Cavaco se avançar no presente cenário político, e com estes candidatos, é de longe o candidato com o melhor perfil para o lugar de presidente da república, apesar de representar uma área política com a qual eu não me revejo. A direita conservadora.
Além de ter uma certa autoridade quando fala de questões económicas, contribuirá para que haja um sistema de "checks and balances" entre um governo apoiado pelo parlamento e a presidência. Esta situação é ideal e deve ser sempre procurada pelos eleitores indepentemente das cores políticas de quem está a governar e quem se está a candidatar em qualquer dado momento.

4. Um cidadão está livre de não acreditar em sondagens se assim entender, sobretudo se elas lhe indicam notícias más. Contudo elas "raramente se enganam". Tirando uma pequena margem para divergências aqui ou ali, as sondagens normalmente são certíssimas, e a história comprova isso mesmo.

5. Estou em crer que o atraso do timing do avanço oficial da candidatura do Cavaco Silva, se deve a um respeito que se deve ter pela democracia, e pelos eleitores. Estou em crer que, quer o Jeronimo de Sousa, quer o Mário Soares, quer o Francisco Louçã, TODOS faltaram ao respeito pelos eleitores ao avançarem com as suas candidaturas, antes de terminarem as eleições autarquicas, misturando assim os objectivos políticos, utilizando o balanço (lê-se investimento) adquirido em todo o país, nas campanhas locais, para auxiliarem a obtenção de outros objectivos.

Penso que o Cavaco Silva fará com que isso seja plenamente compreendido. Aplaudo e aprecio a escolha do timing.

6. Existem candidatos mais que adequados e com um perfil superior ao Cavaco Silva, em vários partidos. O António Vitorino é um caso GRITANTE, mas existem muitos outros, homens e mulheres no PS hábeis e capazes e (certamente mais adequados do que o Mário Soares), que são, infelizmente para o PS, empurrados para os balcões superiores, enquanto os vaidosos monipolizam o palco, mais uma vez.

Respeitosamente,
Willespie - Um Liberal Democrata.

Willespie disse...

Agradeço as correcções mas de qualquer forma o significado está explícito em todos os casos.

Pesquisar neste blogue