quinta-feira, setembro 24, 2009

SER SOCIALISTA É COLOCAR O INTERESSE COLECTIVO À FRENTE DOS INTERESSES PARTICULARES

Que futuro?




(post publicado por mim no Loja de Ideias no dia 13 de Maio 2008; republico-o, hoje, revisto, por me parecer importante reflectir olhando os ensinamentos dos Grandes Mestres)

O meu Mestre Vitorino Magalhães Godinho (aos Mestres basta-lhes o nome e o apelido, maiores que os títulos académicos ou outros) foi entrevistado pela Antena 2 no decurso de uma série de entrevistas decorridas em Maio de 2008.

Sempre defensor de um ideário democrático e socialista, Vitorino Magalhães Godinho tem uma visão profunda da Realidade Portuguesa. Considera-se socialista por "colocar o interesse colectivo à frente dos interesses particulares", o que sempre fez.

Aqui deixo - soltas - algumas ideias equacionadas pelo Mestre. Corro o perigo de as desvirtuar, pois quem conta um conto acrescenta um ponto, mais não seja por ser aprendiza do Mestre, por ter o meu próprio ponto de vista e por utilizar a minha linguagem e as minhas leituras do mundo.


1. é fundamental ter uma perspectiva diacrónica para entender a actualidade;

2. a era do capitalismo, tal como foi definida por Marx, já não existe; porque acabou o valor "trabalho" e porque acabaram as "empresas";

3. as empresas estão a ser substituídas por poderosas redes detentoras de uma fatia de recursos que abarca praticamente a totalidade do bolo disponível no planeta;

4. a estratificação social em pirâmide - até aqui uma realidade, mesmo que concretizada em pirâmides de diversas formas, mais achatadas ou mais afiladas - está a ser substituída por uma estratificação em dois únicos estratos sociais: um minoritário (mais minoritário do que alguma vez fora?) constituído pelas poderosas redes acima designadas, outro, amplamente maioritário constituído pelas restantes pessoas (todos nós que somos trabalhadores p.c.p ou p.c.o, pequenos empresários, talvez mesmo médios empresários e, também, os desempregados, os intermitentes, os precários, os "sem abrigo", etc ...);

5. a precariedade é um insulto à dignidade humana;

6. a precariedade leva ao desemprego; este faz diminuir o poder de compra;

7. coloca-se, por conseguinte, a questão do escoamento de bens e serviços, até aqui inexistente porque sustentada por uma classe média (como muito bem foi percebido pelo capitalismo do século passado que, por isso, passou a melhor remunerar os trabalhadores; estou a lembrar-me, por exemplo, do fordismo);

8. as redes detentoras do grande bolo planetário constituído por todos os recursos estão interligadas e determinam a vida económica de tal modo que, se um senhor do mundo financeiro fizer uma afirmação, as consequências são imprevisíveis e de grande magnitude (sim, magnitude como os terramotos);

9. o ponto anterior aponta para a possibilidade da aplicação da teoria do caos (Edward Lorenz, MIT) ao campo económico;

10. a estratificação sócio-económica (em curso) em dois blocos dificulta o exercício da democracia.

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