terça-feira, dezembro 13, 2005

TERMINARTOR 4




Já estreou numa sala perto de si. A última versão de Arnie que desta vez poupou-nos de lutas incríveis contra máquinas milaborantes que vieram do futuro. As armas escolhidas para o combate épico deixaram de fora as bazucas, as M-60, facas de mato, as bombas e os F-16. Desta vez, o pull the trigger foi um perigoso engenho explosivo incontrolável que criou uma catástrofe. O único electrão que gravitava na cabeça oca de Arnie colidiu com o único protão que por lá existia. Resultado, o homem pensou e deu asneira. Arnie o Implacável, austríaco de 59 anos, pensa nos seus delírios imbecis de um dia escalar à casa branca à imagem de Reagan, e nada melhor que começar a mostrar serviço. A avaliar por Bush, o método compensa.

Não sei porque ainda tinha esperança se ao longo de duas décadas o sujeito já nos vinha a enviar mensagens subliminares com as suas obras-primas, onde a violência e o músculo se substituíam à arte dramática. Conam o Bárbaro, Terminator, The Running Man, só para mencionar os “clássicos”. Em todos eles sempre com a mesma frase ridícula “I’ll be back”. Todos lhe achávamos piada, e agora o gajo voltou mesmo. E que bonito resultado.

O comportamento selvagem e primário deste governador é preocupante. Quem se julga ele? César em pleno Coliseu romano, onde apenas um polegar fazia a diferença entre a vida e a morte?

No caso de Stanley Williams, um perigoso líder de gang, assistimos a um verdadeiro milagre no sistema prisional americano. O homem regenerou-se e a partir de uma cela deu um valiosíssimo contributo para a sociedade civil. Quantas vidas terá salvo, ou melhor, quantas mortes terá evitado ao negociar tréguas de gangs ou a promover palestras e livros para jovens?

Numa sociedade onde o telelixo e substitui aos modelos familiares, fulanos do calibre de Schwarzenegger ou Eminem têm tempo de antena para publicitarem a sua mediocridade, apelando à violência básica e estúpida, encenando a morte através dos seus filmes e músicas. Ao pé destes, Stanley Williams tinha classe. Fora um ganster de verdade, tinha curriculum e talvez por isso mesmo, percebeu o perigo real que a violência constitui. De facto, não era nenhum palhaço como Arnie que só matava na tela, e agora também por decreto.

O meu consolo é que sem saber, com o seu provincianismo pacóvio, Arnie acabou por fazer um mártir. Calculo que os livros de Williams vendam mais do que nunca.
Só me resta apelar aos californianos: Nas próximas eleições, exterminem o Exterminador.

N’Dalo Rocha

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