domingo, julho 08, 2007

4 - 12 - 15


Caro Paulo,

Em primeiro lugar, parabéns pelo quarto aniversário do Bloguítica. É, hoje, mais que uma referência da blogosfera. Parabéns.

Depois, respondendo à tua pequena «provocação» respondo com simplicidade, apresentando-te dois números: 12 e 15.

12 são o número de candidatos à presidência da CML. Bons e maus, mais bem preparados ou autênticos pára-quedistas, a verdade é que 12 concorrentes dividirão entre si o bolo eleitoral de 15 de Julho, dificultando, naturalmente, alguma grande concentração de votos.

O outro número é o 15. O dia das eleições. 15 de Julho, como deves de imaginar, é o dia onde muitos lisboetas saem para férias, chegam de férias, ou estão furiosos por não estarem de férias. É, sem dúvida, a pior data eleitoral dos últimos anos, e eu tenho muitas dúvidas que a votação chegue aos 50%. Ora perante este cenário António Costa é dos candidatos mais afectados (não é o único, no entanto), uma vez que o seu eleitorado, mais ao centro, é exactamente aquele que está a entrar ou a sair da cidade para, literalmente, ir a banhos. Isto sem contar com os veraneantes de ocasião, que aproveitam o fim-de-semana para sairem da capital.

Estas são duas explicações muito básicas, espécie de 101 da política autárquica.

Resumo. Muitos candidatos - voto mais distribuído. Eleições marcadas para o meio do período de férias - poucos eleitores - candidato centrista muito afectado.

Posso, se quiseres, adiantar algumas explicações adicionais, que requerem já uma abordagem um pouco mais elaborada (que pode ter a ver com conceitos como voto flutuante, distribuição por método de Hondt, eleitorado fixo, abstenção, etc).

Se queres a minha opinião, acho incrível é como ainda pode ser possível atingir a maioria absoluta, como ainda se fala nisso. Em como aindas falas nisso. Em qualquer cenário competitivo tal situação seria impensável. Ao falares nisso só vens dar razão a quem, como eu pensa só haver um candidato à presidência da CML, sendo todos os outros apenas candidatos a vereador. Ao resumires os temas da campanha à questão da maioria absoluta só vens lembrar que só António Costa pode aspirar ao (bom) governo da câmara, e que, nesse sentido, todo e qualquer voto noutro candidato só enfraquecerá o próximo executivo, que se quer capaz de resolver a inacreditável situação em que se encontra Lisboa.


Sabia-te descrente. Mas não te sabia assim tão descrente... (e, admito, fiquei surpreendido com a tua falta de paciencia para com António Costa, tratando-o como se ele fosse um bandido vulgar, um político sujo e um cidadão-militante partidário de suspeita)

Ah, e isto não é sabonete, é um programa. Um programa para a cidade de Lisboa que, ao contrario do normal, é exequível. Se quiseres, também tens em versão reduzida

Para terminar, permite-me devolver a questão: como podes achar assim tão impossível que António Costa possa ter uma maioria que o permita governar, por 2 anos, a CML? Não consideras que Lisboa necessita de estabilidade política que lhe permita sair do buraco onde está? Ou defendes a ingovernabilidade, a anarquia como estado político? (é uma estranha posição para quem estuda a política, admito). Talvez defendas a política avulso, negociando a metro, com quem melhor convier para cada momento?

Não deve ser a política assumida e sufragada?

Sem coligações pré-eleitorais assumidas, quem quiser dotar a próxima CML de um governo estável e dar a Lisboa uma possibilidade de sair da trágica situação onde se encontra só tem um voto possível: António Costa. Tudo o resto ameaça prolongar esta crise.

[Texto também publicado no Costa do Castelo]

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