sexta-feira, outubro 21, 2005

Com a força do seu olhar intelectual e da sua penetração espiritual cresce a distância e, de certo modo, o espaço que circunda o homem: o seu mundo torna-se mais profundo, avistam-se continuamente estrelas novas, imagens novas e novos enigmas. Talvez tudo aquilo em que o olhar do espírito exercitou a sua sagacidade e profundeza tenha sido apenas um pretexto para este exercício, um jogo e uma criancice e infantilidade. E talvez um dia os conceitos mais solenes, os que provocaram maiores lutas e maiores sofrimentos, os conceitos de «Deus» e do «pecado», não signifiquem, para nós, mais do que um brinquedo e um desporto de criança significam para um velho, – e talvez o «velho homem» tenha, então, necessidade de um outro brinquedo ainda e de um outro desgosto, – por continuar a ser muito criança, eterna criança!
Friedrich Nietzsche, Para Além de Bem e Mal

2 comentários:

Ricardo Revez disse...

Eu penso que, primeiro de tudo, há que ter sempre em conta que os valores, todos eles, são uma invenção do Homem. Não existem valores bons ou maus em si mesmos, naturais, primordiais. Nós é que os inventámos para podermos viver em sociedade e construirmos uma civilização minimamente decente e funcional. Caso contrário, o mundo seria uma selvajaria ainda maior do que já é. Há uma série de valores que inventámos e que são fundamentais: o da vida humana, por exemplo. No entanto, existem muitos que são apenas relativos e apenas servem para tornar a nossa vida num inferno auto-infligido.

Desculpem o frio cinismo, mas a existência é mesmo assim.
Aconselho a leitura de Schopenhauer, embora com espírito crítico...

Ricardo Revez disse...

P.S. - Um desses supostos conceitos/valores desnecessários é o de pecado...

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