Gostei muito de ver a Maria Filomena Mónica ser entrevistada pelo Rui Ramos na terça-feira passada.
Algumas pérolas:
«Não li a Constituição de 1976, nem faço intenções de o fazer...»
«Os programas de história, neo-marxistas, inquinam o nosso ensino» (2 pontos para o senhor Ramos)
«A direita está em crise, não reage» (mais 3 pontos para o senhor Ramos)
«Sou uma pessoa de esquerda»
Resultado final, senhor Ramos 5 pontos.
Hoje o canal público entrevistou o Nobre Guedes, esse grande democrata, cuja resposta à questão do uso e abuso do periodo de gestao do governo de onde fazia parte (quando já tinham perdido as eleições) foi: «mas os outros também faziam».
É impressionante, já não chega basta ser preveligiado neste país. Há ainda que tirar tudo do Estado tudo o que se possa. Não entendo, sério que não entendo.
1 comentário:
Eu gostei realmente da entrevista da Filomena Mónica, à excepção da história de não ter lido a Constituição de 76.
Acho que ela tem uma visão muito lúcida da realidade (ou seja, vê as coisas como elas são, e não como deviam ser) do país e mais do que isso, tem a coragem do afirmar. Coragem essa que, como ela própria o diz, provém do bem-estar material. De facto, quando chegamos à idade da Filomena Mónica com segurança financeira e de carreira, podemos dizer tudo.
Se lá chegar, espero poder fazê-lo também.
Quanto ao Rui Ramos:
É um dos historiadores que mais aprecio, embora mais na forma, do que no conteúdo. É, talvez, o historiador português que melhor escreve. Tem coragem para apresentar novas formas de olhar para assuntos que estavam "catalogados", no entanto, leva essa qualidade longe demais transformando-a num defeito. Parece querer rever tudo - tudo o que se disse sobre tudo é obra de marxistas abomináveis e afins. A sua posição política também é demasiado marcada nas suas abordagens.
P.S. - Os programas de História no secundário, pelo menos, no meu tempo, eram claramente influenciados pelas teorias marxistas: as grandes estruturas económicas e sociais imperavam. Não se davam acontecimentos, e raramente se falava em pessoas.
Eu sou contra a historiografia marxista em muitos aspectos. Sou por uma história em que acontecem coisas e existem pessoas, e não apenas, de uma história de lutas sociais e balanças económicas.
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