Este post tinha a intenção de reflectir sobre o estado da informação da blogosfera.
Foi construído sobre um exemplo prático (um caso citado no bloguítica) mas os seus propósitos não eram, de todo, atacar esse blogue. O que queríamos era discutir o problema da informação na blogosfera.
O caso do bloguítica, blogue de referência, mostrou-se interessante pois seguimos regularmente as suas exposições: de recomendações várias, a reproduções de citações, comentários pessoais e assinados, a sugestões de leitura. É este um blogue profissional? Pode sê-lo? Que podemos esperar dele? Ou melhor, podemos exigir do seu autor o que exigimos de um jornalista profissional, devidamente enquadrado – legal e deontologicamente – e responsabilizado. O Paulo Gorjão, e já o provou por diversas vezes, deve ser tomado mais em conta que muitos jornalistas na praça. Mas apenas responde perante a sua consciência, educação ou valores. Não tem controlo de nenhum tipo. É livre. No caso é um «bom selvagem». E nos outros casos?
A blogosfera, no momento em que a sua influência se expande e ameaça a da informação escrita (nomeadamente no que respeita à informação e à opinião), é hoje polvilhada de todos os exemplos.
O caso recente das acusações de plágio a Miguel de Sousa Tavares levantam a questão da impunidade da acusação, e os exemplos multiplicam-se, com acusações anónimas, denuncias não provadas, ataques pessoais cirúrgicos, etc. Onde estão os critérios de publicação? Onde está a esfera pública e a privada? Onde está o profissionalismo na informação? Onde está o controle? Como a net é baseada na ideia de liberdade pura devemos considerá-la apenas regulada pelo «mercado» (leia-se leitores). Devemos pensar que os maus exemplos serão excluídos porque são maus?
Não me parece, pelo contrário.
O que queremos, em suma, é reflectir até onde pode ir a blogosfera. A quem responde? Como se pode controlar (e queremos controlar)? Como podemos confiar no que lemos, como podemos limpar a má informação, a desinformação, a incúria e o mal-dizer? Devemos esperar que a blogosfera se transforme, a prazo, numa reprodução do que hoje existe na imprensa escrita, com bons e maus jornais, com bons e maus jornalista?
Faz sentido acordar um código deontológico na blogosfera? Elaborar uma carta ética? Ou devemos apenas esperar que a «boa moeda expulse a má»?...
(PS – «usámos» o bloguítica porque é dos blogues que mais seguimos, porque o consideramos um exemplo a seguir e porque temos com ele – blogue uma relação alguma intimidade que permite alguma latitude)
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