quarta-feira, janeiro 26, 2011

Curtas sobre as Presidenciais

1) Como é possível que o candidato que disse "que só não seria Presidente se lhe dessem um tiro na cabeça", tenha tantos, na opinião publicada, a dizer que fez a melhor campanha de todos os candidatos? De qualquer forma, a moda dos candidatos independentes parece ter pegado e acredito, como alguns, que teremos novo candidato extra-partidário, talvez o mesmo, em 2016.

2) Os dois discursos de vitória de Cavaco Silva são a prova que o terceiro-mundismo está a bater-nos à porta. Ele ganhou, logo todos os portugueses sabem que as "calúnias" sobre BPN, vivenda da Coelha e afins, são todas inventadas. Aliás, vai andar atrás dos jornalistas para que lhe revelem as fontes dessas notícias. Não sabia que tínhamos eleito um misto de Isaltino Morais, Fátima Felgueiras e Alberto João Jardim como Presidente da República.

3) Parece que se tornou moda dizer que o "fracasso" da campanha de Alegre demonstrou que o PS e o BE não conseguem funcionar em conjunto. Isso é cómico, se tivermos em atenção que a máquina do PS esteve completamente ausente da campanha do Alegre. Ou alguém no seu perfeito juízo acha que o PS não consegue encher o Coliseu dos Recreios no penúltimo dia de campanha, se quisesse? Onde é que andavam os autocarros das últimas legislativas? O que aconteceu foi simples: o PS socrático tramou a ala esquerda, dando-lhes nenhum apoio, para que depois pudessem ser enterrados no “day after”. Dito e feito.

4) Independentemente na ausência da máquina partidária, tornou-se óbvio que muitos socialistas não perdoaram a Alegre a desfaçatez de ir contra o candidato do partido em 2006. Que fique de memoria para “futuros Alegres”.

5) José Manuel Coelho, assim como a subida avassaladora de votos brancos e nulos, que, respectivamente, quadruplicaram e duplicaram face à 2006, representam um potencial de descontentamento que existe à margem do sistema politico, e que apenas ainda não se materializa com mais força devido à não existência de candidaturas independentes à Assembleia da República. Mas eles existem e “andam por aí”.

6) Defensor Moura foi a "lebre" de Alegre. Cumpriu a sua missão. É pena que não tenham decidido levantar também o célebre caso das escutas. Acho que foi um erro não o ter incluído na campanha. E ao contrário de muitos, acho que as perguntas sobre o carácter dos candidatos vieram para ficar na política portuguesa. É um sinal de modernidade política, como as campanhas americanas atestam. E em parte foram bem sucedidas. Afinal, Cavaco Silva foi reeleito com a mais baixa votação em presidenciais de sempre.



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