sexta-feira, agosto 31, 2007

Chamada para a realidade

Chego a casa, ligo a TV. Milan - Sevilla. 20 minutos de jogo. 0 – 1 para o Sevilla.

Jogo disputado, bom ritmo. Nada de muitas faltas ou entradas perigosas. O Milan ataca, mas não cria grande perigo. O Sevilla avança pouco, mas quase marca em contra ataque. Porque o futebol, quando jogado ao mais alto nível, é belo.

Chega o intervalo, deixa ver o que está a dar na SportTV.

A História dos Campeonatos do Mundo de Rugby. Boa! Está a dar um resumo comentado, inserido no programa, do Nova Zelândia – Escócia. Jogo vivo. Bem disputado! Ganha a Nova Zelândia, a Escócia faz nesse jogo o ensaio do campeonato (a bola passou por 1, 2, 3, 4, 5 – perdia a conta – jogadores com passes rápidos até ao objectivo) avançam ambas para os ¼ de final. Nos ¼ de final a Escócia é eliminada pela Inglaterra, a Nova Zelândia passa. A Inglaterra elimina a França nas ½ finais, mas nem festejam. Porque no Rugby, ao mais alto nível, só se olha para a final. A Nova Zelândia é eliminada pela a Austrália, num jogo que, segundo os australianos, tudo lhes saiu bem.
Na final, um jogo de intensidade fenomenal. A poucos segundos do fim, e com o resultado em 17 – 14 para os ingleses, a Austrália tem uma penalidade. O jogador australiano bate. Bola entre os postes, jogo para prolongamento. Ao voltar para junto das equipa, recebe uma palmada no rabo: “Well done, mate!”. Era um inglês. Porque no desporto, ao mais alto nível, há respeito! Com o prolongamento a chegar ao fim, a Inglaterra ataca. Bola no chão. Os jogadores ingleses protegem a bola. Os australianos percebem o que se prepara. Já tinha sido assim contra a França. Gritam uns para os outros “Atenção! Saiam! Depressa!”. Os ingleses esperam. Colocam-se. Esperam. Colocam-se. Esperam. E, de repente, tudo se passa depressa, mas em câmara lenta. Um inglês baixa-se, pega na bola, e passa para um colega, 10 metros atrás. Os australianos precipitam-se, tentando o impossível. O jogador inglês faz um pontapé de ressalto. Bola entre os postes. 20 – 17 para a Inglaterra. 1 minuto para jogar. Ninguém festeja. Falta um pouco, depois faz-se a festa.

Inglaterra campeã do mundo. Não tinha visto, há quatro anos. Fantástico!

A noite desportiva está a correr bem. De volta ao canal 1.

Jogo já reatado. Pilro com a bola junto à linha lateral. Toque de calcanhar por entre as pernas do jogador sevilhano, para Gattuso. Este avança até à linha de fundo e faz um cruzamento perfeito. Na área, livre de marcação, Inzaghi cabeceia para o golo, qual Assassino Cerebral. Passado uns minutos, Pirlo faz um passe de 30 metros para dentro da área, descaído para a esquerda. Jankulovski aparece e, de primeira e sem deixar a bola cair no chão, remata cruzado e faz o 2 – 1. Ainda há tempo para Kaká fazer uma das suas arrancadas e sofrer uma grande penalidade, que o próprio converte na recarga. Ao festejar, homenageia Puerta. Seedorf, logo a seguir, ao ser substituído, faz o mesmo. Porque no desporto ao mais alto nível, o respeito funde-se com a memória.

O jogo acaba. Milan vence.

Embalado por uma noite em que o desporto estava bonito, voltei a mudar, esperançado, para a SportTV. Estava a dar o LeixõesVitória de Guimarães.

Fui jantar.

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