quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Resposta rápida

Relativo ao último post, a nossa Fernanda Angius preparou esta resposta.

Transcrevo:

O manifesto de Bernardo (representante de um grupo apelidado de ASSSOCIAÇÃO CÍVICA) quanto à urgente necessidade de repor a moralização e a autoridade baseadas na competência e na honestidade, parece-me sobrepor-se ao que o CLUBE LOJA DE IDEIAS, já está a levar a efeito.

Não sei ele conhece o programa do CLUBE LOJA DE IDEIAS, club de pessoas , apartidário, aberto a todos e que já levou a efeito algumas conferências sobre o nosso sistema eleitoral e um ciclo sobre o 25 de Novembro, e pretende levar a cabo iniciativas já programada para todo o ano de 2006.
Os nossos objectivos são os deles; mas não acredito que o radicalismo seja uma resposta justa à situação em que vivemos. Ou então devemos concluir que nenhum sistema serve, porque qualquer que ele seja serão sempre os homens desta sociedade (que somos nós), a sustentá-lo.

É, sim, urgente exigir a aplicação da lei a todos, com justiça e equidade.... Mas se os seus agentes fazem leis absurdas e os seus magistrados as lêem como convém à parte que melhor os gratifica, como se faz?...

Temos de aplicar em casa os princípios básicos de nossos antepassados, mas adequados ao presente. Ser retrógrado não é acompanhar incoerentemente o presente com medidas do passado; mas senti-las como únicas necessárias, e isso conduzirá à ditadura, puritanismo e autoritarismo militar.

Pelo contrário, o que se pretende é que cada um de nós, a gente de bem, tenha coragem de intervir quando vê crianças a vandalizar ou desrespeitar a coisa pública (a começar pela atitude para com os mais velhos), temos de perguntar a nós mesmos, e cada um de nós, o que, pragmaticamente, fazemos para a aplicação de uma disciplina cívica por todo o sítio onde passamos.

O Clube Loja de Ideias nasceu com o mesmo ideal que aquele grupo assume e com os mesmos objectivos: conseguir que cada cidadão tenha consciência de cidadania e, em consequência, se sinta obrigado a perguntar-se o que deu para que melhore o seu meio ambiente. Somos todos responsáveis, principalmente os que, como eu, estávamos cá no dia 24 de Abril de 74, à espera da Democracia. O dia seguinte, foi o dia mais feliz da minha vida! Vivi-o das 7h da manhã à meia noite do mesmo dia.Com marido e três filhos adolescentes. Porém, rapidamente comecei a dar-me conta da demissão de autoridade por parte da maioria dos educadores, receosos de serem considerados... fascistas!
Pertenço ao número das pessoas honestas e de princípios que antes do 25 de Abril era apelidada de comunista, quando não estava de acordo com os meus superiores hierárquicos, e, depois do 25 de Abril, foi muitas vezes suspeita de pertencer ao regime abatido por não concordar abertamente com saneamentos injustos e iníquos. Testemunhei muita injustiça em nome da liberdade reconquistada; mas quase todos deixaram de lembrar que liberdade é correlata de responsabilidade. Todos exigem direitos e ninguém se acusa de faltar a deveres. E isto só pode ser solucionado quando todos os cidadãos tiverem a capacidade de auto crítica e exigência na própria vida, pessoal, familiar, profissional e colectiva.
Acho que talvez fosse interessante que as pessoas tivessem a possibilidade de dizerem abertamente que não há coerência no discurso do poder que nos tem governado em nome da democracia instalada. Mas isso só se deve ao facto de cada cidadão não estar devidamente educado e instruído para viver em democracia. Será que não deveríamos começar por aí? Educar para a cidadania, formar cidadãos! Então a FAMÍLIA, a ESCOLA, e as leis que as regulam deveriam ser a nossa primeira preocupação.
Há meios de comunicação avançados e que nós usamos e abusamos para divertir e alienar as pessoas que se aproximam da internet e da tv. Esses mesmos meios poderiam ter uma acção formadora mais eficaz nesse sentido.
A dificuldade reside no facto de nem sempre conseguirmos actualizar os nossos princípios básicos e fundamentais da personalidade humana com as novas regras de convívio, de modo a usar de uma mentalidade aberta ao futuro mas vivendo no presente a realidade que nos condiciona.
Estar atento ao que se passa ao meu lado, permite-me ajudar a endireitar o que encontro distorcido:uma dor, uma fome, uma ideia que posso informar melhor ou um ponto de vista que posso fazer olhar noutro sentido. A verdade não existe e ninguém a tem. Cada um de nós tem a sua. E a realidade é circular como o universo, é global, e o nosso olhar é rectilíneo. Por isso só vemos o que está voltado para nós. É preciso dar a volta, ir ao outro lado, deixar o sectarismo e colocar os nossos vários pontos de vista em comum. Só assim, sem «partis-pris», sem preconceitos, poderemos avançar e assumir a nossa era que já não é a de Sócrates nem de Hipócrates, mas é de Einstein e da relatividade e da globalização económica... Se o espírito de humanismo que deve permanecer hoje como no passado, nos acompanhar, certamente ninguém poderá fazer leis injustas ou corrompidas por interesses partidários de qualquer ideologia.
A política é uma atitude humana desde que a humanidade se organiza em sociedades cultas, seja qual for a expressão dessa cultura. Tudo quanto fazemos é político. Mas, por vezes, o espírito clubista ou partidário, faz esquecer que ser político assumido é ter a missão de contribuir para a manutenção de um Estado justo e équo.
Considero os homens que dedicaram a sua vida à política e assumiram o poder para governar em momentos difíceis como o que agora vivemos, homens de coragem, se o fazem para esquecer os interesses e vaidade próprios e darem o seu melhor à «coisa» pública. Serão vigaristas e ladrões de baixo nível, se o fazem em prol da vaidade e da detenção do poder.
Gostaria de poder acreditar na nobreza de quem escolhe a difícil carreira de político, mas os políticos dos últimos anos, na sua generalidade, rebaixaram muito essa nobreza que é necessário recuperar e restabelecer em nome da República e da Democracia em que desejamos ser livres pensadores e dignos homens reconhecidos.
Fernanda Angius

1 comentário:

Unknown disse...

Fui eu que percebi mal, ou os nossos objectivos não são bem os mesmos que os do AC?

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