sábado, janeiro 12, 2008

Segunda série - Hibernação, Renovação, Eleição.


Política, Debate e Responsabilidade.

Quem se apresenta a eleições, como actor político envolvido, tem certas responsabilidades. Ou pelo menos deve tê-las.
Deve procurar defender o seu projecto, seja ele qual for (a liberdade de expressão e de associação assim o consagra); e deve fazê-lo da forma como o entenda. A liberdade é, e deve ser, total.
Isso quer dizer que o insulto é possível; que a injuria é possível; que a mentira é possível; que todas as tácticas e técnicas de debate são possíveis. Em teoria, tudo é possível no debate político, pois a Liberdade deve ser, sempre total. Isto porque qualquer corte à Liberdade é desculpa para que se corte mais; além de apresentar graves problemas na definição de um conceito de corte – mas isso é outra conversa.
Então, se a liberdade é total e se tudo, em teoria, o que impede que os debates políticos se tornem em autênticos combates negativos, troca de vitupérios, ultrajes ou acusações não provadas? Em teoria nada. Encontramos mesmo muitos debates e campanhas dirigidas sob esses auspícios.
Na prática é a ética, a noção da responsabilidade e a percepção, política, dos resultados da táctica de debate que impõe os limites; sempre definidos caso a caso, ou seja, por cada um de nós.
Quando, em textos anteriores, me desassocio de qualquer tipo de campanha negativa estou a definir limites. Quando afirmo que quero debater com critérios estou a definir limites. Quando me afasto das avaliações personalistas e quezilentas estou a definir limites.
Tal processo é definido pela noção de responsabilidade que tenho, ao aceitar participar em projectos políticos. Responsabilidade de procurar «elevar» o debate; sem más intenções ou quaisquer elitismos. Responsabilidade de construir projectos políticos de consistência; com honestidade, escrutínio e critério.
Mas, reconheça-se, o debate político está demasiado inquinado por tudo o que é de pessoal, e pouco importa o que é de político. Os últimos anos, em muitas ocasiões, tem sido de um tremendo desgaste para a Política. O que já foi uma arte nobre, é hoje uma arte pobre; que recruta a incompetência, o mau carácter, o boateiro. E não me refiro, como é óbvio, ao estado do PS ou da Concelhia de Lisboa. Refiro-me ao estado geral da política, demasiado associada a maus exemplos.
A Política pode, ainda, ser uma actividade transformadora, operativa e construtiva. Podem-se elaborar bons projectos; podem-se continuar outros. Mas deve-se, esse é o ponto essencial, não perder de vista que tratamos do bem colectivo; de que a Política deve de ser feita para os outros, e não para o próprio; que a transformação é possível desde que as devidas condições sejam reunidas: um bom líder, experiente; uma boa equipa, jovem, dinâmica e qualificada; e um bom programa, progressista, de impacto social, de responsabilidade.
É para poder ter a oportunidade de participar neste processo construtivo que me associo à candidatura do Miguel Coelho. É para poder, humildemente, fazer parte de uma equipa de futuro que contribuo para a candidatura do Miguel Coelho. É para poder desenvolver um programa ambicioso e responsável, sabendo aproveitar a boa experiência do passado, e o que de bom soube produzir, que participo nesta candidatura.
É por defender estes princípios que me insurjo contra quem não os cumpre; e apelo ao sentido de responsabilidade para que o debate entre os actores políticos envolvidos –apoiantes de todas as candidaturas – seja limpo, honesto e criterioso.
Saibamos todos honrar o privilégio de «trabalhar política».
Saibamos, mostrar à sociedade civil, que nos observa, que o Partido Socialista está vivo, está dinâmico e crítico.
Saibamos mostrar que o PS em Lisboa tem capital humano de grande valor; gente de elevadas qualificações; políticos de experiência e de discurso.
Saibamos demonstrar que o PS é, hoje, e desde algum tempo, um Partido de Futuro; que sabe pensar o país, a cidade de Lisboa, sem «verdades absolutas», «dogmas» ou «maniqueísmos».
O PS Lisboa é, hoje como no passado, um espaço de pluralidade, onde a política tem rosto e se assume.

(sobre a primeira série - ou sobre o «debate» com o Carlos Castro)
Temo que o debate com o Carlos tenha terminado, por escolha dele, que aceito. Temo que não tenha analisado os meus textos com atenção, pelas respostas e acusações que me proferiu. Razão tinha um amigo meu, que me dizia que ia gastar latim, que não ia conseguir debater nada, e que ainda me arriscaria a chatear com o Carlos.
Como não o quero fazer, já escrevo este texto em versão solo, sem esperar resposta ou réplica. Irei ainda, no futuro, prosseguir a análise, teórica, dos temas que tenho aqui levantado e posto a debate: o tema da «renovação», da «garantia política», do «escrutínio» e dos «critérios». Mais tarde, em campanha, chegará a altura de se analisar os programas e as equipas.
O contributo político não deve depender da postura dos adversários do momento; deve depender de critérios próprios. O adversário pode querer respeitá-los, pode ter tácticas sabotadoras ou de qualidade duvidosa; em última análise está no seu direito. Não pode é ser desculpa para que os nossos critérios sejam abandonados.
E estes são os meus. Honestidade – Transparência – Rigor.

(a continuar)

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