quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Reflexão continua


A conversa com o Ricardo Revez ainda dura.
Na sua última reflexão afirma:

Concluindo: se fosse necessário iniciar uma revolução política em nome da Liberdade, ou, num caso extremo, em nome da Igualdade, qual seria a importância do cidadão comum no desenrolar dos eventos? Concerteza que teria alguma. Porém, comparada com a que tinha no tempo em que Delacroix pintou a A Liberdade Guiando o Povo, seria um papel secundário - quando faço esta afirmação refiro-me à parte violenta das revoluções, à luta armada, à resistência nas ruas, que estas quase sempre implicam. No final do século XVIII e durante o século XIX, o povo em armas derrotava guardas de elite. Hoje em dia, se o exército regular não estiver do seu lado, o povo nada pode fazer.É apenas isto.

Pergunto-me se o conceito de «Povo» que utilizes não será um pouco idílico, pouco «real». Pergunto-me também se o «Povo» de Paris antes e se barricar - nas diversas vezes que se barricou sabia que iria se barricar; ou seja, questiono-me acerca do carácter espontâneo da possibilidade transformista impulsionadora de uma atitude revolucionária. Isso é, até que ponto o «Povo» é actor, participante ou impulsionador.
Nos dias de hoje, concordo que ficaria muito surpreendido se os lisboetas, por exemplo, cercassem a Praça do Município e exigissem a demissão do Presidente da CML. Parece que o poder de decisão por tal resolução está restrito aos principais agentes políticos (e jurídicos) que, de forma táctica e estratégica, decidem entre si do bom timing de tal decisão. A população, o Povo, é afastada desta decisão. Será posteriormente chamada a pronunciar-se em eleições. Agora, deverá ser só esta a participação destinada ao «Povo»? que outras formas de participação mais directa e reactiva podemos conceber? Orçamentos participativos? Assembleias de Freguesia e Municipais (sempre às moscas)? É verdade que são os partidos que intermedeiam a participação política (e organizam as listas onde se elegem os representantes às mesmas assembleias, mas também é verdade que não são só os partidos que têm esse beneplácito. Grupos de Cidadãos Independentes podem se organizar e concorrer a eleições municipais. Porque não o fazem de forma mais regular?
(a continuar)

Sem comentários:

Pesquisar neste blogue