segunda-feira, outubro 10, 2005

Nada de realmente inesperado nas autárquicas de ontem. O PSD ganhou o maior número de câmaras, à imagem de há 4 anos, com a diferença substancial da maioria absoluta governamental que existe hoje e que, na altura, não existindo, foi o argumento utilizado para Guterres se afastar. Hoje como então, confundiu-se eleições autárquicas com legislativas, poder local com poder central, servindo de escape para a vivência de tempos conturbados, para uma economia periclitante que teima em não crescer. Criticava-se a não tomada de decisões como hoje se critica as políticas levadas a cabo. A diferença está no alcance das reformas implementadas por este Governo. Para a sua salvaguarda, e essencialmente, para o bem do país, é bom que os resultados apareçam, que os planos de investimento anunciados abrandem o descalabro do desemprego e contribuam para o crescimento do PIB.
Ainda no campo das não novidades, os candidatos-arguidos mais famosos quase fizeram o pleno (Ferreira Torres sofreu de uma conspiração por parte da Mota-Engil, segundo o próprio) o que vai refrear a colocação das editoras de novas aventuras de "O Bando dos Quatro". Agora mais a sério, o aparecimento de uma 6ª força política (independentes) no quadro eleitoral, vai colocar novas formas de encarar os sistemas eleitorais como nós os conhecemos (uma achega para a Conferência de 5ª feira), já para não falar da forma de encarar esta novidade por parte dos partidos políticos. O líder do PSD já foi visado ontem, ficando por atestar no futuro se esta vitória lhe serviu de elan, ou se pelo contrário se vai revestir de um chamariz para o ataque ao poder pelos seus opositores internos.
Retenho uma afirmação da noite passada sobre a teoria de que José Sócrates está a afastar qualquer possível ameaça interna, não só ao seu cargo, como ao seu controle do partido, senão vejamos: Jorge Coelho foi o responsável máximo destas eleições, logo o maior responsável pela perda das mesmas, João Soares averbou a sua 3ª derrota consecutiva, Carrilho, apesar do seu aparente discurso de vitória com tantos agradecimentos a quem tanto o ajudou a perder estrondosamente a Câmara que não era possível perder, com tudo o que se passou nos últimos 4 anos em Lisboa, vai refrear os seus instintos de enfant terrible, Manuel Alegre já se pôs a jeito com a sua candidatura a solo. Só falta Soares pai. Será que é o próximo?

1 comentário:

Willespie disse...

Ao Soares pai pelos vistos, basta que ele 'abra a boca', para confirmar que ele está mesmo determinado a terminar a sua carreira política como uma anedota.

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